Há muitas empresas de moda a investir no metaverso, mas os seus clientes finais estão ainda um passo atrás. O metaverso é considerado pela indústria como um espaço virtual revolucionário, onde marcas fortes podem usufruir do apoio dos seus consumidores fiéis e beneficiar de uma nova fonte de rendimento, mas a perceção pública é menos otimista, revela o estudo The Metaverse in Retail and Apparel, da GlobalData, que detém o Just Style.
O metaverso pode ser definido como um mundo virtual onde os utilizadores partilham experiências e interagem em tempo real em cenários simulados. As empresas estão a tentar diferentes formas de interagir com os seus consumidores neste espaço virtual, especificamente com pessoas entre os 10 e os 25 anos, que estão a impulsionar a transição para o metaverso. As marcas estão a tentar atrair estes consumidores da Geração Z com vestuário virtual oferecido através de realidade aumentada, realidade virtual e tokens não fungíveis (NFTs).
«O metaverso oferece possibilidades infinitas em criatividade e customização, já que os utilizadores podem modificar os seus espaços, avatares e vestuário. Isto levou a um mercado crescente para a moda virtual com a qual os utilizadores estão desejosos de se expressar», escreve o Just Style num artigo sobre o estudo.
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Gucci Garden [©Roblox]
Entre os exemplos, o artigo aponta a Gucci, que estabeleceu uma parceria com a Roblox – plataforma que conta também com a Decenio Land, lançada no início deste mês de abril, e a Fly London Experience, criada em maio do ano passado – em maio de 2021, para criar o Gucci Garden como forma de celebrar o seu centenário. Os utilizadores jogaram mini-jogos para se habilitarem a ganhar acessórios Gucci de edição limitada. Uma gémea digital da mala Dionysus que foi vendida por 6 Robux (a moeda virtual usada na plataforma) teve tanta procura que um utilizador pagou mais tarde cerca de 4.000 euros pelo acessório virtual, o que ultrapassa o preço da mala física.
«Isto demonstra quão valioso o metaverso pode ser para a indústria da moda à medida que a procura por produtos digitais oferece oportunidades no mundo físico», sublinha o Just Style.
Convencer os consumidores hesitantes
O problema, contudo, é que o metaverso constitui ainda um mistério para muitas pessoas, sobretudo fora da Geração Z. Os métodos de pagamento, por exemplo, com NFTs, são um entrave – um estudo da GlobalData junto dos consumidores do Reino Unido revelou que apenas 17,4% das pessoas considera que vale a pena comprar uma peça de roupa digital com um NFT e mais de metade dos inquiridos afirmou que não vale a pena comprar NFTs.
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Dolce & Gabbana [©UNXD]
A Dolce & Gabbana acumulou 5,7 milhões de dólares através de uma iniciativa com NFTs em setembro de 2021. A marca de luxo lançou uma coleção com nove NFTs no marketplace UNXD, com os compradores a receberem também uma versão física dos produtos e acesso exclusivo a eventos da Dolce & Gabbana.
«Oferecer estes benefícios tangíveis adicionais torna o investimento em NFTs mais atrativo para os consumidores», destaca o Just Style. «A tangibilidade permite-lhes perceber o valor do metaverso para eles próprios através de um ganho físico: algo a que estão tradicionalmente habituados no mundo real», acrescenta o artigo.
Parte da estratégia passa por reduzir o espaço entre a familiaridade e a inovação como forma de manter a confiança, ao mesmo tempo que se lidera no desenvolvimento da tecnologia do metaverso. «Isto irá encorajar uma maior, e mais fiel, presença do consumidor numa comunidade virtual da marca e, consequentemente, um fluxo de receita mais estável e duradouro», realça o Just Style, que realça que «se as empresas de vestuário têm ambições no metaverso, terão de se focar no seu acesso e investimento em partes da cadeia de valor do metaverso e da economia virtual», de que é exemplo a parceria entre o Warner Music Group e a DRESSX, a maior retalhista de moda digital, que vai permitir que os artistas representados pelo Warner desenhem as suas próprias linhas de moda virtual. «O merchandising digital e o estilo dos músicos vai definitivamente fazer parte dos guarda-roupas dos fãs e é fantástico ver que cada vez mais stakeholders acreditam neste novo domínio», resumem as cofundadoras do DRESSX.
https://www.portugaltextil.com/falta-confianca-no-metaverso/