A companhia de cosméticos Natura registrou queda de 1,8% no lucro líquido no segundo trimestre do ano, para R$ 188,1 milhões. No mesmo período do ano passado, o resultado tinha sido de R$ 191,5 milhões.
Segundo balanço divulgado ontem, a margem Ebitda (do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também sofreu redução, variando de R$ 331,8 milhões para R$ 327,3 milhões.
A diminuição do lucro ocorreu apesar de um aumento de 8,6% na receita do período, que chegou a R$ 1,394 bilhão. Porém, junto com a receita aumentaram a remuneração dos administradores (29,7%), as despesas administrativas e gerais (28%) e as despesas com vendas (17,5%).
Os resultados da empresa são uma mostra de como devem ser, em muitos aspectos, os balanços das companhias abertas brasileiras no segundo trimestre do ano, que praticamente começam a ser divulgados nesta semana. Apenas a Localiza, empresa de locação de veículos, já divulgou os números, na semana passada.
A expectativa dos analistas é que, no geral, a desaceleração da economia tenha reflexos na diminuição do ritmo de crescimento da receita das empresas, e que a pressão de custos, especialmente matéria-prima e salários, e de despesas operacionais se mantenha, com impacto sobre o lucro líquido.
No caso da Natura, a alta da receita no segundo trimestre, de 8,6%, foi menor que o crescimento dos três primeiros meses do ano, de 13%. Também ficou abaixo da estimativa de analistas, como das corretoras Fator (receita de R$ 1,537 bilhão) e Ágora (R$ 1,432 bilhão). Os custos e, principalmente, as despesas subiram, 3% e 17%, respectivamente.
"Deveremos observar queda de margem operacional das empresas, fato verificado desde o fim de 2010, quando a pressão de custos já pôde ser sentida", afirma Mônica Araújo, estrategista da Ativa Corretora, em relatório com as perspectivas para o trimestre.
Algumas prévias operacionais também mostram uma certa desaceleração, embora os resultados das companhias continuem muito fortes. Entre as administradoras de shopping centers, por exemplo, a BR Malls registrou crescimento de 24% nas vendas totais das lojas em relação ao segundo trimestre de 2010, mas apresentou queda na comparação com as mesmas lojas. Já a Aliansce, do mesmo setor, verificou expansão das vendas tanto totais (29%) quanto mesmas lojas (13%).
A Hering, companhia do setor de varejo têxtil, apresentou crescimento ainda bastante elevado, de 38% na receita bruta total, mas já inferior aos 45% do primeiro trimestre. As vendas da rede Hering Store no critério mesmas lojas subiram 16%, contra 23% nos três primeiros meses do ano.
No setor de construção, a maioria das empresas que divulgou prévias de resultado teve aumento das vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, algumas apresentaram queda na mesma comparação. As vendas da MRV Engenharia, empresa mineira com foco na baixa renda, caíram 1%, para R$ 968,5 milhões. No caso da Even, o recuo foi de 31%.
Considerando a última linha do balanço, embora o lucro líquido da Natura tenha caído, a expectativa para o universo das companhias abertas é que ocorra crescimento dos ganhos. E isso deve se repetir nos outros trimestres do ano.
As projeções dos analistas do Credit Suisse para o ano indicam aumento de 17% para a receita e de 25% para o lucro das mais de cem empresas que a instituição acompanha.
A Ativa prevê aumento próximo de 10% para o lucro líquido das companhias do Índice Bovespa em 2011.
A Net confirma essa estimativa de resultado maior. O lucro líquido da companhia, divulgado ontem à noite, subiu 121%, para R$ 125 milhões. A receita avançou 24%, para R$ 1,628 bilhão.
Os custos da empresa também tiveram crescimento, de 25%, e alcançaram R$ 1,015 bilhão. As despesas operacionais avançaram 17% e totalizaram R$ 408 milhões.
Fonte:|http://www.valoronline.com.br/impresso/investimentos/119/459477/nat...