Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Economia Circular na Moda foi tema do programa Brasil ODS, no mês de julho; durante o programa, especialistas discutiram como reduzir impacto ambiental da indústria têxtil com alternativas de baixo impacto, como tecidos produzidos a partir da flora brasileira.
A indústria da moda, marcada pela produção acelerada e descarte frequente, gera um grave problema ambiental. O programa Brasil ODS contou com a participação de Marina Belintani, Cofundadora e CEO da Mabe Bio e Edson Grandisoli, embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular para discutir essa questão.
Toneladas de resíduos têxteis acabam em aterros, lixões e até no mar, sendo muitos deles não biodegradáveis, como tecidos sintéticos. Neste cenário, cresce a aposta em soluções pautadas na economia circular, modelo que busca um ciclo de produção e consumo mais sustentável.
Uma dessas inovações vem da Mabe Bio, startup de deep tech que desenvolveu o biotecido de angico, material feito integralmente a partir de plantas nativas brasileiras. A proposta é unir ciência, tecnologia e preservação ambiental para reduzir a poluição do setor.
Para debater o tema, Edson Grandisoli, embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular e também Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-Doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP) e especialista em Economia Circular pela UNSCC da ONU, destacou a importância de valorizar a ciência e a pesquisa no processo de transformação da indústria.
“Antes de tudo, é preciso celebrar iniciativas como a da Marina. É muito importante valorizar a ciência, especialmente num momento em que seu papel tem sido questionado. Trabalhos de pesquisa aplicados como esse mostram o potencial da nossa flora riquíssima, de onde podemos obter biomateriais sustentáveis. O Movimento Circular atua exatamente nesse sentido: difundir, educar e compartilhar boas práticas que dialoguem com o conceito da economia circular”, afirmou Grandisoli.
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Segundo a cofundadora e CEO da Mabe Bio, Startup Deep Tech Focada em Materiais Têxteis de Baixo Impacto Ambiental, Marina Belintani, o biotecido de angico está em fase de testes de performance e biodegradabilidade.
“Atualmente estamos caracterizando o material e realizando testes de biodegradabilidade, mas nossa meta é alcançar parâmetros de performance equivalentes ao couro animal ou sintético. Existe, no entanto, um paradoxo: quanto mais biodegradável um produto é, menor tende a ser sua durabilidade. O desafio é equilibrar ciclo de vida mais curto com desempenho rigoroso exigido pela indústria da moda e, futuramente, de outros setores”, explicou Marina.
A economia circular aplicada à moda representa, portanto, não somente uma mudança de material, mas um processo de reeducação do consumo. Em um mundo marcado pelo acúmulo e descarte, a inovação sustentável surge como um caminho essencial para alinhar moda, ciência e responsabilidade ambiental.
Além dos convidados, o Brasil ODS recebeu os colunistas Paulo Almeida, Gabriela Chabbouh e Nina Orlow, especialistas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Este programa colabora com o ODS 11 (Cidades e Comunidades sustentáveis) , cujo objetivo visa garantir o acesso à moradia e serviços básicos adequados, seguros e a preço acessível, e com o ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), onde trata da mudança nos padrões de consumo e produção como a base do desenvolvimento econômico e social sustentável.
O Brasil ODS é uma produção do Observatório do Terceiro Setor (OTS), apresentado por Joel Scala, que conta com o apoio da Fapesp — Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Ele vai ao ar às quintas-feiras no portal do OTS e às 16h na Rádio Brasil de Fato.
https://observatorio3setor.org.br/economia-circular-moda-biotecido-...
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