Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Era da abundância: Robô é capaz de mudar a indústria têxtil definitivamente

Fábrica vai contar com 21 linhas de produção totalmente automatizadas com máquinas da SoftWear, cada uma produzindo cerca de 1,2 milhão de camisas por ano

A indústria têxtil é provavelmente a mais significativa para a história do capitalismo moderno: foi com ela que nasceu a revolução industrial. E ela está prestes de mudar completamente, já que uma máquina pode substituir quase que completamente o trabalho humano neste segmento – abrindo caminho para a indústria se torne uma de abundância e não de escassez.

Essa indústria também sinaliza as mazelas do mundo atual (algo que está para mudar), afinal, a indústria têxtil é muito intensiva de pessoal. E para os produtos serem baratos, os trabalhadores precisam principalmente ser mal pagos – ou o custo deles infla muito o preço do produto. Ou seja, são geralmente trabalhadores asiáticos (chineses, vietnamitas, indianos) com salários baixos ou imigrantes em situação de extrema vulnerabilidade trancafiados em uma sala.

Várias grandes empresas (como a Zara) já foram pegas em fiscalizações, vendendo produtos de fornecedores que usavam trabalho escravo. E embora exista a polêmica de falar se elas sabiam ou não do trabalho escravo, elas no mínimo contribuíam com essa situação ao pressionar por preços mais competitivos de seus fornecedores. É o ovo ou a galinha.

Ou seja, esse é o tipo de indústria perfeito para automatização. Trabalho repetitivo e com pouco grau de instrução, funcionários mal pagos e com custos que podem ser economizados (com o transporte de uma peça de roupa da China para o Brasil, por exemplo). Aí que entra a máquina da SoftWear Automation, que fez um robô capaz de substituir humanos na indústria têxtil.

Da China para o Arkansas

A fabricante de roupas chinesa Tianyuan Garments Company vai ser uma das primeiras clientes da SoftWear, abrindo uma fábrica em 2018 no Arkansas, no sul dos Estados Unidos. Essa fábrica vai contar com 21 linhas de produção totalmente automatizadas com máquinas da SoftWear, cada uma produzindo cerca de 1,2 milhão de camisas por ano – para um total de 25,2 milhões de camisas. Ao invés de milhares de funcionários para realizar essa produção, esta fábrica terá apenas 400.

Ao invés de trabalhadores mal pagos, os únicos humanos serão técnicos especializados e muito bem remunerados. E mesmo assim, instalado nos Estados Unidos e com mão de obra recebendo um bom salário, as máquinas vão produzir a um custo comparável com o dos países de salário mais baixo no mundo. É uma revolução sem tamanho na indústria têxtil.  “Nosso objetivo é dar uma ferramenta para a indústria fabricar de maneira conveniente para seus consumidores”, disse Palaniswamy Rajan, CEO da SoftWear,  à Fast Company.

A tecnologia foi desenvolvida na Georgia Tech’s Advanced Technology Center, durante 10 anos. Um MVP foi feito dois anos atrás, que poderia fazer toalhas. A versão mais nova pode fazer camisas e acelerar o processo de fabricação de jeans (mas não terminar as peças sozinhas). Essa tecnologia vem substituir o que a indústria têxtil vem usando, com poucas mudanças, desde 1.800.

A máquina da SoftWear é um computador que consegue analisar que parte do processo ele está fazendo e fazer as atividades necessárias para completar a camisa. Cada parte do robô faz uma função diferente, guiada pela visão central: colocar etiquetas, mangas e a costura do ombro, por exemplo. No final, a roupa fica pronta e é enviada pelo robô para o local de armazenamento.

Isso funciona muito bem para produtos fabricados em massa, com pouca diferenciação, como camisetas. “As pessoas compram 11 bilhões de camisetas por ano. Este é um mercado muito interessante onde a automação faz sentido, nossos robôs fazem sentido, pois eles podem produzir uma grande quantidade em volume. Mas nunca faríamos um vestido de noiva”, afirma Rajan.

Efeito em países em desenvolvimento

Um efeito prático de curto prazo desta máquina é acabar com empregos mal pagos em países em desenvolvimento – jogando milhões de pessoas no desemprego – conforme as fábricas saiam destes países e se destinem para países desenvolvidos (como Estados Unidos e Europa). Esses países precisarão tomar um novo caminho para o desenvolvimento.

O trabalho para exportação acabará, mas a indústria têxtil para consumo interno, nestes países, ainda usará pessoas ao invés de máquinas (já que empregar esses trabalhadores continuará mais barato que as máquinas). Contudo, com cada vez mais robôs fazendo esse trabalho, é muito provável que o mundo tenha cada vez mais roupas disponíveis e esses trabalhadores possam ser realocados em outros empregos, onde serão mais produtivos.

Esse é o grande benefício da automação: substituir o trabalho de uma pessoa por um robô não faz com que a sociedade fique mais pobre, muito pelo contrário. Abre o caminho para que um novo trabalhador realize algo novo. A economia ideal é completamente automatizada e a era da abundância garanta que todos tenham boa situação de vida – grandes nomes como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Bill Gates chegam a propor uma espécie de bolsa-família universal para dividir os lucros da produção das máquinas com toda a sociedade.

Felipe Moreno é editor-chefe do StartSe e fundador da startup Middi, era editor no InfoMoney antes

https://conteudo.startse.com.br/nova-economia/tecnologia-inovacao/f...

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Um efeito prático de curto prazo desta máquina é acabar com empregos mal pagos em países em desenvolvimento – jogando milhões de pessoas no desemprego – conforme as fábricas saiam destes países e se destinem para países desenvolvidos (como Estados Unidos e Europa). Esses países precisarão tomar um novo caminho para o desenvolvimento.

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