Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
PROFISSÃO: ILUSTRADOR DE MODA
Amor ou ódio. É assim que os profissionais e alunos de moda se relacionam com a ilustração de moda. Por outro lado, é quase impossível não amar um lindo desenho. Eles trazem beleza, movimento e veracidade a qualquer projeto de moda.
Mas existe ainda muito mistério e desinformação sobre a carreira. Sim, hoje é possível viver da ilustração. Por isso conversei como uma ilustradora de moda para esclarecer alguns pontos.
Cristiane Mendes (que assina suas ilustrações como Cris Pimentta) é bacharel em Moda, técnica em estilismo e pós-graduada em Gestão do Design na Indústria da Moda. Além de ilustradora e professora de moda, ela mantém um blog com dicas sobre ilustração.
1. Croqui e Ilustração de Moda são a mesma coisa?
Croqui e Ilustração são fases diferentes de um mesmo projeto, ou seja, o croqui nada mais é que o esboço feito à mão da ideia inicial, ele funciona como a estrutura do desenho. O termo croqui pode ser usado para qualquer esboço através de um desenho e não apenas para ilustrações de moda, mas também para projetos de arquitetura, desenho artístico, design de produto etc.
Já a ilustração de moda se refere ao desenho finalizado, com todos os detalhes de cor e textura necessários para que a ideia seja transmitida de acordo como o que ilustrador desejar. Essa finalização imprime o estilo pessoal de cada ilustrador para imprimir sedução e reforça o conceito e criação.
2. Existe tendência na ilustração ou é algo atemporal?
Sim, a ilustração de moda, assim como todo tipo de manifestação artística, acompanha as tendências e exprimem os estilos de cada época. Quem deu o start inicial do uso das ilustrações na moda foi o americano Charles Dana Gibson, em 1900, que modernizou a técnica com sua Gibson girl, a mulher art nouveau ideal. De lá para cá o desenho de moda foi se transformando e a cada década foram sendo introduzidas novas técnicas e grandes nomes das artes deixaram suas marcas na história da moda, como Antônio Lopez, David Downtown e Alceu Penna, que fez sucesso com a humorada seção “As garotas do Alceu” da revista O Cruzeiro, na década de 1950.
3. Desenhar é um dom ou qualquer pessoa pode aprender as técnicas e virar um bom ilustrador de moda?
É possível que as técnicas da ilustração sejam desenvolvidas por qualquer pessoa que tenha interesse em aprende-las. Ainda que o dom ajude, acima de tudo é preciso ter muita prática e estudo para aprimorar e desenvolver um bom trabalho. Para ser um bom ilustrador de moda é preciso ser curioso, buscar conhecimento em styling, harmonia de cores e estar sempre antenado com as tendências do mercado.
4. Como está o mercado de trabalho para o ilustrador de moda?
O mercado de moda possui um leque de opções que se abre cada vez mais para o ilustrador. É possível desenvolver projetos editoriais, ilustrações para livros e publicações diversas, embalagens de produtos, storyboard, além de imagens para estamparia. Assim como em qualquer profissão é preciso ter muito conhecimento e dedicação para executar um bom trabalho, e por se tratar de uma área ainda pouco valorizada no Brasil, é necessário fazer com que o trabalho seja visto para que possa ser desejado. Algumas marcas já estamparam suas campanhas com imagens de ilustradores famosos, como Tiffany&CO, Vogue, ELLE, Zara, Tommy Hilfiger, entre outras.
5. Por onde um aspirante a ilustrador deve começar sua formação?
Primeiramente é importante descobrir as principais habilidades no desenho e aprimorar cada vez mais, invista em cursos como design gráfico, ilustração e pintura. Para transformar esse dom em profissão exige conhecimento técnico, pois temos que estar preparados para seguir o briefing do cliente e, nem sempre, o estilo solicitado é aquele que mais nos agrada, mas é preciso buscar adequação do trabalho cada cliente e estabelecer a linguagem correta para cada situação. Um bom ilustrador busca mesclar técnicas artesanais complementando o trabalho com técnicas digitais. Também é necessário ter um portfólio de trabalhos e um cartão de visitas. Defina quais as áreas de maior afinidade com seu trabalho e faça contatos. É preciso ser persistente e saber tirar proveito das críticas.
Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
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