Assim como o surgimento exato da moda, não se sabe ao certo a origem do Dia Internacional da Moda, mas o fato é que a data é celebrada no dia 21 de agosto – dois dias após o aniversário de Coco Chanel.
E, para celebrar a data, o professor de história da moda João Braga analisa essa linha com alguns dos estilistas que revolucionaram este cenário ao longo dos anos. Acompanhe o infográfico montado de acordo com a década de nascimento de cada designer e, ao final, crie um look com suas grifes favoritas.
Ao final do século 19, dois artistas dariam nome a duas das casa mais luxuosas da moda no mundo: Coco Chanel e Christobal Balenciaga. A importância de Chanel está, segundo João Braga, relacionada às transformações no vestuário feminino: “Ela se inspirou nas roupas masculinas para trazer a praticidade para a roupa feminina”. Por isso, inclusive, a criação da bolsa tiracolo, em 1955, que deixariam livre as mãos das mulheres.
No começo dos anos 20, nasceram alguns dos nomes mais importantes na área até hoje. Para o professor, o New Look Dior, de Christian Dior, é um dos símbolos mais representativos da moda: “Era o luxo mor depois de grandes crises. Eu o considero tremendamente importante como mudança de pensamento, de época e uma consequente nova visualidade.”
Ele destaca que existe uma grande diferença entre falar sobre a história da moda no Brasil e a história da moda brasileira: “Na primeira, eu posso estar usando Dior, Chanel ou Armani e estou na moda aqui no Brasil. Agora, a segunda é uma moda de identidade, que tem referências das nossas realidades, é o Brasil olhando para o próprio umbigo. Daí a importância de Zuzu e a moda autoral!”
Ao contrário do que muitos acreditam, a minissaia não é uma criação da inglesa Mary Quant, mas de André Courrèges, que nasceu na década de 30: “Ele inventou a silhueta curta em 1961. Ela veio depois, levou a fama, mas ela mesma fala que não inventou a peça, a difundiu”, esclarece o professor.
Dener fez sucesso no Brasil na mesma época de Zuzu Angel, pioneiros na arte de olhar para o Brasil como fonte de inspiração para suas coleções!
É nesta época que nasceu outro nome importante e, como a própria Coco Chanel dizia, era seu herdeiro, Yves Saint Laurent: “E ela falava isso com propriedade! Não que Saint Laurent tenha a identidade visual de Chanel, mas ele se inspirou no smoking, que é tipicamente masculino, para trazer para o feminino.”
Calvin Klein é, até hoje, a grife por trás das campanhas mais ousadas de peças íntimas, mas sua história não se resume a elas. Mais do que uma única peça icônica, o professor credita ao estilista americano o começo de uma moda minimalista e mais comercial – que hoje ficou conhecido como quiet luxury.
Com uma moda arquitetônica e provocadora, Rei Kawakubo, assim como Yohji Yamamoto e Issey Miyake “deram excelentes contribuições”, como pontua Braga, mas dá os créditos a Kenzo Takada por abrir o caminho dos estilistas japoneses no circuito internacional.
Já Vivienne Westwood é considerada até hoje a mãe dos punks: “Ela se inspirava na rua e intelectualizava esse comportamento dos jovens de Londres, em especial no período da crise do petróleo, nos anos 70, ela colocou isso na passarela”, detalha o professor.
Esta década foi marcada pelo nascimento de muitos artistas por trás de uma moda excêntrica, como Martin Margiela, Franco Moschino, Ann Demeulemeester e Dries Van Noten. Jean Paul Gaultier também integra essa leva de designers e, não à toa, carregou o apelido da infância de "l’enfant terrible de la mode" (ou "criança rebelde da moda" em francês) durante toda a sua trajetória. Ele é um dos responsáveis por romper padrões estéticos na moda, além de trazer mais diversidade de corpos e de gênero para suas coleções. Impossível não mencionar, também, a criação do sutiã cônico feito para Madonna!
É nesta época que começa o boom das grandes lojas de fast fashion e, com ela, a necessidade do mercado de luxo em acompanhar esse ritmo de demanda. Também é neste período que novos estilistas entram em cena com uma versatilidade notável em suas coleções e, consequentemente, conquistam o posto de diretor criativo em importantes grifes. A exemplo disso, temos Tom Ford na Gucci e YSL e Alexander McQueen na Givenchy. De acordo com Braga, o americano é quem trouxe sensualidade à alfaiataria, enquanto o britânico levava o drama às passarelas com suas criações excêntricas.
Após o Festival de Woodstock, em 1969, a década seria marcada por estilo hippie (ou boho, como passaria a ser chamado também). Contrastando com uma moda marcada por roupas coloridas, tie-dye e calças boca de sino, Armani revolucionou o guarda-roupa dos yuppies de Wall Street, ou seja, os jovens executivos e com alto poder aquisitivo. E foi nessa época que nasceu Jeremy Scott, que se tornaria o sucessor de Franco Moschino na grife italiana por 10 anos e com uma trajetória marcada por dezenas de trabalhos marcantes: “Ele dá continuidade à identidade do fundador da marca, Franco, e foi muito inovador com sua irreverência e bom humor!”
Novos rostos tornariam dessa década mudariam os rumos da moda, deixando-a mais comercial e aumentando o desejo por estas grifes: à frente da Balmain, Olivier Rousteing trouxe ainda mais glamour e a tornou queridinha das celebridades. Virgil Abloh imprimiu críticas de maneira irônica em suas peças e fez um sucesso bombástico no streetstyle. Ao lado de Patrick Doering, Thomaz Azulay mudou a cara da moda praia nacional dos últimos anos e a deixou mais ousada!
Após os anos 90, outros nomes começaram a entrar em cena e João Braga acredita que muito se deve ao trabalho do São Paulo Fashion e da Casa de Criadores que, a cada temporada, trazem novos artistas para o conhecimento do público:
“Eles supervalorizam uma identidade nacional, como temos com Airon Martin, a Isaac Silva, entre inúmeros outros! Mas essa história de valorização da moda autoral vem muito com o Alexandre Herchcovitch, a partir dos anos de 1990. Ele traz uma moda de experimentação, que vende menos do que aquela moda comercial, sem dúvidas, mas em compensação são esses os responsáveis por grandes mudanças que, futuramente, serão a identidade assimilada pelo grande público.”
https://gshow.globo.com/moda-e-beleza/noticia/dia-internacional-da-...
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