Em 30 anos, relevância da indústria para a riqueza no Brasil despencou mais de 50%
Crédito: CBNPor Pedro Duran
Máquinas desligadas.
"Nesse momento aqui, a coisa tá desesperadora".
A indústria de 300 funcionários, hoje tem só dez.
O empresário Roman Reisky produz máquinas para a indústria têxtil na região metropolitana de São Paulo. O estado foi um dos 22 em que o setor industrial perdeu espaço entre 2010 e 2013.
Mesmo com recuo de 4,2 pontos percentuais, a queda em São Paulo ainda foi menor que a da Bahia, em que a indústria perdeu 6,6 pontos da participação na economia estadual, e dos estados de Amazonas, com recuo de 5,7 pontos e Tocantins, que encolheu 4,3 pontos.
O levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria ainda mostra que São Paulo teve a maior redução na participação total de produtos industrializados no país. Se em 2010, os produtos paulistas representavam 32,1% do total, em 2013, passaram a somar apenas 28,6%, um recuo de 3,5 pontos percentuais.
Na fábrica da família Reisky, a terceira geração que comanda a empresa avalia que este é o pior momento nos 67 anos de atuação no mercado.
"O mercado está completamente retraído. Ninguém compra máquina hoje. Eu também não teria coragem de comprar uma máquina. O nosso faturamento hoje está em R$ 3,6 milhões ao ano. Nós ficamos sempre entre R$ 8 a R$ 10 milhões. Nós estamos passando por uma fase de vacas magríssimas, mas nós não pretendemos sair do mercado. Vamos resistir."
A queda da participação da indústria na economia dos estados reflete o cenário nacional.
Em 1985, no primeiro ano do Governo Sarney, a indústria pujante batia todos os recordes e representava 48%do Produto Interno Bruto, quase metade de tudo que era produzido no país. Trinta anos depois, no ano de 2015, a representatividade da indústria despenca e vai a menos de um quarto do PIB brasileiro, 22,7% de participação.
O gerente de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, Renato da Fonseca, avalia que para o setor recuperar espaço é preciso resolver a crise econômica e recuperar a competitividade do país e da indústria.
"Por um lado isso tá na mão do governo, por outro lado tá na mão da própria indústria. Também tem que reconhecer que a indústria tá com uma produtividade baixa, ela precisa investir mais em inovação, em melhoria de processo, trazer as automações... Agora, é muito difícil hoje, com a crise atual, com a baixa confiança com o empresário, com o custo do crédito - já que o financiamento está muito caro e difícil de encontrar -, que o investimento volte."
O estudo também detectou uma variação de até 36 pontos percentuais na participação da indústria nos estados. Enquanto no Distrito Federal, o setor produz 6,5% da riqueza, no Espírito Santo, a fatia é de 40,5%.
Em 19 estados a produção de riqueza da indústria está concentrada. Em Roraima, por exemplo, quatro dos setores da indústria representam mais de 93% de todo o PIB industrial do estado.
Para Fábio Kanzuck, professor de macroeconomia da USP, nos países desenvolvidos, é natural que a participação da indústria no PIB caia em longo prazo, mas no Brasil esse movimento aconteceu rápido demais.
"A indústria brasileira por problemas conjunturais acabou sofrendo desproporcionalmente mais. O que aconteceu no Brasil é que salário e o custo de produção, por conta do emprego, subiu muito na década de 2000. E o câmbio, por outro lado, apreciou, o real ficou super caro com relação ao dólar. Isso deixou as empresas brasileiras com desvantagem em relação às empresas do resto do mundo".
Armando Monteiro Neto - do PTB -, é senador por Pernambuco e voltará ao senado para votar contra o impeachment. Atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ele presidiu a CNI de 2002 a 2010. Embora defenda governo, ele reconhece que o setor precisa de mudanças.
"Mesmo com essa perda posição relativa da indústria nós ainda somos a principal plataforma manufatureira da América Latina. Agora, precisamos ter um arranjo macroeconômico que coloque a indústria no centro da plataforma de desenvolvimento do país."
Um levantamento feito pela CBN com base nos dados da CNI mostra que enquanto nos oito anos do governo Lula a indústria aumentou em um ponto percentual a participação no PIB, durante o governo Dilma, a fatia diminuiu 4,7 pontos percentuais. A maior queda até hoje foi a do governo Fernando Henrique Cardoso, com recuo de 13,6 pontos percentuais.
http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/economia/2016/05/01/EM-TR...
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