Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Dilma e Barack: Impasse no Pacto do Algodão + Brasil Consolida Exportação Recorde de Algodão

DilmaPor Alex Ribeiro e Assis Moreira

O ajuste do algodão entre Brasil e Estados Unidos ameaça chegar a um impasse. O Congresso americano caminha para prorrogar ou ampliar os subsídios aos agricultores do país, o que poderá levar o Brasil a reabrir o processo de retaliação contra produtos dos EUA. Na semana passada, o embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, reuniu-se em Washington com técnicos do Senado e da Câmara dos EUA para reiterar a posição de que as propostas em exame pelos parlamentares americanos aumentam, ao invés de diminuir, o grau de distorção dos programas de subsídios americanos para a commodity.

Os EUA têm um programa de pagamento direto de US$ 600 milhões anuais aos seus cotonicultores. Em tese, um produtor de algodão pode ficar em casa vendo televisão, mesmo sem produzir, que no fim do mês recebe seu cheque de milhares de dólares vindo dos cofres públicos. Agora, o Congresso quer acabar com esse pagamento direto e partir para um programa de US$ 450 milhões destinado a garantir a renda do produtor. Ocorre que esse seguro de renda embute um incentivo para a expansão da produção, o que distorce mais o comércio internacional. O produtor passaria a receber ajuda do governo conforme o volume de produção e a receita esperada.

Pelos cálculos do Brasil, cada dólar de Washington ao provável novo programa causaria distorção quatro vezes maior do que os pagamentos diretos atuais. Assim, enquanto o governo americano argumenta que reduzirá os gastos de US$ 600 milhões para US$ 450 milhões, para o Brasil o novo programa, se aprovado no Congresso, multiplicaria para até US$ 1,8 bilhão os dispêndios, dependendo das condições do mercado.

O acordo do algodão, fechado em 2010, colocou fim a uma disputa de cerca de uma década na OMC em torno dos subsídios dos EUA, que foram declarados ilegais. Os EUA, que têm um histórico problemático em cumprir decisões da OMC, cederam apenas depois de o organismo dar sinal verde para o Brasil impor retaliações aos produtos americanos.

Em 2010, os EUA concordaram em dar compensações temporárias ao Brasil, como pagamentos anuais ao Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), até que o sistema de subsídios fosse corrigido definitivamente em sua lei agrícola – a “Farm Bill”, que deveria ser discutida este ano.

Mais do que uma disputa comercial, o acordo do algodão é um marco nas relações recentes entre Brasil e EUA. Foi fechado mesmo em uma época em que os americanos estavam irritados com as tentativas brasileiras de negociar com o Irã, já que defendiam retaliações para interromper um programa nuclear iraniano supostamente em desacordo com as regras internacionais.

Quase dois anos depois, o acordo foi implementado apenas parcialmente pelos americanos. Uma das promessas era que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) derrubaria barreiras sanitárias à importação de carne bovina de 13 Estados brasileiros. Nesse sentido, Washington já prometeu diversas vezes colocar uma norma sob consulta pública, mas até agora isso não foi feito.

Por outro lado, os EUA vêm cumprindo o compromisso de aumentar o prêmio do seguro de crédito a exportação sempre que a demanda aumenta e os montantes solicitados acionam um gatilho. No entanto, Azevedo nota que o ajuste periódico do prêmio, ao final do atual acordo bilateral do algodão, não será suficiente para levá-lo ao patamar que o Brasil considera necessário para Washington cumprir as determinações da OMC e eliminar subsídios proibidos no crédito a exportação.

Se os americanos piorarem os subsídios, o Brasil poderá reativar as retaliações contra centenas de produtos, sob a forma de sobretaxa quando entrarem no mercado brasileiro. Os EUA podem, em tese, alegar na OMC que cumpriram as exigências ou pedir para pagar uma compensação menor ao Brasil. Também podem sustentar que os preços de mercado são mais favoráveis, o que levou à redução dos subsídios. Nesse caso, restará aos americanos pedir a OMC a abertura de um “painel de implementação” para os juízes confirmarem se Washington pôs fim aos subsídios condenados.

O desfecho mais provável, avalia uma fonte de Washington, é o Congresso empurrar o tema com a barriga, prorrogando a atual “Farm Bill” até 2013. Mas o governo americano negociou compensações temporárias com o Brasil apenas até 2012, e se a solução for adiada o Brasil poderá, eventualmente, ter o direito de pedir compensações adicionais.No lado político, há uma clara preocupação no Itamaraty de evitar que o caso ganhe força durante a visita de Dilma a Obama, no dia 9 de abril na Casa Branca.

Fonte:|http://www.revistaplantar.com.br/dilma-e-barack-impasse-no-pacto-do...

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Brasil consolida exportação recorde de algodão

Diante do consumo menor da indústria têxtil nacional, os produtores e tradings de algodão do Brasil vêm buscando abocanhar fatias maiores do comércio mundial e, nesta safra 2011/12, devem superar até a tradicional Austrália no ranking dos maiores exportadores globais da pluma. Será mais um ano de embarques recordes que, segundo a consultoria Safras & Mercado, devem atingir de 900 mil a 950 mil toneladas, o dobro das 450 mil registradas no ciclo anterior.

De maio de 2011 até fevereiro passado, já foram exportadas 823 mil toneladas, diz Élcio Bento, especialista da Safras. Se o número de 900 mil toneladas for confirmado, o país saltará da posição de quarto maior exportador mundial para terceiro, desbancando a Austrália, um dos players mais tradicionais neste mercado.

Os americanos são, de longe, os maiores exportadores de algodão do mundo, com 2,4 milhões de toneladas previstas para a safra 2011/12, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Índia vem em segundo, com 1,7 milhão de toneladas e a Austrália em terceiro, com 871 mil toneladas. "O USDA previu embarque de 849 mil toneladas a partir do Brasil. Mas dois meses antes de terminar a safra já exportamos 823 mil toneladas. Há fortes indícios de que vamos superar a Austrália", avalia Bento.

O grande desafio agora é superar esse desempenho na próxima safra, cuja colheita começa em maio. O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marcelo Escorel, diz que o país terá que bater outro recorde para "enxugar" o mercado interno, que receberá neste ano a maior produção da história da matéria-prima. No entanto, as vendas antecipadas ainda estão aquém do registrado em anos anteriores.

A previsão da Safras é de que a colheita de 2012 atinja 2,085 milhões de toneladas, ante as 1,890 milhão do ciclo atual, em finalização. "Houve um desaquecimento importante do consumo de algodão pelas indústrias nacionais. Para 2012, vemos uma repetição de 2011 ou, no máximo, uma leve recuperação", diz Escorel.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o consumo de algodão pelo segmento em 2011 foi de 910 mil toneladas, 10% menor que as 1,015 milhão de toneladas de 2010. Para 2012, a entidade espera que esse consumo alcance 950 mil toneladas.

Assim, para não pressionar as cotações internas da pluma, o país terá que fazer um esforço para exportar pelo menos 1 milhão de toneladas em um ambiente internacional menos receptivo, diz Bento, da Safras. "Em 2011, a China recuperou seus estoques e agora já saiu do mercado", diz o especialista. Além disso, completa ele, a previsão é de um volume alto nos armazéns mundiais. Citando o USDA, Bento afirma que a previsão é que os estoques representem no ciclo mundial 2012/13, que começa em agosto, 58% do consumo, proporção que era de 38% há dois anos.

No caso do Brasil, o desafio de venda dessa safra recorde aumenta porque, neste momento, a um pouco mais de um mês de início da colheita, o nível de venda antecipada está bem abaixo do registrado em anos anteriores.

Segundo dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) foram negociados até agora 701 mil toneladas da pluma, o equivalente a 33% da colheita prevista. "Normalmente, nesta época do ano, esse percentual está entre 60% e 80% da produção esperada", diz o presidente da Anea.

O desaquecimento, afirma Escorel, tem relação com a alta volatilidade das cotações no ano passado, que elevou os riscos dos agentes desse mercado. "Há também retração do consumo. Assim como o interno, o mercado externo também substituiu o algodão por outras fibras", completa.

Fonte:|http://www.valor.com.br/empresas/2588464/brasil-consolida-exportaca...

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Seria bom dificultar as importações de fibras sintéticas e articiais para salvar o produtor brasileiro. Abit tem que se posicionar. Bom para o xará do ministro!

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