De olho no cofre Mané Garrincha vence monumentos históricos e estampa uniforme escolar do DF
Aiuri Rebello
Do UOL, em São Paulo
Ilustração mostra uniforme da rede pública do DF em 2014: estádio Mané Garrincha na estampa
Os uniformes escolares da rede pública do Distrito Federal terão em 2014 uma estampa diferente: além do brasão do DF e informações sobre a escola em questão, as camisetas trarão uma ilustração estilizada do estádio Mané Garrincha, principal obra do governador de Agnelo Queiroz. O estádio, com menos de um ano de inaugurado, foi escolhido no lugar de três monumentos históricos da capital federal.
A arena é o carro-chefe da propaganda oficial do governo no DF e pode ser vista em propagandas na TV, rádio, internet e meios impressos. De acordo com o Diário Oficial do Distrito Federal de quinta-feira (17), uma portaria assinada no dia 23 pelo secretário de Educação, Marcelo Aguiar, definiu o novo modelo das camisetas do uniforme escolar. Questionada sobre o por quê da escolha da arena para estampar as camisetas, a Secretaria de Educação afirma que o Estádio Nacional representa o espírito da competição, além de ser uma homenagem à Copa do Mundo de 2014. As mangas e gola da nova camiseta são vermelhas, cor do PT, partido do governador.
Segundo o subsecretário de Infraestrutura e Apoio Educacional da Secretaria da Educação, Marco Aurélio Soares Salgado, a decisão de usar o Mané Garrincha nos uniformes não foi da pasta da Educação apenas. Segundo ele, a iniciativa envolveu um "colegiado" que contou com a participação da Secopa-DF (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo no Distrito Federal) e da Secom-DF (Secretaria de Comunicação do Distrito Federal).
O Mané Garrincha é o grande destaque da maioria dos vídeos institucionais veiculados regionalmente nos canais de TV abertos do DF. Em dezembro, uma peça publicitária inteira dedicada ao estádio está em exibição nos intervalos comerciais de TV e rádio diariamente, inclusive no horário nobre. A obra deve ser explorada ao longo da campanha eleitoral do ano que vem como a principal realização do governo de Queiroz, que tentará a reeleição.
"Foi uma decisão de governo, não apenas da Secretaria de Educação", afirmou o subsecretário quando questionado se o aparente alinhamento dos novos uniformes escolares com a propaganda oficial era uma coincidência ou de propósito. "Acredito que é mais a segunda opção", confirmou. De acordo com Salgado, houve uma espécie de seleção com mais três monumentos de Brasília que foram considerados para estampar as camisetas escolares.
Uma era a estátua em bronze "Dois Gerreiros" (conhecida como "Dois Candangos"), do escultor Bruno Giorgi. Inaugurada na Praça dos Três Poderes em 1959, é um dos símbolos de Brasília. Outra era a Torre Digital, última obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer antes de sua morte, em dezembro de 2012. A torre foi inaugurada no começo daquele ano. Por fim, fazia parte da lista de opções para o uniforme escolar da rede pública o painel de azulejos da Igreja Nossa Senhora de Fátima, a primeira de Brasília, de autoria do artista Athos Bulcão. A obra também é icônica na cidade. Apesar do peso histórico e artístico da "concorrência", o estádio Mané Garrincha, inaugurado em maio, acabou escolhido para ilustrar as camisetas.
De acordo com o governo, a distribuição das roupas começará no dia 5 de fevereiro e irá contemplar todas as 654 escolas do Distrito Federal. A previsão é de que a novidade chegue primeiro nas escolas da cidade-satélite de Brazlândia. Segundo o subsecretário, a ideia é que em até três meses depois de iniciada a distribuição do material todos os cerca de 410 mil alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio recebam pelo menos uma camiseta.
O material é produzido pela Fábrica Social, programa de qualificação profissional do governo do DF. A Secretaria de Educação informou que cerca de 100 mil unidades da nova camiseta já foram produzidas. Em fevereiro, o governo do DF informou ao UOL Esporte que até o final de 2013, ceca de 700 mil peças teriam sido produzidas.
De acordo com a Secretaria de Educação, não é a primeira vez que monumentos de Brasília são homenageados nas camisetas escolares. Na última distribuição de uniformes, as camisetas entregues aos alunos da rede pública traziam um desenho estilizado da Ponte Juscelino Kubitscheck, obra icônica da capital federal projetada pelo arquiteto Alexandre Chan. De acordo com o subsecretário da Educação, não são distribuídos uniformes todos os anos no DF, e um uniforme deve durar cerca de quatro anos.
O estádio Mané Garrincha é o mais caro do Brasil. Até agora custou R$ 1,4 bilhão inteiramente pago com dinheiro público, de acordo com o TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal). Nas contas do órgão de controle, a conta chegará a R$ 1,7 bilhão quando o governo terminar obras adjacentes ao estádio: túneis ligando o local a um centro de convenções e a um parque próximos e obras no entorno da arena. Com 72 mil lugares, é o segundo maior do Brasil atrás apenas do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Na segunda-feira, o UOL Esporte revelou que apenas sete meses depois de inaugurado, o estádio Mané Garrincha apresenta goteiras por todos os lados. A cobertura, que deveria proteger da chuva toda a arquibancada, custou R$ 209 milhões. Foi construída e instalada pelo Consórcio Entap-Protende-Birdair.
De acordo com a Secopa-DF (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo no Distrito Federal) será solicitado um laudo técnico, que deve sair em até 30 dias, ao consórcio responsável pela instalação da cobertura. "No momento, por ser o estádio uma obra recém-inaugurada, grandiosa e complexa, alguns serviços pontuais estão sendo corrigidos e testados, mas nada que comprometa o pleno funcionamento do estádio e a realização dos eventos", afirma a nota enviada pela assessoria de imprensa da Secopa-DF ao UOL Esporte.
Segundo o governo, "a construção tem garantia de cinco anos. Caso seja identificado qualquer problema, que não haverá custo adicional algum no reparo para o Governo do Distrito Federal, já que faz parte da garantia da obra".
A nota enviada pelo goverdo do DF à reportagem afirma ainda que existe um grupo de fiscalização que vistoria a arena, garante a manutenção e cobra eventuais reparos. Apesar disso, a nota não explica por que há goteiras e vazamentos por toda parte e se há falhas na manutenção ou no projeto.
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