Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Luis Ushirobira/ValorEm Cajamar, o centro logístico da Zara tem 25 mil metros quadrados, mas a estrutura de metal dobrou essa área

Varejista de moda que mais fatura no mundo, a espanhola Inditex, dona da Zara, apoia seus planos de expansão no Brasil - 12 novas lojas neste ano e um número similar em 2014 - em um galpão de 25 mil metros quadrados. Considerado ponto central do modelo "fast fashion", a logística feita a partir de Cajamar, município vizinho da cidade de São Paulo, abastece as lojas duas vezes por semana.

No Brasil, a rede vai chegar neste ano a 53 lojas, sendo 44 de moda e cinco Zara Home, de decoração. A operação brasileira também recebe e despacha mercadorias para Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Austrália e África do Sul, que, juntos, detém outras 33 lojas.

Os números são tímidos em comparação com o tamanho da rede no mundo, com 6.104 lojas. Mas o modelo de distribuição que vem sendo tocado em Cajamar há um ano pode ser considerado um teste importante para a Inditex.

Esta varejista, que criou e espalhou pelo mundo um novo jeito de vender roupa - modelos que a clientela quer comprar, a preços razoáveis e com renovação constante das vitrines -, até outubro do ano passado mantinha a distribuição de sua rede de lojas centralizada na Espanha, onde tem nove centros de logística.

O novo centro em Cajamar, onde trabalham 200 pessoas, replica o sistema implantado em Arteixo, na Galícia, a sede da Inditex. A roupa é dividida em dois grupos: as penduradas (como um blazer) e as dobradas (camiseta, por exemplo). Para agilizar o processo, já vêm etiquetadas e muitas, com os preços carimbados.

Os caminhoneiros que entregam e retiram os produtos já sabem em quais docas devem estacionar, dependendo do destino - são 40, com os nomes das cidades que costumam servir. As mercadorias chegam, da Espanha e de fornecedores brasileiros, às terças e quintas-feiras; e são despachadas às lojas às quartas e sextas. A separação e embarque dos produtos são feitos das oito da manhã às nove da noite. Depois disso, são mais três horas de trabalho dedicado à documentação.

Cada loja atendida pelo depósito - cerca de 80, entre Brasil e demais países - tem seu pedido checado por uma equipe que olha o nível de estoque e as vendas. Se o gerente da loja pediu mais cinco calças, mas ainda tem duas em estoque, recebe três.

A diferença em relação ao centro logístico em Arteixo, onde a reportagem do Valor esteve em julho do ano passado, é que em Cajamar o sistema não é automatizado. Tudo é feito manualmente. Na Espanha, as peças penduradas percorrem um carrossel, "caminham" sozinhas pelo depósito. As peças dobradas circulam por esteiras. As roupas passam por equipamentos que fazem a leitura de seus códigos, organizando os embarques.

Como a operação ainda é pequena, a equipe de Cajamar consegue cumprir os prazos rígidos, mesmo trabalhando sem máquinas. O desafio virá com uma expansão mais robusta da rede de lojas. "A implantação do sistema automatizado depende exclusivamente do volume das operações. À medida que crescerem, a automatização do centro fará sentido", diz a companhia. O número de funcionários pode subir em breve, de 200 para 250. No total, são 2.500 pessoas no país.

A Inditex, que tem duas marcas no Brasil - Zara e Zara Home, de artigos de decoração - abriu lojas de roupa e acessórios de moda neste ano em Campo Grande, Curitiba, Joinville, Manaus, São José, São José dos Campos, Uberlândia e Recife. Novas unidades da Zara Home foram abertas em São Paulo e em Curitiba. Hoje está sendo inaugurada mais uma Zara Home, no Shopping Iguatemi Alphaville, na Grande São Paulo.

A empresa não informa que outras marcas trará ao país - são oito no portfólio. Ontem, seu CEO, Pablo Isla, disse que vê oportunidades para expandir marcas como a Massimo Dutti, uma roupa mais clássica do que a da Zara, em diferentes partes do mundo.

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