Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Durante a última semana de moda de Paris, Christophe Lemaire, 49, se debruçava sobre tecidos nobres e provas de texturas horas antes do seu desfile de inverno 2015. Depois da passarela, suas criações cairiam no guarda-roupa de “pessoas que você provavelmente nunca irá conhecer nem ver em tapetes vermelhos”, sentencia. “Mulheres ricas, muito ricas.”

Responsável há quatro anos pela grife Hermès, uma das mais tradicionais do mundo, que criou as bolsas Kelly (inspirada em Grace Kelly) e Birkin (em homenagem a Jane Birkin), o estilista francês é avesso a qualquer mudança que tire da marca a imagem de exclusividade. Inclusive o preço. Os clientes chegam a pagar R$ 400 mil por uma bolsa de couro de crocodilo. Verdadeiro, claro.

Grife Hermès

“As pessoas não consomem Hermès porque procuram status. Nossas clientes não querem aparecer, não são jovens fashionistas descobrindo seu estilo. Estão em outro nível, são independentes da moda”, diz o diretor criativo da marca.

Talvez ele não saiba que, no Brasil, as “hermezetes”, como são chamadas as fãs da grife, são blogueiras famosas e filhas de socialites, como Sophia Alckmin, Helena Bordon e Thássia Naves, que frequentam a única loja da marca no país, no shopping Cidade Jardim, em SP.

Em 2010, Christophe saiu de outra grife francesa, a Lacoste, onde trabalhava como estilista há dez anos, para reconstruir a imagem da casa que tinha o vanguardista Jean Paul Gaultier na direção de estilo. Sabia que não deveria seguir os passos de seu antecessor, que, apesar de ser considerado um gênio, chamava mais atenção do que as roupas que criava para a Hermès.

“Sempre trabalho com herança, com um glamour que não tem a ver com celebridades nem com imagens de moda sensacionais que só servem para a passarela. Minhas clientes gostam de roupa de verdade. Refinamento não significa ‘intelectualizar’ o vestuário, com obras de arte ou construções complexas demais. Não desenho para artista.”

Na passarela do estilista, esse refinamento foi expresso em looks inspirados nas estepes russas e na tapeçaria da Pérsia. Tons de cáqui, caramelo e branco compunham a cartela, aplicada em camisas, casacos e vestidos.

A referência à Rússia não é de graça. Vem do país boa parte da clientela da Hermès. As mulheres de lá amam marcas de luxo e não temem os milhões de rublos cobrados por uma peça.

EM FAMÍLIA

Fundada em 1837 com foco em itens de luxo para selaria, como arreios para cavalos, a Hermès é cobiçada pelos investidores de conglomerados de moda.

O grupo LVMH, dono da Louis Vuitton e da Marc Jacobs, entre outras grifes, tenta há vários anos comprar, sem sucesso, mais ações da etiqueta. Eles são donos de 22,3% da marca. Os herdeiros de Thierry Hermès (1801-1878), fundador da grife, tem 77,7% da empresa.

“Não trabalhar em um conglomerado de moda me dá liberdade para fazer o que vier à cabeça, sem me preocupar com a disputa interna que há entre os estilistas e os números dos grupos concorrentes”, diz Christophe.

A Hermès tem orgulho de não se render aos movimentos da chamada “democratização da moda” -um termo para preços mais baixos e qualidade idem.

“A grande questão para os jovens que estão começando a assumir marcas consolidadas é a pressão quanto ao rumo que devem dar às coleções. No meu caso, a única pressão que sinto é a minha”, diz Christophe, que não teme a pecha de arrogante. “A pior coisa que pode acontecer a um estilista é fazer o que os outros esperam dele.”

http://boainformacao.com.br/2014/05/estilista-da-hermes-faz-roupa-p...

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