Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

industria_moda_1               Empresários do setor têxtil, de confecção e especialistas vão debater pontos estratégicos para o negócio – (Arte/Tutu)

Fórum na sede da Federação reuniu importantes nomes do setor, como Alice Ferraz, Flavio Rocha, Paulo Borges, Gerson Vaccari, Martha Medeiros, entre outros

Para discutir a indústria da moda de forma mais aprofundada, a FecomercioSP, em parceria com o Estadão, promoveu o Fórum Negócios da Moda, nessa terça-feira (28). O evento  aconteceu no Teatro Raul Cortez, na Entidade, a partir das 9h.

O encontro reuniu empresários do setor têxtil, de confecção e especialistas para debater pontos estratégicos para o negócio, como planejamento, globalização, mão de obra, profissionalização e tendências como co-branding, entre outros. O fórum contou com o apoio da Associação Brasileira de Estilistas (Abest) e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

O tema “moda” tem ganhado importância no dia a dia do Estadão, tanto que, em março deste ano, o jornal e o portal incorporaram essa pauta na editoria Vida & Estilo, tendo como um dos seus principais objetivos tratar a moda como negócio. Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, em 2013, as cadeias têxtil e de confecção faturaram US$ 58,2 bilhões, com investimentos totais de US$ 1,6 bilhão, conforme dados da Abit. O segmento é o segundo maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos). O setor registra 1,7 milhão de empregados diretos – e 8 milhões se forem adicionados os indiretos e o efeito-renda, dos quais 75% são de mão de obra feminina.

Dividido em painéis, o evento teve entre os palestrantes nomes como Gerson Vaccari, responsável pelas marcas Dumond, Capodarte e Lillys; PatriciaBonaldi, estilista e empresária; e Isabel Tarrisse da Fontoura, analista de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que abordaram a presença do Brasil no cenário internacional, com moderação de Paulo Borges, CEO da Luminosidade e diretor criativo do SPFW.

industria_moda_2                    Primeiro Painel – Presença do Brasil no Cenário Internacional

Neste painel, Gerson Vacari e Patrícia Bonaldi falaram sobre suas experiências bem sucedidads de internacionalização de suas marcas e das das principais dificuldades enfrentadas nesse processo, desde a criação dos produtos com design atual e global, o uso de matérias-primas de qualidade e inovadoras, a necessidade da formação de mão-de-obra qualificada dentro das próprias empresas, até as legislações tributárias, fiscais e trabalhistas mais rígidas  e onerosas, que acabam tornando nossos produtos em desvantagem conpetitiva tanto no Mercado interno quanto internacional. “Mas para ultrapassar essas barreiras, temos que investir ainda mais na qualidade e na criatividade na criação e produção de nossos produtos, para criar um valor agregado que se sobreponha ao preço e que faça com que o cliente veja em nossa marca razões para elejê-la como sua preferida. É preciso ter determinação e persistência e uma estratégia bem definida de médio e longo prazo, destacou Patrícia Bonaldi.

Gerson Vacari, compartilhou a experiência do Grupo Paquetá ao decidir deixar de ser unicamente uma fabricante de calçados de produção terceirizada para ter sua própria marca. O Grupo que nasceu em Sapiranga, RS, tem hoje 35 lojas for a do Brasil, incluíndo  Itália e Dubai. “Para Vacari, a questão do preço mais caro do nosso produto em relação ao Mercado internacional, atrapalha, mas nem tanto, pois a marca está mais focada em valores como tradição, qualidade, conforto e na percepção do diferencial brasileiro captado pelo consumidor internacional. Nossos produtos são mais alegres, têm mais cor, sensualidade, diferentes dos produtos europeus, principalmente no setor de calçados”, completou Vacari.

Já Isabel da Fontoura, Analista de Negócios Internacionais da Apex, destacou a importância do trabalho que a entidade realiza auxiliando a indústria nacional que quer se internacionalizar. “O primeiro passo é começar por uma estruturação e adequação nos processos locais, uma investigação detalhada para saber a qual o melhor mercado a ser explorado, quais as adequações necessárias ao produto para agradar aos novos consumidores, fortalecer os bons atributos já inerentes à marca, etc. Participar de eventos internacionais é fundamental para adquirir essa percepção e tornar a marca conhecida. Mas tudo isso não é simples matemática, envolve um sério processo analítico de médio e longo prazo e é esse apoio que a Apex oferece às empresas brasileiras que querem se internacionalizar, bem como às empresas e investidores que têm interesse no Brasil. A Apex possui hoje escritórios em vários países justamente para intensificar esse trabalho e facilitar os processos para as empresas, explicou a Analista da Apex.

O CEO da Luminosidade e Diretor Criativo do SPFW, mediou o painel, mas também compartilhou experiências e importantes adquiridas ao longo de quase 20 anos realizando um dos eventos de moda mais importantes do mundo. “O SPFW contribuiu para projetar internacionalmente a moda e os estilistas brasileiros e os compradores internacionais. Moda é encanto e precisa gerar desejo”, diz Borges. “Uma marca tem que saber onde quer chegar, ter uma visão de futuro e para isso é fundamental estabelecer uma estratégia de médio e longo prazo. É preciso também que haja uma comunicação muito boa que conecte a marca e o consumidor, principalmente nos dias atuais em que as redes sociais são os canais dominantes onde a imagem é o maior fator gerador de desejo, conclui Borges.

“Para internacionalizar uma marca é preciso retroalimentar sua imagem, através da participação em eventos importantes, ter visão de futuro, perseverança  e humildade para saber ouvir e se adaptar aos novos mercados, concluiu Isabel da Fontoura.

Outro ponto de destaque foram as ameaças e oportunidades da China, que segundo a Analista da Apex deve ser vista não só como um predador, mas como um mercado de grande potencial para as empresas brasileiras também. Paulo Borges, também falou sobre o tema ressaltando que muita coisa mudou nos últimos tempos e aproveitou o momento para desmistificar a ideia de que os produtos chineses são baratos e de má qualidade. Hoje já um conceito de design forte e muitos estilistas começam a se destacar no mercado chinês e Isabel da Fontoura também destacou que a Apex já possui um escritório em Shangai.

Um dos destaques do encontro foi o tema “mercado de trabalho e o comércio justo”. Os palestrantes discutiram as condições precárias de trabalho, eventualmente oferecidas por algumas empresas do ramo. O assunto foi debatido por Fernanda Teixeira Souza Domingos, representante do Ministério Público; Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); e Paulo Delgado, membro do Conselho de Relações do Trabalho da FecomercioSP, moderados por CleyScholz, editor do portal de Economia & Negócios do Estadão.com.

industria_moda_3                    Segundo Painel – Mercado de Trabalho e Comércio Justo

Sobre a questão, Delgado, da FecomercioSP, ressalta que “a qualidade e o valor de um produto devem ser mensurados não somente pela sua estética ou durabilidade, mas pela forma com a qual foi produzido, o que inclui, essencialmente, um processo que ofereça condições saudáveis de trabalho”.

Por tratar-se de um tema delicado que envolve questões relacionadas à dignidade humana, “a legislação e vigilância estão muito atentas para coibir casos de abuso e de condições análogas ao trabalho escravo em todo o Brasil, sobretudo nos grandes centros, destino mais comum de imigrantes que buscam o Brasil em busca de melhores condições de vida, explicou a Dra. Fernanda Teixeira Souza Domingos, Representante d”o Ministério Público, que completou esclarecendo que o empregador, também pode ajudar os trabalhadores estrangeiros no processo de legalização no País e fazendo sua contratação de acordo com as leis trabalhistas vigentes, que são as mesmas que resguardam os direitos dos trabalhadores brasileiros.

Com o tema “tendências e inovação”, o terceiro painel foi composto por Martha Medeiros, estilista e empresária; Alice Ferraz, fundadora e CEO da Alice Ferraz Comunicação Integrada e F*hits; Paulo Correa, vice-presidente da C&A; e moderação de Maria Rita Alonso, jornalista e consultora de moda e estilo.

industria_moda_4                    Terceiro Painel – Tendências e Inovação

O Painel destacou o papel das redes sociais na moda, como o potencial comercial do Instagram e a influência cada vez maior das Blogueiras. Alice Ferraz, CEO da Alice Ferraz Comunicação Integrada e F*Hits, destacou a importância da comunicação especializada para se trabalhar nas redes sociais, que se diferencia muito das formas tradicionais. “É cada vez mais necessária uma especialização para esse trabalho e o reconhecimento de uma nova  profissão que está se consolidando, a do profissional de Mídias Sociais, incluindo as Blogueiras e blogueiros de moda, disse Alice. “Hoje as blogueiras são pessoas muito influentes no setor da moda. Elas se tornaram referenciais mais reias e mais próximos das pessoas do que as modelos, por exemplo, que são estereótipos mais distantes. Quando uma blogueira usa uma roupa e além de mostrar, diz nas redes sociais que gostou e que está usando determinada marca, ela está influenciando de forma importante  outras consumidoras a usá-la também. Muitas marcas já se utilizam do trabalho das blogueiras como um tipo de pesquisa para saber se determinado modelo ou tendência agrada ou não suas consumidoras. O fato desse trabalho ser pago, não compromete sua credibilidade desde que se respeite a ética e que, em caso de posts de propaganda isso seja destacado de forma clara para a consumidora”, conclui Alice.

E com o objetivo de formar e qualificar esse novo profissional de Mídias Sociais a Faculdade de Belas Artes está estabelecendo um curso de formação de dois anos para atender à essa nova demanda. “Demoramos um ano para estruturar o curso, mas valeu a pena”, diz Alice Ferraz, uma das incentivadoras da iniciativa.

Já Martha Medeiros, que desde cedo já manifestou sua vocação empreendedora, abrindo ainda menina uma boutique de roupas de alta costura  para bonecas, não abre mão de usar seu Instagram. Martha tem mais de 300.000 seguidores, entre brasileiros e estrangeiros. “Já vendi meus vestidos para uma compradora do Hawai e estamos indo entregar uma encomenda para a primeira dama da Angola.

Martha se mantém fiel ao seu estilo regional valorizando o bordado nacional, em modelos de festa vendidos para uma clientes brasileiras e internacionais. Seus modelos já cruzaram o oceano e são vendidos também nos Estados Unidos e na Europa. Martha não abre mão da qualidade dos materiais que usa, do acabamento perfeito e de uma modelagem impecável. “A modelagem é que dá alma aos vestidos”, diz Martha, que estava vestida com um deslumbrante vestido preto rendado de sua marca.

Ela também destaca a dificuldade de encontrar mão-de-obra especializada e a necessidade de formar seus próprios profissionais entre as pessoas de sua própria equipe. “Na nossa empresa não importa como a pessoa está começando, o que importa é que tenha brilho nos olhos e que queira aprender e crescer. Se tiver isso, nós damos as condições e só temos ganhado com isso”, afirma Martha.

Oura dificuldade destacada por Martha Medeiros para um processo de internacionalização de sua marca é a dificuldade no acesso a uma maior quantidade de matérias-primas de qualidade. “Enquanto no Brasil, conseguimos, umas poucas opções, lá fora há dezenas e em alguns casos, centenas de alternativas de altíssima qualidade”, explica Martha, ao contar sua experiência ao lançar uma coleção sua na Itália, na qual mescla sua tradicional renda com linho. “Enquanto aqui conseguimos dois modelos de linho branco com a qualidade que desejávamos, os italianos nos apresentaram uma quantidade enorme de alternativas de muito melhor qualidade que o nosso, o que nos fez escolher o produto deles e deixar para outra oportunidade a possibilidade de colocarmos uma etiqueta madeiinBrazil nas nossas peças”, contou Martha.

Para falar um pouco sobre os desafios do grande varejo, Paulo Correa, Vice- Presidente Comercial da C&A, explicou que a empresa firma sua estratégia sobre dois pilares importantes, “um é o vento a favor que pode vir da economia, mas sobre o qual não temos muito controle e o outro e mais determinante, é o quanto a empresa melhora sua proposta de valor para o seu cliente de um ano para o outro”. “Oferecer mais valor agregado e produtos e serviços mais relevantes ao cliente é um desafio que requer um esforço grande, mas é a melhor forma de superar obstáculos que estão ao no nosso âmbito de ação, disse Paulo Correia.

Uma estratégia que deu certo da C&A é o modelo co-branding. A Loja já fez 37 parcerias desse tipo para suas coleções com estilistas nacionais e internacionais, mas sempre com a preocupação de que sejam peças que estejam dentro do perfil e da preferencia da brasileira. “O brasileiro gosta de se expressar na forma de se vestir, é uma característica que tem que ser respeitada, e é por isso que fazemos nossos produtos sempre com a colaboração dos nossos clientes e nisso as redes sociais têm colaborado muito”, finalizou Correa.

Por fim, Flavio Rocha, CEO da Riachuelo, e Roberto Davidowicz, presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), debateram sobre a competitividade e a produtividade do setor, moderados por Ernesto Bernardes, diretor de projetos especiais do Estadão.

industria_moda_5                    Quarto Painel – Competitividade e Produtividade

Recém-chegado da OIT e das conferências anuais das duas maiores federações mundiais do setor (International Textile and Manufacturers Federation e International Apparel Federation), Fernando Pimentel, da Abit, explicou que “o tema sobre trabalho é polêmico em todo o mundo, pois envolve vários interesses tanto de fabricantes quanto varejo, de consumidores e de países. Defendemos que se o mercado é global, os meios e as práticas também devem ter regras globais. Isso é um comércio justo”.

“É muito importante para a Abest debater a competitividade e a produtividade do setor de moda no Brasil. Nos preocupamos constantemente com o mercado, em busca de ações estratégicas e planejamento para conquistar novos espaços para os nossos estilistas. A troca de experiências ao lado de importantes nomes do mercado em um evento como esse é essencial para nós, já que estamos em um momento histórico em que a Abest completa dez anos e registra o crescimento em vendas de seus associados em novos polos, como a China”, afirma Roberto Davidowicz, presidente da Abest.

Galeria de Fotos

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industria_moda_7Paulo Borges – CEO da Luminosidade e Diretor Criativo do SPFW com Susy Zocolaro – Editora de Conteúdo do Connect Media

 

industria_moda_8Susy Zocolaro e Martha Medeiros – Estilista e Empresária

 

industria_moda_9Susy Zocolaro e Alice Ferraz Comunicação Integrada e F*Hits

 http://connectmedia.com.br/estadao-e-fecomerciosp-debatem-industria...

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