Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

SÃO PAULO -  Investimentos a partir de recursos do mercado financeiro são um fenômeno relativamente recente no setor brasileiro de moda. Começaram com gestoras de grandes marcas, como a InBrands, dona a Ellus, e a Restoque, da Le Lis Blanc Deux, e agora chegam à indústria de aviamentos têxteis. A fabricante de etiquetas Tecnoblu acaba de unir-se a um fundo de private equity e venture capital para alavancar seu projeto de crescimento.

A empresa vendeu uma participação de 25% para a gestora de fundos CRP Companhia de Participações, por meio do Fundo CRP Empreendedor, e estabeleceu um programa de investimento de R$ 40 milhões, nos próximos três anos, para dobrar sua atual capacidade produtiva, através de crescimento orgânico e aquisições.

Como muitas pequenas e médias empresas, o início da trajetória da companhia foi marcado por percalços. "Nossos primeiros cinco anos foram de muita dificuldade", conta o diretor Cristiano Buerger. "A Tecnoblu era um ótimo estúdio, mas não uma ótima fábrica: o excesso de inovação prejudicava o bom desempenho da operação, com muitos gastos com matérias-primas e dificuldade de cumprir prazos", relata.

Segundo o executivo, isso mudou após ele participar de um curso do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que o ajudou a regularizar a situação financeira da empresa e realizar uma viagem ao exterior para conhecer tendências do mercado. "Começamos a antecipar o que as marcas gostariam, com um diferencial, que é a identidade brasileira".

Em 2002, foi formado um conselho consultivo para a companhia, com nomes como Pedro Janot, presidente Azul Linhas Aéreas, Giuliano Donini, presidente da Marisol e Gil Karsten, diretor do Banco Pátria. O conselho sugeriu a Buerger trazer para a empresa sócios executivos e desenvolver um modelo próprio de gestão. "Agora que estamos com esse modelo bem desenvolvido, precisávamos de um parceiro forte para bancar esse crescimento", conta o empresário.

"Vimos na Tecnoblu o perfil empreendedor e a liderança do Cristiano, um negócio com alto grau de inovação, com diferenciais competitivos relevantes, inserido num segmento que vem crescendo muito e com a possibilidade de novos projetos", relata o diretor-executivo da CRP, Dalton Scmidtt. A CRP busca uma taxa de retorno de investimento de 20% a 25% ao ano, trabalhando junto às empresas por até cinco anos. O fundo é sócio hoje de 15 companhias, que somam mais de R$ 6 bilhões de faturamento.

Planos

De acordo com Buerger, 30% do investimento de R$ 40 milhões será aplicado em tecnologias e processos, visando crescimento orgânico do negócio de etiquetas e tags. O objetivo é atingir 15% de participação neste mercado, ainda bastante pulverizado. O restante será usado na aquisição ou fusão com uma empresa de botões de metais. Hoje a Tecnoblu distribui no Brasil botões fabricados pela argentina Apholos.

A empresa, que atualmente fatura R$ 50 milhões ao ano, visa atingir receita de R$ 180 milhões em 2016. Para isso, projeta um crescimento de 35% ao ano nos próximos anos - a fabricante tem registrado crescimento médio de 24% ao ano nos últimos 10 anos.

Mas os botões não são a única área em que a companhia pretende se expandir. "Queremos ajudar nossos clientes a construir suas marcas, desde a coleção ao empacotamento. Então seguramente, no futuro, vamos oferecer às empresas embalagens diferenciadas", adianta Buerger.

Dentro do negócio de etiquetas e tags, onde atua principalmente nos segmentos de jeanswear, sportswear e casualwear, com 800 marcas como clientes, o empresário também vê novas possibilidades de negócios. "Nossa atuação ainda é pequena em calçados, underwear, malharia, infantil e cama, mesa e banho, mercados onde vemos grande potencial", diz. Com isso, ele espera atingir 1,2 mil clientes.

Outra meta é separar o estúdio da empresa, que conta com 14 profissionais de criação, em um negócio independente. "A diretriz de inovação partirá do Estúdio Tecnoblu, que guiará os demais negócios", conta Buerger. "Esse estúdio vai trabalhar com segmentações de mercado, entendendo a particularidade dos diferentes consumidores, de olho nas tendências mundiais".

Tendência

O diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, vê no avanço do segmento de aviamentos um reflexo da sofisticação do setor têxtil brasileiro. "O mercado está mais competitivo e sobreofertado e, com o aumento do poder de consumo, há maior exigência por diferenciais. Com produtos mais sofisticados e maior incorporação de tecnologia, cresce o espaço para fornecedores inovadores", diz. Os investimentos do mercado financeiro no setor ainda são embrionários no Brasil, mas representam uma oportunidade de alavancar o crescimento com recursos que não são tirados do caixa das empresas ou do empresário, segundo Prado.

 fonte:http://www.dci.com.br/industria/fabricante-de-aviamentos-tecnoblu-i...$-40-mi-id308016.html

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