Face à relutância dos Estados Unidos, Shein planeia entrar em bolsa em Londres, e não em Nova Iorque

[Romildo de Paula Leite]

Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, a empresa de ultra fast fashion Shein estará a considerar transferir a sua entrada em bolsa de Nova Iorque para Londres devido a obstáculos levantados à sua cotação nos Estados Unidos.

Imagem: Gabriela Schmidt - SHEINxAnitta

A Shein, uma empresa fundada na China, mas agora com sede em Singapura, está nos estágios iniciais de estudo da opção de Londres, por ter considerado improvável que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos aprovasse a sua introdução em bolsa, declararam essas mesmas pessoas, que preferiram permanecer anónimas, já que esta informação é confidencial.
 
A Shein ainda está a trabalhar no seu pedido de introdução em bolsa nos Estados Unidos, o seu local de eleição, disseram. A empresa terá de apresentar um novo pedido de listagem no estrangeiro junto dos reguladores chineses se optar pela Bolsa de Valores de Londres ou outro local, acrescentaram. Outros locais, como Hong Kong ou Singapura, também poderiam ser considerados, disseram duas das pessoas entrevistadas.

Questionado sobre o assunto, um representante da Shein não quis comentar.
 
A Shein tem enfrentado um escrutínio cada vez maior por parte dos Estados Unidos, estando o senador Marco Rubio entre aqueles que apelaram à SEC para bloquear a sua listagem, dizendo que a empresa precisava de divulgar mais informações sobre as suas atividades na China. No ano passado, um congressista americano pediu uma investigação sobre o aprovisionamento de algodão da Shein em Xinjiang. As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China também têm vindo a crescer há vários anos.
 
Pioneira da ultra fast fashion, com artigos como camisas e fatos de banho vendidos a partir de 2 dólares, ou menos de 2 euros, a Shein apresentou no ano passado um pedido de entrada em bolsa nos Estados Unidos visando uma avaliação de 80 a 90  mil milhões de dólares (73,7 a 83 mil milhões de euros), disseram na altura pessoas familiarizadas com o assunto. No final de 2023, as transações privadas avaliaram a empresa num valor muito inferior, cerca de 50 mil milhões de dólares, ou 46 mil milhões de euros.

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