Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O Ministério do Comércio da China (Mofcom, sigla em inglês) anunciou ontem a abertura de uma investigação antidumping referente a um tipo específico de celulose, a chamada "celulose solúvel", que tem como alvo produtores que exportam a matéria-prima ao mercado chinês a partir dos Estados Unidos, Canadá e Brasil. No país, o processo envolve a Bahia Specialty Cellulose (BSC).

A informação sobre a ação foi publicada ontem no site do Ministério do Comércio. Na nota, o Mofcom foi econômico e não deu detalhes ou alvos específicos do processo de investigação. Agências internacionais replicaram a notícia e houve quem apontasse que a ação pode se arrastar até 2014. O Valor apurou que o ministério tem como alvo quatro produtores que exportam a matéria-prima para a China: além da brasileira BSC, as americanas Buckeye Technologies e Rayonier, e as canadenses Tembec e Fortress Specialty Cellulose.

Utilizada na indústria têxtil e de alimentos, entre outros, a celulose solúvel é produzida na América Latina por uma única empresa, a BSC, instalada no Complexo de Camaçari e controlada pela Sateri Holdings, do conglomerado do magnata indonésio Sukanto Tanoto.

A BSC informou, por meio da assessoria de imprensa, que "tomou conhecimento muito recentemente da existência de um protocolo de abertura de investigação registrado pelo Ministério do Comércio da China, mas ainda está colhendo informações sobre o assunto." Por isso, não quis se pronunciar sobre o assunto. A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) também informou que não falaria sobre o tema.

Segundo uma fonte do setor, em 2011 o Brasil foi a principal origem da celulose solúvel importada pela China, com 260,3 mil toneladas das quase 950 mil toneladas importadas pelos chineses. Em seguida, aparece o Canadá, com 227 mil toneladas.

Os volumes não são relevantes, se considerado o tamanho do mercado mundial de celulose de mercado (produzida para venda a terceiros) e o consumo anual chinês de todos os tipos de celulose, estimado em 20 milhões de toneladas. Além disso, a investigação não deve trazer grandes impactos ao setor brasileiro, já que a grande especialidade dos produtores locais é outro tipo de fibra, a celulose branqueada de eucalipto.

Ainda assim, a iniciativa pode acender, mais uma vez, a luz amarela nas relações entre a indústria nacional de celulose e papel e a chinesa. Há mais de um ano, a indústria papeleira daquele país, na qual se destacam gigantes como APP e April, informou que estava preparando uma acusação de dumping contra fábricas do Brasil, como retaliação às iniciativas do governo brasileiro relativas à importação de papel, como aumento da alíquota e licença prévia.

No caso da celulose de eucalipto, especialidade da Fibria, Suzano Papel e Eldorado Brasil, segue em análise o pedido de investigação.

Em 2011, a capacidade instalada global de celulose solúvel era de 5,4 milhões de toneladas, concentradas na América do Norte, África do Sul, China e Brasil. Na época, o preço no mercado à vista chegava a US$ 3 mil a tonelada - bem acima dos preços de referência da celulose de eucalipto -, em razão da forte demanda asiática, de problemas na colheita do algodão e da alta nos preços de outras matérias-primas da indústria têxtil, farmacêutica e de produtos de uso pessoal. Mas, diante da conversão de diversas linhas de celulose para a produção de fibra solúvel, os preços tiveram um recuo significativo.

O Mofcom disse que examinará dumping e margem de dumping dos produtos, assim como a extensão de suposto prejuízo à industria local, para em seguida tomar uma decisao. A investigação pode conduzir a imposição de sobretaxa na entrada do produto no mercado chinês, se comprovados preços deslealmente baixos.

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