Colapso financeiro e briga exposta: Fábrica, amada e líder do segmento em SP, tem falência decretada e enfrenta crise, dívidas e até mesmo guerra entre acionistas.
E uma importante e tradicional fábrica industrial de São Paulo acaba de ter a sua falência decretada, surpreendendo milhares de paulistas e paulistanos, uma vez que a mesma fabrica os produtos mais amados no setor de cama, mesa e banho.
Trata-se da fábrica têxtil Teka, formalmente conhecida como Tecelagem Kuehnrich S/A, com sede em Blumenau (SC) e uma fábrica gigante em Artur Nogueira (SP).
Vale destacar que essa decisão ocorreu em plena era Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e a situação pode gerar impactos na região, uma vez que a mesma gera empregos e contribui para com a economia do estado.

Teka Tecelagem Kuehnrich (Foto: Reprodução/Internet)
A partir de informações coletadas no portal Poder 360, Valor Econômico e Portal UOL, a equipe do TV Foco traz todos os detalhes desse cenário, os próximos passos e a guerra instaurada exposta entre seus acionistas.
Fundação:
- Fundada em 1926 em Blumenau por Paul Fritz Kuehnrich, a Teka destacou-se como uma das maiores fabricantes de artigos de cama, mesa e banho da América Latina.
- Sua expansão levou à inauguração de uma unidade fabril em Artur Nogueira, São Paulo, fortalecendo a economia local e gerando empregos para milhares de paulistas.
- A Teka, símbolo de tradição e qualidade em SP, conquistou a confiança e o carinho dos consumidores ao longo de décadas com seus produtos.

Fábrica da Teka por dentro (Foto: Reprodução/Internet)
O que aconteceu?
Veja abaixo a ordem cronológica dos fatos:
- A Teka entrou com pedido de recuperação judicial em 2012, devido a dívidas de R$4 bilhões, para reestruturar suas finanças.
- Em 5 de fevereiro de 2025, o administrador judicial pediu a falência da Teka com atividade continuada, citando crise financeira e colapso operacional insuperáveis.
- O fundo Alumni contestou o pedido de falência da Teka em 14 de fevereiro de 2025, classificando as alegações como “fantasiosas”.
- Por fim, no dia 27 de março de 2025, a Justiça de Santa Catarina, por meio do juiz Uziel Nunes de Oliveira, decretou a falência com atividade continuada da Teka.
Essa modalidade permite que as operações sejam mantidas enquanto o patrimônio é liquidado para pagamento dos credores.
Guerra exposta:
No entanto, o escritório Leiria & Cascaes, responsável pela administração judicial da Teka, justificou o pedido de falência com continuidade das operações devido a um:
“Cenário de inviabilidade da superação da crise econômico-financeira que motivou a recuperação judicial.“
O administrador destacou que a empresa:
- Não cumpriu os compromissos assumidos no plano homologado;
- Enfrenta um colapso operacional;
- Carece de capital de giro;
- Está sujeita a sucessivas constrições judiciais que inviabilizam a continuidade das atividades empresariais.

A Teka irá continuar com suas atividades mesmo durante o processo de falência (Foto Reprodução/Internet)
O administrador judicial da Teka destacou a “beligerância” entre os acionistas, caracterizada por ações judiciais e medidas liminares, resultando em instabilidade no quadro societário.
Versão do Alimni:
O fundo Alumni FIP, acionista da Teka, refutou as alegações do administrador judicial, qualificando-as como “ilações fantasiosas” e ressaltando seu envolvimento ativo na recuperação da empresa.
O fundo argumenta que a empresa não enviou os documentos necessários à consultoria PwC, impedindo o início da auditoria determinada pela Justiça.
Por fim, ressaltou que o caixa não está comprometido e um acordo com o governo de São Paulo beneficia a Teka sobre dívidas de ICMS.
Manifestações dos responsáveis:
Em comunicado oficial, a Teka afirma que a falência com atividade continuada visa manter a Teka operando e organizar pagamentos a credores.
Além de garantir sua presença no mercado, destacando seu impacto social em Blumenau e Artur Nogueira.
Há possibilidade de recurso para a Teka?
Conforme apurado com exclusividade pelo Valor Econômico, o fundo Alumni, da gestora Buriti, acionista da empresa, afirmou que vai recorrer.
A alegação é de que a Teka é lucrativa e economicamente viável. Além disso, o juiz Uziel Nunes de Oliveira aponta que a falência continuada visa, sobretudo, a manutenção dos cerca de 2 mil empregos:
“Crucial reconhecer que manter a empresa em operação durante o processo de falência é medida que preservará o valor dos ativos de forma mais eficaz do que simplesmente somando os ativos inertes. Isso, sem dúvida, maximiza o valor total dos ativos“.
E ainda frisa que manter a atividade da empresa aumenta a possibilidade de aquisição dos ativos por terceiros.
“Manter a empresa em funcionamento permitirá a preservação do patrimônio sem custos adicionais para a massa falida que, de outra forma, teria que arcar com despesas de segurança, funcionários e materiais para a manutenção do parque fabril, gerando uma economia considerável.”
A Teka é listada na B3 e hoje possui um valor de mercado de aproximadamente R$ 14 milhões.
Conclusões:
Em suma, a tradicional fábrica têxtil Teka, líder no segmento de cama, mesa e banho, teve sua falência decretada em março de 2025 após anos de crise financeira, dívidas bilionárias e conflitos entre acionistas.
A Teka continuará operando em falência com atividade continuada, mantendo operações enquanto o patrimônio é liquidado para pagar credores, preservando empregos e o valor dos ativos.
O fundo de investimentos Alumni, acionista da Teka, contesta a decisão e planeja recorrer, alegando que a empresa é viável e possui interesse de investidores.
Por: Lennita Lee
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