Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Eles queriam produzir roupas e ajudar quem precisa: Conheça a Panosocial

Cientes dos impactos ambientais e sociais causados pela indústria têxtil, Natacha e Gerfried decidiram criar uma marca que faria as coisas de um jeito diferente.

Dos ideais da empresa à matéria-prima e aos funcionários que contrata, a Panosocial foge da curva do que se espera de uma confecção de roupas. Conheça a seguir a história de Natacha e Gerfried, os dois nomes por trás desse negócio.

 

“Já fui produtora de moda e trabalhei para grandes marcas. Mas comecei a me incomodar quando passei a conhecer melhor o meu ramo: aprendi que a indústria da moda é a que gera o segundo maior impacto ambiental no mundo, ficando atrás apenas da indústria petroleira. Além disso, embora represente apenas 3% da agricultura, o algodão convencional é responsável pela aplicação de 25% de todos os pesticidas do planeta, o que mata mais de 20 mil agricultores por ano (fonte: Dossiê Abrasco).

Essa inquietação em mim se juntou à frustração que o Gerfried, hoje meu amigo e sócio, sentia ao andar pelo centro de São Paulo. Ele se mudou da Áustria para o Brasil e, aqui, testemunhou a desigualdade social de uma forma que não conhecia. Juntos, decidimos criar um projeto que tocasse nessas duas questões e mudasse um pouco essas realidades.

Nosso ponto de partida foi entrar em contato com a Pastoral Carcerária e demonstrar interesse em criar um negócio que empregasse egressos do sistema prisional. Em 2015, depois de testar algumas ideias, fundamos a Panosocial, uma confecção de roupas que utiliza apenas algodão orgânico – que consome 90% menos água do que o algodão convencional.

Mas encontramos obstáculos desde o primeiro momento em que decidimos iniciar as contratações. Embora alguns presos trabalhem enquanto estão cumprindo pena, é raro que as empresas os empreguem quando eles ganham liberdade. Sem essa continuidade, muitos desses ex-detentos entram em situação de vulnerabilidade social e voltam ao crime. Além disso, mesmo estando em contato com a Fundação de Amparo ao Preso e com a Secretaria de Administração Penitenciária, descobrimos que não existia nenhum cadastro de pessoas que trabalhavam dentro das prisões. A solução que encontramos foi quase instintiva: fazer um post no Facebook informando que estávamos em busca de ex-detentos com experiência em corte e costura para nosso pequeno negócio.

Criamos um vídeo que teve resposta imediata: mais de 1 milhão de visualizações, um cadastro de mais de 100 pessoas que se encaixavam no perfil que queríamos e, por fim, nossas três primeiras contratações. Hoje, mais de 30 egressos já passaram pela PanoSocial, sempre com seus direitos trabalhistas garantidos e com um futuro em vista.

Nessa jornada, aprendemos algumas lições importantes. A primeira é que as pessoas querem ajudar a construir uma sociedade melhor, inclusive quando têm a oportunidade de fazer isso num espaço virtual. A segunda é que plataformas como o Facebook e o Instagram são fundamentais para mostrar aquilo em que acreditamos e fortalecer a relação com os clientes. E a terceira é que nós, empreendedores, precisamos enxergar a sustentabilidade e a paz social como parte fundamental dos nossos negócios e discursos. É uma posição que tem a ver com a qualidade das parcerias e com a força das conexões e diálogos que criamos, inclusive dentro das nossas estratégias de marketing digital. Esse é o caminho para construir uma realidade melhor.”

Natacha Lopes tem 42 anos. Ela e seu sócio Gerfried Gaulhofer, de 46 anos, são os fundadores da PanoSocial, que você pode conhecer pelo Facebook e, também, pelo Instagram.

 Rafaela Carvalho 

https://projetodraft.com/natacha-gerfried-panosocial-facebook-para-...

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