Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Empresas utilizam fibras de banana, garrafa pet, borracha triturada, excessos da indústria têxtil para criar novos negócios e propósitos para a moda.

Sapatos da Insectashoes expostos na Brasil Eco Fashion Week (Foto: Época NEGÓCIOS)


Reunir marcas e empreendedores que estão buscando um novo olhar para a moda no país. Esse é o desafio da Brasil Eco Fashion Week, a primeira semana de moda sustentável, que faz uso de materiais não aproveitados ou reciclados da indústria tradicional. Uma moda feita a partir de novas matérias-primas, capaz de produzir itens mais sustentáveis e valorizando um consumo mais consciente. E que traz histórias de empresas relativamente novas como a Oriba, Comas, Insecta Shoes, Ecosimples e Mescla.

Essas empresas endossam o discurso da economia circular e a maioria promove o reuso – parcial ou total – de materiais como fibras de banana, PETs, plásticos, borrachas trituradas, mangas de roupas que sobraram em confecções. Entram também materiais cultivados sob outros preceitos, como o algodão orgânico. "Muitas pessoas estão buscando reposicionar a moda, trabalhar em rede, se distanciar dos formatos tradicionais. O problema é que aqui todo mundo luta para pagar a conta", diz Luciane Robic, diretora de marketing do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa), que promove o Brasil Eco Fashion Week em São Paulo.

A adesão nos últimos anos de grandes estilistas – como Alexandre Herchcovitch – ao uso desses produtos reutilizados ou reciclados movimentou novos fornecedores, garantindo que essa rede possa ser criada, segundo Marisa Feregutt, da Ecosimples, que produz tecidos sustentáveis. Há ainda muitos desafios, porém.

Precificar o produto que chega na ponta final – o guarda-roupa do cliente – é um deles. Há empresas de moda sustentável que fazem esse trabalho de forma totalmente artesanal,
em baixíssima escala e com viés estilista. O modelo agrega valor, mas o custo fixo é alto. Na marca Comas, por exemplo, esse custo é de 70%. "Nem eu consigo comprar a roupa que eu produzo", diz a fundadora Maria Agustina Comas. "Ainda estou descobrindo como precificar bem e pagar todos os custos".

Na marca masculina Oriba, o que funciona é posicionar um markup (multiplicador aplicado ao preço de custo do produto) de 2.5 vezes. "As grandes indústrias de fast-fashion praticam um markup de 10 vezes. Dizem que é saudável para o negócio ficar em 5 vezes. Na Oriba, conseguimos ficar em 2,5 vezes e fechar as contas", conta Paulinho Moreira, cofundador da Oriba. Segundo o empreendedor, a empresa já abriu mão de usar matéria-prima sustentável peruana porque levaria às lojas um produto com um preço muito mais alto do que o restante do portfólio.

Pensar no que é um preço justo para o produto – e não apelar nas promoções – é uma das diretrizes da empresa carioca de moda masculina Mescla. "Precisamos ver o que é um preço justo para quem produz e para quem compra. O que fazemos muitas vezes é um mix – abaixamos o preço de uma peça ícone, que está cara, e aumentamos o de outra com potencial de venda", diz o fundador Lucas Arcoverde.

Já na Insectashoes, por exemplo, que vende sapatos veganos (produzidos com couro vegetal), ecológicos e unisex, nenhum modelo sai por menos de R$ 250. O preço leva em conta o processo de algumas matérias-primas. A sola, por exemplo, é feita de borracha triturada do excedente da indústria calçadista e a palmilha vem do excesso da indústria têxtil. O processo de reuso desses materias envolve tecnologias e é custoso. A questão é saber se as pessoas querem mudar sua forma de consumo e pagar mais alto pela escolha. Algo que é oportunidade de mercado, na visão de Luciane Robic. "Com as pessoas consumindo cada vez menos, elas poderão se dar ao luxo de gastar mais em um produto que sabem de onde vêm e como é feito". A Insectashoes tem três anos e já fatura acima de R$ 1 milhão. 

http://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2017/11/ess...

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