Antecipando a estratégia para os têxteis sustentáveis e circulares que a União Europeia está a delinear, a Agência Europeia do Ambiente publicou um estudo para analisar as medidas que podem reduzir o impacto negativo do ciclo de vida de têxteis e vestuário nas mudanças climáticas, incluindo no que diz respeito à utilização de recursos, emissões de gases com efeito de estufa e poluição por microplásticos.
O estudo, intitulado “Textiles and the environment: the role of design in Europe’s circular economy”, publicado a 10 de fevereiro, avança como os modelos de negócio circulares e o design inteligente podem ser usados para reduzir o impacto ambiental dos têxteis e vestuário. São igualmente propostas medidas para melhorar a durabilidade, a reparabilidade e a reciclagem dos produtos e para assegurar a utilização de matérias-primas secundárias em novos produtos.
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Em 2019, a indústria têxtil e vestuário europeia registou um volume de negócios de 162 mil milhões de euros, empregando mais de 1,5 milhões de pessoas em 160 mil empresas. Como aconteceu em muitos outros sectores, entre 2019 e 2020, a crise de covid levou a uma queda do volume de negócios, sendo a mesma de -9% para os têxteis como um todo e de -17% para o vestuário.
Em 2020, o consumo de têxteis na Europa registou, em média, o quarto maior impacto no ambiente e nas mudanças climáticas de um ponto de vista de ciclo de vida do produto. Foi a área de consumo com o terceiro maior impacto na utilização de água e solo e o quinto maior em termos de uso de matérias-primas e emissões de gases com efeito de estufa.
«Para reduzir o impacto ambiental dos têxteis, é crucial uma mudança para modelos de negócio circulares para poupar matérias-primas, energia, água e a utilização do solo, emissões e resíduos», aponta a Agência Europeia do Ambiente.
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Nesse sentido, refere, o design circular é um componente importante. «Pode assegurar maior qualidade, um tempo de vida mais prolongado, melhor utilização dos materiais e melhores opções para reutilização e reciclagem», indica a Agência Europeia do Ambiente, sublinhando que «embora seja importante permitir a reciclagem e a reutilização dos materiais, estratégias para estender a vida útil, como o design para a durabilidade, a facilidade de reutilização, reparação e reprodução, deve ser prioritária. Evitar a utilização de químicos perigosos e limitar as emissões tóxicas e a libertação de microplásticos em todas as fases do ciclo de vida do produto devem ser incorporadas no design do produto».
A fase do design tem, desta forma, um papel central em cada um dos caminhos para atingir a circularidade do sector têxtil, afirma a Agência Europeia do Ambiente, seja na longevidade e durabilidade, seja na otimização dos recursos, na recolha e reutilização ou na reciclagem e utilização de materiais.
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