Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Especialista do SENAI CETIQT comenta sobre moda circular e a importância do consumo ecofriendly

De acordo com a revista Meio Ambiente, empresas do setor têxtil e de confecção têm repensado as suas práticas e readequado as suas ações, adotando uma postura mais sustentável. Isso se reflete na escolha de fornecedores de tecidos e outros materiais, nas práticas sustentáveis de fabricação, no salário justo e no respeito aos funcionários e a comunidade. Ações como: utilização de tecidos ecofriendly, como algodão orgânico e tecidos compostos por retalhos, ou fibra de garrafa PET e o uso de corantes naturais para tingir os tecidos já são uma realidade para algumas marcas.

O mercado têxtil é um sucesso econômico, com crescimento em torno de 5,5% a cada ano. Segundo o site E-Cycle são US$2,4 trilhões anuais movimentados no mundo, o que colocaria a indústria da moda como a 7ª maior economia do planeta, se ela fosse um país. Para ajudar a reduzir o impacto ambiental, são pesquisadas, diariamente, soluções inovadoras de design, que levem em consideração desde a extração de matérias-primas até a produção, distribuição e uso, incluindo os famosos 3R: reduzir, reutilizar (reparar) e reciclar.

A analista de mercado Camila Costa, responsável pela Coordenação do Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular do SENAI CETIQT, apresenta alguns estudos voltados para a redução das consequências negativas no meio ambiente:

“A indústria da moda está cada vez mais focada em reduzir seu impacto ambiental. Muitas pesquisas têm sido realizadas para desenvolver soluções inovadoras nesse sentido. O eco design aliado a estudos de ACV (avaliação do ciclo de vida do produto) são soluções para minimizar os impactos ambientais que o setor causa. Processos produtivos mais sustentáveis que visam diminuir o consumo de água, energia e produtos químicos e redução de resíduos por meio de técnicas de corte eficientes e reciclagem de sobras de tecido já são realidade. Pesquisas visando a garantia da qualidade das fibras recicladas e viabilidade comercial  para tornar o têxtil pós consumo (roupas que são descartadas) uma nova commodity também estão sendo realizadas. Em 2018, durante a Conferência de Sustentabilidade Têxtil da Textil Exchange, em Milão, um painel de manufatura sustentável afirmava que o têxtil pós-consumo seria a nova commodity. É possível observar também o crescimento de startups focadas em técnicas inovadoras de reciclagem têxtil-a-têxtil”, explicou Camila.

A moda circular pode ser considerada a reinserção de roupas em novos ciclos de consumo, que podem favorecer a recuperação de recursos, aumento da vida útil dos produtos, ampliação do produto como serviço, entre outros. Algumas marcas, que podem ser chamadas de ecofriendly, já mostram como é possível recuperar e atribuir valor ao que hoje é descartado. A Retalhar, por exemplo, transforma o descarte de uniformes profissionais em cobertores e brindes exclusivos, bem como a Revoada, que iniciou a sua jornada com uma linha de produtos utilizando tecidos de guarda-chuvas e pneus, que eram descartados, mostrando que também é importante olhar para os resíduos de outras cadeias.

“A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade tem levado a um aumento significativo na produção e no consumo de produtos ecofriendly em diferentes setores, incluindo a indústria têxtil. O SENAI CETIQT oferece suporte com o desenvolvimento de tecidos sustentáveis utilizando matérias-primas sustentáveis, como algodão orgânico, bambu, fibras recicladas, entre outros. Além de consultoria para a otimização de processos de fabricação, visando reduzir o consumo de água, energia e produtos químicos, bem como a gestão de resíduos, orientação sobre certificações e normas ambientais relevantes para a indústria têxtil como, por exemplo, as certificações ZDHC e OEKOTEX. A realização de pesquisas para novos materiais, tecnologias e métodos de produção sustentáveis na área têxtil, consultoria especializada para auxiliar as empresas na implementação de práticas sustentáveis em suas cadeias de produção são algumas das outras áreas de atuação”, acrescentou.

A sociedade está acostumada a uma cultura de desperdício que está associada a diferentes setores. A transição de um modelo de produção linear para um modelo circular deve começar com uma mudança de pensamento simples, tanto das indústrias, quanto dos consumidores, o que por si só já tem um grande significado e pode fazer a diferença em um primeiro momento.

Porém, há quem diga que só reciclar pode não ser a solução, o ideal é que seja pensada toda a cadeia de valor para que a circularidade seja efetiva. De acordo com o report da Ellen MacArthur Foundation, dado o ciclo de vida curto das coleções, bilhões de dólares são perdidos anualmente com o descarte de roupas. Isso traz o questionamento se somente a reciclagem daria conta de tanto resíduo descartado, ou se as pessoas devem começar a entender a circularidade como algo que deva ser implementado na cadeia como um todo.

“Iniciativas, como as do SENAI CETIQT, que se dedicam a capacitar, inovar e incorporar tecnologias na indústria têxtil e de confecção, bem como mudanças na mentalidade das marcas e dos consumidores, são extremamente necessárias, porque, de acordo com a Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos, a indústria da moda é responsável por 4% das emissões globais de carbono e 35% da poluição por microplásticos nos oceanos, que vêm de microfibras eliminadas por fibras sintéticas. Além disso, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em anos recentes. A projeção é de um aumento de 60%, ou mais de 140 milhões de toneladas nos próximos oito anos, caso não aconteça uma transição do modelo linear para um circular”, alertou Camila.

O SENAI CETIQT   

O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT – é formado pela Faculdade SENAI CETIQT, Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) e Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção. Inaugurado em 1949, é hoje um dos maiores centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, setores que juntos geram cerca de 11,9 milhões de empregos no país. 

por Jaqueline Crruz

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