Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Entenda por que consumo consciente, Trabalho Escravo e Slow Fashion são mais do que temas passageiros na moda

Analisamos a importância de três conceitos atuais ligados à moda e ao consumo. Entenda por que consumo consciente, trabalho escravo e slow fashion são mais do que temas passageiros.

moda está presente na vida de todos nós, mesmo que nos consideremos fora dela. Dentre tantas tendências já lançadas, estamos vivendo uma que parece que não vai embora tão cedo – ou talvez nunca.

Os tempos mudaram, e com eles, a mentalidade das novas gerações. Atualmente, muitas marcas de pequenos produtores independentes têm conquistado cada vez mais pessoas. Elas chamam atenção justamente porque valorizam questões comoprodução manual, comércio justo, sustentabilidade e atemporalidade.

Pensando nisso, para você entender melhor as questões por trás dessas ideias, selecionamos três conceitos que estão muito ligados à moda e a um novo jeito de se consumir e que merecem atenção:

Consumo consciente

Está ligado a uma autoavaliação e a uma avaliação do processo produtivo. A autoavaliação demanda o exercício de um hábito, de nos questionarmos sobre a nossa real necessidade do que estamos prestes a comprar.

O consumo consciente também está ligado a administração financeira, ou vice-versa. Quando se controla melhor o próprio dinheiro, têm-se autonomia para gastar em menos coisas, mas de maior qualidade, pensando sempre a longo prazo.

Essa é uma prática que beneficia todos os envolvidos: os trabalhadores da indústria da moda, os pequenos produtores de marcas independentes, nós consumidores e também o meio ambiente.

Procure sempre pela procedência do que está comprando. Pesquise sobre o processo produtivo das marcas, quais valores que ela preza, quais são os materiais que ela usa. Assim, você ganha mais consciência sobre o que está comprando e quem ou o quê está ajudando com isso.

Reciclar, buscar informações sobre a cadeia de produção, procurar alternativas sustentáveis e comprar de produtores artesanais e locais são práticas de consumo consciente;

Em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outras capitais já existem diversas feiras mensais compostas apenas por trabalhos manuais ou pequenas empresas. Sempre há uma alternativa para fazer valer o nosso poder de compra.

Para ajudar a pensar em novas formas de consumo, vale acompanhar sites como o Modefica e o Oficina de Estilo, que tem como lema “Substitua Consumo por AutoEstima”. O documentário The True Cost, também contribui para uma reflexão profunda, porque traz cenas reais sobre o impacto da moda fast-fashion na vida das pessoas e no meio ambiente.

Cena do doc True Cost: com 80 bilhões de peças de roupa vendidas por ano, a indústria da moda mantém uma fórmula que combina o consumo desenfreado com a exploração da mão de obra;

Trabalho Escravo

Quando se fala em trabalho escravo, muitas pessoas ainda se questionam se isso existe. Infelizmente, esse tipo de trabalho ainda é uma realidade no mundo todo. Por isso, vale a pena esclarecer o que caracteriza essa prática.

Segundo o artigo 149 do Código Penal brasileiro, o trabalho análogo ao de escravo é caracterizado por condições de trabalho degradantes (que afetem a saúde ou a vida do trabalhador), jornadas exaustivas, trabalho forçado e servidão por dívida. Privação de direitos como descanso ou ir ao banheiro e remuneração desleal também caracterizam a prática.

No ramo da moda, já há engajamento por parte de alguns estilistas e profissionais da área. O Fashion Revolution, movimento global que está presente no Brasil, é uma ótima instituição para seguir nas redes sociais. O grupo incita debates sólidos sobre diferentes pontos da cadeia produtiva da moda.

Outra iniciativa bacana é o aplicativo Moda Consciente, da Repórter Brasil. Nele, é possível acompanhar a situação de marcas em relação ao trabalho escravo. A ONG foi fundada pelo jornalista Leonardo Sakamoto, que investiga o trabalho escravo em diversos segmentos produtivos e já denunciou diversos casos de abusos no Brasil.

Slow Fashion

Esse conceito está muito relacionado ao consumo consciente e, seria o mais próximo de um ideal para a moda e para o consumo em geral. É um movimento que incita a redução do consumo e a valorização do processo produtivo.

Muitas marcas de pequenos produtores têm o slow como uma missão. Significa que prezam pela valorização do tempo. Tempo de plantar e colher a matéria-prima (quando preciso), tempo de criar cada peça única manualmente ou em um processo mais devagar do que a produção em massa, agregando valor a cada produto.

Veja que o movimento também traz de volta para a moda a singularidade de cada produção. Uma coleção baseada no slow fashion vai ter menos peças no mercado, então haverão mais peças únicas, mais diversidade e menos produção em série.

Por uma indústria que valoriza as pessoas, o meio ambiente, a criatividade e o lucro em igual medida – a moda como uma força para o bem! 

conceito slow também contribui de certa forma para que trabalhadores da indústria da moda possam ter condições mais dignas, além de incentivar fornecedores e mão de obra locais.

Outra forma de consumir roupas, ao invés de comprá-las em primeira mão, é procurar por roupas de brechó ou feiras de troca e, se preciso, investir em transformações. Algumas marcas, como a Comas, que transforma camisas masculinas em outras peças, investem apenas na ressignificação de roupas e acessórios que já existem, o que é chamado de upcycling.

Banco de Tecidos também é uma iniciativa que contribui para um consumo mais sustentável, porque recebe sobras de tecidos que poderão ser reutilizados. Já o Mais Alma é um e-commerce que reúne diversas marcas de roupas, acessórios e objetos para casa, todos feitos com o cuidado de marcas independentes e preocupadas com a origem e o impacto de seus produtos.

Alguns sites bem legais que também abordam o assunto: Review Slow Living e o Estilistas Brasileiros.

Que tal começar a investir mais em peças produzidas de forma autoral e artesanal, feitas no Brasil e em pequena escala? 

Depois dessa reflexão e com tantas opções assim, não dá para continuar consumindo do mesmo jeito que antes. E você, conhece mais projetos legais que unem sustentabilidade e moda consciente?

Imagens: Fashion Revolution, True Cost, Unsplash. 

Mariana é jornalista e comunicadora. Adora descobrir novos lugares, explorar a cidade a pé e andar sem pressa. Se interessa por viagem, cultura e tudo o que é novidade. Escreve um blog sobre meio ambiente, sustentabilidade e consumo consciente. Também se dedica a cozinhar, como forma de prazer e arrisca novas receitas no tempo livre.

http://followthecolours.com.br/style/consumo-consciente-moda/

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