Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Territorio indiano! A Dior foi a Mumbai para desfilar a coleção outono 2023, destacando a sofisticação de bordados e outras técnicas artesanais, e dar foco à escola que forma mestras-artesãs.

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Fila final do desfile tendo ao fundo o toran gigante executado pelas alunas da Chanakya School of Craft (Fotos: Divulgação)

O que motiva uma grife a mudar de continente para fazer um desfile? Para a Dior, que montou uma estrutura complexa em Mumbai, na Índia,..., foi o desejo de jogar luz sobre uma etapa importante do seu savoir-faire, o bordado. E mais: a ênfase na Chanakya School of Craft, onde dezenas de mulheres aprendem várias técnicas necessárias para se tornarem mestras-artesãs – no país, bordar é uma tarefa essencialmente masculina. Esse público faz toda a diferença para a Dior, que tem se dedicado à construção de um diálogo consistente sobre empoderamento feminino desde que a estilista Maria Grazia Chiuri assumiu a direção criativa. Ela, aliás, apoia a iniciativa desde a fundação da escola em 2017.

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Bordado e tecido de sari em looks da coleção (Fotos: Divulgação)

“Somos sempre inspirados pela maneira como a maison continua investindo em artesanato, alta-costura, cultura e empoderamento”, comenta Karishma Swali, diretora do ateliê e da escola, acrescentando que o encontro de mentes ajuda a elevar padrões. “E praticar o ofício com um ouvido no passado e um olho no futuro”, acrescenta ela sobre a relação criativa indo-francesa. Além do bordado, foram utilizadas tecelagem, fiação e estamparia manuais na coleção. Também foram empregadas variações contemporâneas de diversas técnicas clássicas. “Os bordados, por exemplo, apresentam releituras multicoloridas distantes dos tradicionais aari (com contas e pedrarias), que geralmente usam cores suaves e contrastantes”, explica.

Há, ainda, o Jardin Indien, um toile de jouy estampado com tigres, pavões e figueiras-da-índia lembrando camuflagem; espelhos e microesferas, ricas bordas douradas e rendas de filigrana. Na coleção, sedas tecidas segundo técnicas milenares em Tamil Nadu – no sul da Índia – realçam túnicas, saias com nós e vestidos drapeados. Calças retas e saias longas foram adornadas com miçangas e paetês, evocando bordados em fio metálico (zardozi). Bordados em forma de renda aparecem em saia e top. Já peças em patchwork, concebidas a partir de um processo de apliques costurados à mão, trazem desenhos geométricos que reinterpretam elementos de paisagens indianas.

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Fortalecendo o intercâmbio com a memória cultural da Dior, Maria Grazia resgatou dos arquivos da marca a primeira conexão com a Índia. Em abril de 1962, o então diretor artístico Marc Bohan realizou desfiles, promovendo um intercâmbio entre Mumbai, Nova Délhi e Paris enquanto rejuvenescia a imagem da marca focando em clientes mais jovens. A sequência de calças, boleros, jaquetas e tops em seda color block em tons de verde, amarelo, rosa e roxo foram uma homenagem ao estilista.

Para o desfile, as artesãs da Chanakya School of Craft criaram uma instalação em grande escala na forma de um toran, tradicional porta ornamental cuja origem data do século 1 e é usada para receber convidados – é comum as mulheres criarem esse tipo de painel para suas casas utilizando técnicas de bordado e patchwork. “É um símbolo importante que representa o poder da comunidade, uma colaboração entre culturas para receber nossos amigos da Dior e de todo o mundo, destacando o poder e o virtuosismo do artesanato indiano”, comemora



Karishma, que mantém uma relação de amizade com Maria Grazia há mais de 30 anos. As duas também compartilham o mesmo gosto pela excelência e a vontade de preservar técnicas artesanais. A primeira colaboração da Dior com a Chanakya School of Craft foi para a coleção alta-costura verão 2020 nos cenários concebidos pela artista feminista Judy Chicago e, desde então, têm sido frequentes. Para a coleção Dior alta-costura inverno 2022/2023, os delicados bordados de Chanakya reinterpretaram a obra da ucraniana Olesia Trofymenko celebrando a árvore da vida; já para o desfile alta-costura verão 2023, retratos gigantes de figuras femininas bordados em paetês e strass fizeram parte da cenografia concebida pela artista Mickalene Thomas. Obras de arte que são puro savoir-faire.

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Detalhes de tingimento, patchwork e bordados (Fotos: Divulgação)
por Silvana Holzmeister

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