Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Em Crise, Setor do Vestuário Luta Contra o Fim da Linha

Indústria respira com a alta do dólar, mas alega que governo põe só "panos quentes"

 Marcos Guerra, empresário
A fábrica Poltex, da Serra, teve de ser  vendida a empresários mineiros

Denise Zandonadi
dzandonadi@redegazeta.com.br

Há quem acredite que o setor têxtil e do vestuário chegou ao fundo do poço no Espírito Santo. Otimistas, por outro lado, veem luz no fim do túnel. Pressionado pelas importações da China, pelo câmbio desfavorável e pelo parque fabril não modernizado, entre outros motivos, o segmento assistiu, nos últimos três anos, ao fechamento de pelo menos 45 empresas na Grande Vitória e entre 70 e 80 no interior, além da perda de 25 mil postos de trabalho.

Os dados são bem desanimadores, mas eis que, quando parece tudo perdido, o câmbio volta a colaborar com as indústrias, além de algumas medidas esporádicas do governo federal. Com o dólar mais valorizado, as importações se tornam menos atraentes e a indústria local começa a reagir.

Para o presidente da entidade que reúne os empresários da Glória e de Santa Inês (Vila Velha), Marcelo Rocha, "a situação é alarmante e, mesmo com as medidas de incentivo ao consumo adotadas pelo governo federal, não está sendo possível reagir como gostaríamos diante da crise", lamentou.

Em vez de medidas paliativas, afirma, o governo deveria rever sua proposta de mudança no Supersimples. "Não dá para incluir no mesmo grupo empresas que têm faturamento de R$ 360 mil por ano com outras que faturam até R$ 3,6 milhões".

Ele cita como exemplo o Compet-ES, implantado pelo Estado para estimular as empresas a buscarem mais qualidade e inovação. "Mas eu pergunto quantas empresas conseguem ter acesso a um programa como esse?".

Rocha frisa que não é contra o programa, mas alega que de um universo de 500 empresas, nem 1% chega a se beneficiar.

foto: Divulgação
 Marcos Guerra, empresário
Guerra: como competir com calça que custa  R$ 13?

Desencanto

Além dos problemas já relacionados com as importações da China, o vice-presidente da Câmara do Vestuário da Federação das Indústrias (Findes), José Caros Bergamin, diz que há um desencanto do empresariado.

"No final de 2011, nós chegamos ao fundo do poço. Foram 25 mil postos de trabalho perdidos. Até abril deste ano, muitas empresas fecharam e tiveram que demitir".

O que está ajudando são algumas medidas isoladas, mas, principalmente a situação na China, antes o grande algoz da indústria capixaba de confecção. Bergamin explica que a alta do dólar frente o real torna os produtos importados da China menos competitivos aqui.

Além disso, o governo brasileiro impôs restrições para os importados. "Na semana passada, fui a São Paulo para fazer as encomendas de tecidos. Normalmente, compramos de duas grandes importadoras. Mas, desta vez, voltei sem comprar, porque os preços nacionais estão competitivos e os tecidos estão mais adequados às nossas coleções", afirma.

Somente no Espírito Santo, há 12 importadores de tecidos, principalmente da China, que atendem o Estado e todo o país. Mas a situação ainda é difícil, como mostra a venda da Poltex, empresa situada na Serra, comprada por empresários de Minas Gerais. Os resultados também ficaram abaixo do esperado em outras firmas de médio e grande porte, nos polos de Colatina e da Glória.

Bergamin diz que, enquanto as empresas do varejo estiverem bem, a preocupação pode ser menor.

Findes: no Brasil, há várias "Chinas"

"Depois de alguns anos difíceis, esperando um pequeno crescimento em 2012. Mas, no nosso caso, precisamos cuidar da competitividade das empresas, melhorar a gestão e preparar o setor para ter um 2013 melhor".

A análise é do presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, que também atua no setor de confecção. "Precisamos colocar no mercado produtos diferenciados, e aproveitar as medidas dos governos federal e estadual para incentivar a indústria", acredita.

Este é um ano em que as empresas precisam rever seus conceitos e reposicionar suas marcas, avalia o dirigente. Ele admite que empresas fecharam, e outras ainda enfrentam dificuldades, com consequente perda de postos de trabalho.

Guerra reclama que, no Brasil, existem várias "Chinas", regiões onde as confecções conseguem fabricar calça jeans por R$ 13. "É impossível competir desse jeito". Além dos produtos chineses, o empresário brasileiro tem que enfrentar a burocracia, impostos demais e juros altos", afirma.

Para a presidente do sindicato que representa os trabalhadores da região Norte, Teany Moreira, as demissões já foram maiores. Em relação aos emprego, não está havendo crescimento, mas não há dispensas significativas. Na região, há 10 mil trabalhadores no setor. Teany alerta para o crescimento da terceirização, que pode gerar problemas trabalhistas.

Fonte:|http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/08/noticias/a_gazeta/e...

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