Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Editora de arte entrega os truques de Photoshop usados pela Victoria’s Secret

Depois de trabalhar em período integral para a marca de lingerie, a profissional decidiu reduzir a sua jornada por não estar de acordo com os retoques propostos para as imagens. Do cabelo à silhueta, passando pelo tamanho dos seios, nada foge das alterações.

Lais Ribeiro em campanha da Victoria's Secret (Foto: Divulgação)

Depois de trabalhar por anos como editora de arte da Victoria’s Secret, Sarah, que preferiu não ter seu nome revelado, decidiu abrir o jogo quanto ao uso do Photoshop nas campanhas da grife. “Eu sei que o que estou fazendo é errado, mas é exatamente por isso que não trabalho mais em tempo integral com eles”, contou em entrevista ao site Refinery29.

O intuito dela é esclarecer o quão irreal os corpos que vemos são – dos pés a cabeça -, e ao mesmo tempo alertar para a nossa responsabilidade, enquanto cidadãos, na propagação dessas imagens.

Segundo Sarah, os retoques surgiram muito antes do Photoshop. Mas inicialmente, eles eram usados apenas para tornar uma imagem mais nítida. Mas em algum momento, as pessoas perceberam que se era possível alterar o fundo, cor de roupa, por que não alterar também os corpos? “Foi ai que a coisa simplesmente saiu do controle”, diz.

As alterações começam já no estúdio de fotografia
Segundo Sarah, que muitas vezes acompanhou de perto os shootings das campanhas, as alterações e os efeitos especiais começam muito antes do processo de edição. “A primeira coisa que se faz é colocar extensões de cabelo nas modelos”, conta. “Eu nunca fui em um ensaio onde a modelo estava só com o seu cabelo real.”

Em seguida, é a hora de alterar o tamanho da mama. “Eles colocam um outro sutiã que levanta os seios por baixo do original  e depois ele é apagado pelo programa”, revela. “Por isso, estamos acostumadas a ver seios anti-gravidade em todos os lugares. Esse é o motivo pelo qual um biquíni nunca vai vestir da mesma forma em nosso corpo.”

Candice em campanha da Victoria's Secret (Foto: Reprodução Instagram)



Nenhuma parte do corpo se parece com o que ela realmente é
Começa então a alteração digital. O sutiã é recortado do corpo para que os mamilos sejam apagados. Sarah diz ainda que, neste momento, começam os pedidos para que os seios fiquem mais redondos, mais elevados, perfeitamente simétricos e, claro, maiores.

Outra surpresa, é que, ao contrário do que costuma acontecer em muitas campanhas, no caso da Victoria’s Secret, as modelos não passam pelo Photoshop para se tornarem mais magras, mas para ganharem curvas. Sarah costumava curvar as laterais, esconder as costelas saltadas e suavizar os ossos do quadril. “Temos que curvá-los”, diz.

“Uma vez, durante um ensaio de moda praia, tinham duas modelos com barriguinha, quadril e bustos volumosos. Elas eram torneadas e tinha uma pele linda. Eram obviamente modelos, com um visual diferente. Porém, elas não venderam nada. Então, eles decidiram deixar de usá-las.”

Ou seja, as consumidoras não costumam responder bem a modelos com silhuetas convencionais. Os aspiracional ainda fala mais alto quando o assunto é consumir. E essa é a má notícia. “A não ser que você esteja completamente imune aos padrões de beleza, você seguirá sendo atraída pela ‘mesmice’ e ficará desconcertada pelo que é ‘diferente’”, comenta ela. É uma verdadeira “bola de neve”.

Laís Ribeiro (Foto: Reprodução Instagram)



Até mesmo modelos plus size costumam passar pelo Photoshop. Além de cobrir estrias e celulites, a ferramenta é usada para afinar a cintura e o pescoço delas. “Dizem que isso deixa o resultado mais feminino”, diz.

Tudo é movido pelo dinheiro, garante Sarah. Portanto, as modelos com silhuetas mais reais só passarão a reinar nos anúncios, quando as vendas corresponderem a eles. “Mas não se iluda achando que marcas que recorrem a modelos com outros biotipos estão transmitindo uma mensagem de aceitação. Elas só querem vender”, disparou.

Por isso, ela reforça que cabe a nós, consumidoras, a mudança dos padrões. Invista seu dinheiro em marcas que valorizam a beleza real. “Só quando eles notarem que estão lucrando com isso é que vão seguir fazendo”, explica. “Este mês, decidi comprar um biquíni da Victoria’s Secret. Assim que o peguei notei, claro, que ele não era tão bonito quanto na foto. Nem eu que faço retoques estou imune ao marketing. É incrível."

http://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2016/07/editora-de...

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