Diário de Paris: o quarto dia da temporada de verão 2016 da PFW

[Romildo de Paula Leite]

Confira a maratona fashionista da diretora de redação Daniela Falcão e da diretora de moda Barbara Migliori

Asexta-feira (02.10) começou cedo na semana de moda de Paris com o desfile da Loewe. Hoje ainda temos Dior, Isabel Marant eBalenciaga. Importante tomar um café da manhã reforçado, como esta delícia do hotel Plaza Athenée, QG da Vogue Brasil nesta temporada.

Primeira parada: a sede da Unesco em Paris, locação para o desfile daLoewe. Na fila A do show encontramos Helena Bordon, lindíssima de vermelho! A espanhola francesa é o exemplo da grife que está criando uma identidade a partir do zero (conhecida por suas bolsas luxuosas, faz parte do grupo LVMH e só começou a atrair editores de peso pra seus desfiles depois da chegada de Jonathan Anderson há quatro temporadas).

Sem fazer releituras literais, ele mescla ideias novas e instigantes e o resultado é elegantemente revolucionário. Neste verão, transparência plástica, alfaiataria futurista, brilhos e franjas metalizadas disco e um toque japonista formaram o caldeirão esperto da Loewe.

Seguimos para o showroon de Christina Zeller, nome à frente da Delvaux. Desde sua chegada da Suíça há quatro anos, ela tem conseguido criar um nome entre a fashionista refinada que está cansada de ter a it-bag que todo mundo tem. Especializada em couros luxuosos e exóticos, a marca belga duplicou seu espaço na Barneys recentemente, além de inaugurar uma loja própria em Paris no Palais Royal. Famosa pelos tons pastel, a novidade deste verão são os modelos laranja.

Do showroom da Delvaux para o do Pierre Hardy, que neste verão criou a sandália Carioca, inspirada no shape das calçadas de Copacabana e Ipanema. As cores representam o Rio e a alegria tipicamente brasileiras na visão do designer.

Mais uma vez fomos para a École de Beaux Arts, agora para ver de perto o desfile de Hussein Chalayan. O utilitário - leia-se bolsos espalhados pela roupa, botões, cintura marcada por elástico - ganha ar sofisticado nas mãos do estilista, que propõe um resort cool e arrisca até com estampas delicadas com ar rupestre, inclusive em tecidos plissados (tendência forte). Mas adoramos a série de lisos tingidos de laranja-tijolo, preto e verde-militar, até mesmo quando aparecem com tempero mais festivo.

No próximo desfile, de Issey Miyake, os surpreendentes plissados que fizeram a fama do estilista seguem se renovando e ganhando versões cada vez mais tecnológicas. Desta vez, a passarela foi inundada por uma cartela multicolorida com pitadas étnicas aqui e ali, a exemplo das franjas feitas de um material que lembrava ráfia e que decoravam de maxibolsas a peças componíveis. Lindo!

Ah! Pausa necessária para o almoço com os amigos, claro!

Corremos então para a mega estrutura que a Dior montou em frente ao Museu do Louvre para o seu sempre aguardado desfile. A primeira fila estava estreladíssima, com convidadas como Rihanna, Daria Strokous e as brasileiras Camila Pitanga, Marisa Berenson, Maria Frering, Helena Bordon, Ana Khouri e Paola de Orleans de Bragança.

Para a apresentação da grife, o contraste entre o jardim de lavandas e os guindastes industriais da decoração já insinuava que seria um desfile pautado por uma "suavidade impactante", como descreveu Raf Simons. E assim foi, com um sem fim de sobreposições de telas semistransparentes sobre estruturas íntimas (mais uma vez elas), por vezes cobertas com casacos de cetim duchese ou tricôs encurtados com barra propositalmente irregular. As flores vazadas jamais eram exageradamente românticas, enquanto as estruturas mais pesadas primavam justamente pela leveza.

Tudo pronto para o desfile de Isabel Marant, que ampliou seu público mudando o cenário para os jardins do Palais Royal. A estilista reinventou seu boho cool parisiense mesclando com habilidade o futurismo 60s com a silhueta baggy dos anos 80. A mélange funcionou e gera desejo por conta das amarrações na cintura e nos tornozelos, definindo a silhueta e deixando túnicas e tops beduínos com cara de Faubourg-Saint-Honoré.

Visitamos então o showroom da Alice Temperley, que desfilou uma das melhores coleções da semana de moda londrina, inspirada em Cuba e lindamente executada com bordados de linha que davam vida a composições florais. A base são os vestidos mídi e os conjuntos de microsshorts com tops curtinhos, mas os modelos noturnos não ficam para trás, a exemplo do levíssimo macacão nude bordado com cristais que conserva o ar latino graças às calças encurtadas e o laço na cintura.

Corremos para o desfile da Balenciaga, estonteante locação no Hôpital Laennec. Afinal, não dá para perder a despedida de Alexander Wang da direção criativa da grife! Sua musa Anna Ewers foi quem abriu o show, que teve até Zoe Kravitz na passarela.

O cenário total black da coleção de inverno 2015 da grife deu lugar a uma suave termas com chão e arquibancada de carpete salmão, palco do desfile todo em tons de branco e creme que marcaram a despedida de Wang. Um toque esporte que remetia às Olimpíadas em seus primórdios, de acento grego, mesclou-se a rendas e à silhueta street típica do designer. Pochetes reinaram no quesito acessórios. Foi uma coleção concisa, clean, suave. Como foi a passagem dele pela grife. Dizem que o novo designer será anunciado semana que vem. Os nomes mais cotados são Phoebe Philo e a jovem dupla da Vêtements. Será?

Última parada! Fomos prestigiar a festa da Glamour Brasil no elegante Hotel Le Fouquet's. Por lá encontramos muitas modelos, blogueiras e amigas, como a diretora de moda da revista Adriana Bechara, Isis Bataglia, Alessandra Ambrósio, Camila Pitanga, Lala Rudge e Thássia Naves. Tin-tin!

Nosso boa noite foi com Karl Lagerfeld e a Chanel, sempre mais especial. Grife e estilista transformaram nossos quartos em um jardim. Muito lindo! Agora vamos dormir, que amanhã tem muito mais...

http://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2015/10/diario-de-par...