Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Estudo propõe polietileno como tecido sustentável do futuro

Engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram tecidos que auto arrefecem feitos de polietileno, um material usado em sacos plásticos, que tem como aspiração tornar-se “o tecido do futuro”, mais sustentável do que o algodão e outros materiais.



Tecidos de polietileno poderão vir a ser o futuro - EFE


Numa pesquisa publicada segunda-feira (15 de março), na revista britânica Nature Sustainability, os engenheiros têxteis do MIT garantem que o polietileno é “fino e leve” e, portanto, uma roupa feita com este material “poderia manter a pessoa mais fresca do que a maioria dos tecidos, já que elimina o calor em vez de o conservar”. 

De acordo com Svetlana Boriskina, investigadora e cientista do Departamento de Engenharia Mecânica do MIT, "sacos plásticos, que muitas vezes acabam nos oceanos, provocando sérios problemas ambientais, podem ser recolhidos, reciclados e transformados em ténis ou roupa”.

Embora nem tudo seja positivo, uma vez que este material também retém água e transpiração com facilidade, sendo incapaz de expelir e evaporar a humidade, propriedades que até agora desestimulam a sua adoção em peças de vestuário. 

A estrutura da molécula do polietileno tem uma arquitectura semelhante à do Teflon, que resiste à aderência à água. Por esse motivo, Boriskina afirmou que todas as pessoas com as quais entraram em contacto acreditam que este material “não resultará como matéria têxtil”, mas continuam a tentar novas experiências.

Os investigadores começaram a utilizar polietileno na sua forma em "pó", recorrendo a equipamentos de manufatura têxtil para “derreter e transformar” o material em fibras finas. Durante o processo, descobriram que este “oxidava ligeiramente” e alterava a energia da fibra de polietileno, tornando-a “pouco hidrofílica e capaz de atrair moléculas de água”.

Depois de tecer o fio em tecidos, testaram a sua absorção em relação ao algodão, nylon e poliéster, mergulhando os têxteis e calculando o tempo necessário para que o líquido fosse absorvido. Os investigadores também colocaram cada tecido numa balança sobre uma gota de água e mediram o seu peso durante o processo de evaporação.

Em cada teste, o polietileno retirou e evaporou a água mais rápido que os restantes tecidos. Embora tenha perdido parte das suas capacidades absorventes com a repetição, como confirmou Svetlana Boriskina, ao “esfriar o material e esfrega-lo”, o qual se tornou hidrofílico novamente.

A coloração também foi um desafio, e teve de ser acrescentada ao material seco, evitando submergi-lo em “soluções de produtos químicos agressivos” e permitindo que, ao fim do seu ciclo de vida, fosse possível "derreter, centrifugar e recuperar as partículas para usa-las novamente", admitiu Boriskina.

Por isso, os investigadores defendem que o polietileno, pelas suas propriedades físicas e pelo seu processo de fabrico, tem uma “pegada ecológica” menor que o poliéster e o algodão, e também requer menos energia para lavar: bastam 10 minutos a frio. “Não fica sujo porque nada adere a este”, destacou Svetlana Boriskina.

A equipa de investigadores do México, EUA, Itália ou Coreia do Sul, entre outras nacionalidades, encontra-se a explorar agora como incorporar tecidos de polietileno em roupas desportivas, roupas militares e até mesmo roupas espaciais de última geração.

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