O ageismo, ou etarismo, é um termo que descreve o preconceito contra mulheres mais velhas, uma realidade muito presente em indústrias como a de publicidade, marketing e moda, onde a juventude é muitas vezes considerada um fator crucial de inclusão. Apesar dos esforços recentes da indústria da moda em reconhecer a importância da representação de mulheres maduras, ainda há muito a ser feito para que elas tenham maior visibilidade e espaço nessas áreas.
Segundo uma pesquisa realizada pela plataforma WGSN (Worth Global Style Network), apenas 28% das mulheres da Geração X, com idades entre 42 e 58 anos, se sentem representadas pela moda. O que revela um cenário que é reflexo de uma sociedade focada na cultura jovem, impactando a vida de diversas mulheres que experimentam uma espécie de “invisibilidade social” após os 40 anos.
Para promover a inclusão e dar destaque a esse público, o SENAI CETIQT se uniu à Secretaria Municipal do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SEMESQV) e à Secretaria Municipal de Cultura para realizar o “Desfile da C-Idade: Sabedoria sem Idade”, um evento dedicado à celebração da sabedoria obtida através da maturidade, destacando a beleza e a elegância presentes em todas as faixas etárias.
O evento, que ocorreu em outubro, mês internacionalmente dedicado à terceira idade, teve como palco as instalações do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro (MHC), escolhido como cenário para expressar a verdadeira essência e diversidade dessas mulheres. O estilista Almir França, dedicou três semanas no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para trabalhar com as 40 modelos da Casa de Convivência Naná Sette Câmara, criando uma coleção singular que realçasse a autenticidade e beleza de cada participante.
Como auxílio ao estilista, os alunos do SENAI CETIQT foram envolvidos na produção de moda do desfile, cuidando desde a montagem dos looks até a combinação de maquiagem. A instituição de ensino busca inspirar seus alunos, futuros profissionais da indústria da moda, a compreenderem o contexto e a trabalharem para tornar o cenário da moda um espaço mais inclusivo para essas mulheres.
Rodrigo Verol, um dos alunos voluntários da ação, afirma que a experiência foi enriquecedora.
“Foi muito legal ver a felicidade delas no dia. Uma das modelos disse para mim “nem me lembro da última vez que tinha me sentindo bonita desse jeito”, declara o aluno do quarto período.
Ele ainda afirma que durante o processo de organização do desfile, teve a oportunidade de realizar alguns encontros com as modelos para conhecê-las a fundo.
“Nós conversamos, buscamos saber o que elas esperavam do evento, como estavam se sentindo. Cada uma tinha uma personalidade diferente. Algumas mulheres estavam mais confortáveis em aparecer, usar uma maquiagem mais extravagante, outras já eram mais tímidas. Buscamos entender a necessidade de cada uma escutando atentamente. Esse foi o maior aprendizado para mim”, declara Rodrigo.
A ação demonstra que iniciativas simples possuem o potencial de melhorar significativamente a representatividade desse nicho no mercado, impactando positivamente a autoestima de diversas mulheres. Chris Rangel, Coordenadora de Serviços de Consultoria Moda & Design do SENAI CETIQT e Head de Pesquisa do Inova Moda Digital, aponta ainda que as marcas podem explorar a inclusão de mulheres baby boomers em campanhas publicitárias, ou ainda inserir esse grupo no desenvolvimento de produtos e coleções.
“Os desafios são grandes, mas é crucial que as marcas reconheçam as oportunidades de atender a esse público já bem resolvido, que luta contra estereótipos ultrapassados. Esse grupo, muitas vezes superou desafios financeiros do dia a dia e se dedica ao lazer, turismo e atividades sociais. De acordo com a Pew Research, estima-se que até 2050 haverá 3,7 milhões de centenários em todo o mundo. Isso representa um enorme potencial de consumidores para a indústria”, afirma Chris Rangel.
O SENAI CETIQT
O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT – é formado pela Faculdade SENAI CETIQT, Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) e Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção. Inaugurado em 1949, é hoje um dos maiores centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, setores que juntos geram cerca de 11,9 milhões de empregos no país.
por Jaqueline Crruz
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