A América Latina está no foco do Dragão Fashion Brasil. A ideia é que na edição de 2016, o evento já conte com a participação de profissionais de outros países por meio de intercâmbio entre estilistas e designers internacionais e brasileiros. O programa, intitulado “Mano a mano: a moda tecendo identidade”, terá dois eixos principais: um de criação e outro de formação e difusão. “Trata-se de um projeto que vai difundir a criação da moda autoral. Um trabalho internacional que será uma oportunidade para todos”, reforça Claudio Silveira, diretor geral do DFB.
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Cláudio Silveira, diretor geral do DFB
Por meio de seleção pública, o projeto contemplará um estilista latino-americano e um cearense, que sairão de seu país de origem para buscar inspiração nas raízes e tradições culturais do outro, o que resultará na produção de duas coleções compostas por 20 peças. As peças serão apresentadas em desfile no DFB 2016 e deverão trazer artesanato e manufaturas de cada local, unidos à identidade do estilista. Para a seleção, cada designer deverá apresentar um projeto conceitual expondo a abordagem que deseja desenvolver para o local escolhido, além de justificar e contextualizar a relação de sua coleção com a cultura local. Uma comissão fará a seleção das propostas.
O outro eixo abrange a realização do seminário “Mano a mano”. Durante dois dias, reflexões e debates discutirão a relação da indústria com as culturas regionais na América Latina, a internacionalização da moda, os processos de produção e consumo, entre outros aspectos.
Já reconhecido há algum tempo como o maior evento de moda autoral do país, o Dragão Fashion Brasil acaba de realizar a sua 16ª edição entre os dias 7 e 10 de maio, inaugurando o novo Terminal Marítimo de Passageiros de Fortaleza (CE). Para celebrar todos esses anos de trajetória, elegeu o tema “Mãos à obra, mãos à moda” e mostrou, na passarela, o empenho, talento e a criatividade de 32 participantes, entre locais e de outros estados e que vão desde ainda estudantes até ícones da moda brasileira, como o estilista Lino Villaventura. A Abit, por meio do Texbrasil – Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira desenvolvido em parceria com a Apex-Brasil, apoiou novamente o evento com a vinda de jornalistas internacionais.
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Fila final do desfile de Lino Villaventura
Mesmo cercado por números que mostram um cenário econômico pouco animador para o setor têxtil e de confecção brasileiro, o Dragão não se deixou abalar e trouxe coleções elaboradas com novas propostas de formas e materiais, firmando a posição de plataforma de lançamento de novos talentos da moda autoral. “A nossa força de vontade é muito grande”, pontua Claudio Silveira, acrescentando que “vale a pena acreditar nesses talentos que a cada vez desenvolvem mais o diferencial de unir diversas formas de artesanias e tecnologia”.
O delicado e inovador trabalho com rendas fez com que Almerinda Maria (CE) fosse um dos destaques do DFB 2015. Para marcar a estreia nas passarelas do evento, ela optou por criar peças inspiradas na alma e segredos da mulher. Direcionada para o mercado de alta costura, a estilista investe em bordados e renda renascença trabalhada com o richelieu e entrelaçada ao labirinto. Ela também aplicou uma trama feita com fios do denim da Canatiba e que ganha forma de renda nordestina. É o tecido MaxSkin – denim 100% modal, feito com fibra proveniente de madeira renovável e com baixo impacto ambiental.
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Look de Almerinda Maria com fios de denim
Já gaúcha ASAP (RS), que também pisou no Dragão pela primeira vez, apresentou a coleção Vesrus. O resultado é a combinação harmônica entre o campo e o urbano, o tecnológico e o manual. Para isso, Sérgio Amaro explorou desde o tecnológico neoprene até a palha de milho trançada, forma de artesanato típico dos índios da região sul do Brasil. Linho, tricô manual e acrílico também dão vida às criações da marca.
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Palha de milho enriquece o trabalho da marca
A busca pela silhueta feminina livre, atemporal e nada rígida conduz a criação de Jeferson Ribeiro (BA). Pela terceira vez no evento, e comemorando dez anos de carreira, o estilista se apoiou no pensamento da psicóloga Clarissa Pinkola Estes e na artista Lygia Clark para conceber a coleção Estro. Nela, surgem looksj reformulados, desconstruídos, próximos ao corpo, lânguidos, enviesados, com costas nuas, fendas e decotes profundos. “A seda, em diferentes gramaturas, é a principal matéria prima da minha marca. Uso a seda pura da Werner Tecidos, que é brasileira e de ótima qualidade”, enfatiza. O ponto alto da coleção do designer baiano foi o crochê desenvolvido a partir de tiras de seda. A coleção também trouxe opções em viscoses e tecidos de algodão da RenauxView.
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Jeferson Ribeiro: crochê com tiras de seda
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UEL vence o Concurso dos Novos |
Nomes já conhecidos no universo da moda autoral nacional também apresentaram suas criações, como Lindebergue Fernandes, Jadson Raniere, Weider Silveiro, Ivanildo Nunes, Melk Zda, Aládio Maques e Ronaldo Silvestre, entre outros. Como já de costume, o espaço para novos talentos teve lugar cativo na programação do Dragão. O projeto Comunidade Moda realizou a segunda edição e elegeu Emanuel Oliveira como vencedor. Entre os concorrentes ao Concurso dos Novos, a Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, ganhou o prêmio de 2015 com a coleção Fandango Caiçara.
O desfile de encerramento ficou por conta da Riachuelo, patrocinador master do evento.
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