Copa do Mundo, 20 anos da São Paulo Fashion Week (2015) e Olimpíadas (2016). Mais que datas importantes, essa sequência de efemérides está sendo encarada como uma boa oportunidade para levantar a moral da moda brasileira, que andava meio caída nos últimos tempos. Não por falta de produção, obviamente. Mas por culpa do pessimismo trazido pela crise que vitimou algumas marcas tradicionais e pela concorrência interna acirrada pelas grifes estrangeiras.
Ficar "catatônico", porém, não resolve a situação, diz o diretor da SPFW Paulo Borges. "Não podemos nos deixar levar pelo desânimo, é hora de construir uma nova percepção da moda brasileira", diz Borges, que lança hoje o projeto Amo Moda, Amo Brasil, que vai reunir uma série de ações com intenção de promover e revalorizar a moda brasileira. Na agenda do projeto está o lançamento de um filme feito pela produtora Higher and Higher, do fotógrafo Mario Testino. Com 30 segundos de duração, ele será veiculado em canais a cabo e também na internet. O objetivo é torna-lo viral e provocar engajamento, principalmente via redes sociais. "O filme fala da paixão do brasileiro pela moda", diz Borges.
Uma olhada nas recentes mudanças no perfil do varejo de moda já basta para perceber que é preciso continuar a cuidar da gestão das empresas, dos processos de produção e de criação. Diante da concorrência de empresas globais - que vendem tendências de moda por preços baixos - não se pode ser amador. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), em 2013 o déficit do setor têxtil foi de US$ 5 bilhões. A China segue como o país de onde vem a maior parte dos artigos importados. De janeiro a dezembro de 2013, foram importados US$ 3,5 bilhões, entre têxteis e confeccionados. E com os mercados europeu e americano ainda se recuperando de crises, a disputa pelo mercado brasileiro só cresce.
Mobilizar a longa cadeia têxtil brasileira, no entanto, é um desafio. Segundo Borges, a grande maioria das cerca de 300 mil empresas de moda em atividade é micro ou pequena. "Isso mostra uma pulverização, mas também a vocação artesanal da nossa moda, que não pode ser desprezada", afirma. Já passou da hora, no entanto, de fazer essa produção artesanal ganhar competitividade. "É preciso haver renovação e isso terá um impacto não só econômico, mas também social e cultural".
Dentro do projeto Amo Moda, Amo Brasil estão previstas exposições, desfiles temáticos, filmes e ações que exaltem o que de melhor é feito pela nossa indústria. "A entrada de marcas estrangeiras na concorrência não é ruim", diz Borges. "Isso mexe com o mercado, traz ganho de qualidade, traz inovação". Será preciso, no entanto, correr para não perder o bonde da história da moda.
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Por Vanessa Barone | Para o Valor, de São Paulo
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Concordo em parte com o texto, porém, se esquecem de falar que o custo para as marcas participarem dos eventos que podem catalisar as vendas estão ficando fora da realidade. Hoje um evento de médio porte pede fácil de 11 a 30 mil por 3 dias de feira, sem falar nos custos de logística e da feira em si (pessoal e etc). Também há de se mudar este foco de ganhar MUITO dinheiro nas custas dos expositores!
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