É fácil para a marca Farm Rio evocar a imagem de uma fazenda cheia de fazendeiros de biquíni. A realidade, no entanto, é que a empresa brasileira, fundada em 1997 por Katia Barros e Marcello Bastos, leva o nome da rua descolada do bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, chamada Rua Farme de Amoedo. À medida que se aproxima de seu 28º ano, em 2025, fica claro que os EUA é seu local de maior crescimento.
O FashionNetwork.com conversou com o CEO Fabio Barreto sobre a nova loja no Brooklyn, inaugurada no final de outubro, e seus planos para o mercado dos EUA.
O CEO da Farm Rio, Fabio Barreto - Courtesy
Em uma conversa via Zoom, Barreto disse que a “quarta maior cidade dos EUA, Brooklyn” é sua maior base. (Para ser justo, Brooklyn é um bairro de Nova York e não uma cidade separada, mas se fosse, ocuparia o quarto lugar em tamanho, depois de Nova York, Los Angeles e Chicago.)
“Brooklyn é a nossa cidade número um em termos de vendas de comércio eletrônico. Já faz algum tempo que procuramos um espaço”, disse ele, acrescentando que o primeiro da marca nos EUA, no Soho fica em segundo lugar. A localização na 65 North 6th Street fica confortavelmente próxima a outros locais da moda - uma loja da Patagonia, uma da Avocado Mattress, outra da Brooklinen e o Music Hall of Williamsburg.
Durante a nossa conversa, o CEO confirmou seus planos para a abertura de mais três lojas na Costa Leste nos próximos seis meses: uma no Upper East Side de Manhattan, outra em Washington DC e uma terceiro nos Hamptons, que tem uma abertura 'extraordinária' planejada.
“Abrimos a nossa primeira loja nos EUA em 2019 e nossa estratégia desde o início foi atuar em todos os canais: varejo, atacado e comércio eletrônico. Todos os três canais fazem parte da jornada atual do cliente; eles são muito fluidos. Queremos ter certeza de que nossa consumidora encontrará a Farm Rio em todos os lugares onde fizer compras, e seja para um evento especial, um compromisso à noite ou férias”, diz Barreto.
A abertura da loja de Miami seguiu rapidamente a do Soho em dezembro de 2019, mas, naturalmente, o crescimento continuou a desacelerar durante a pandemia. Em 2021 e 2022, a marca testou várias pop-ups em Los Angeles e acabou abrindo um espaço permanente em 2022 em Venice Beach. Foi acrescentado um segundo espaço em julho passado na Melrose Avenue e há previsão de um terceiro na Fashion Island, em Orange County. Barreto também está de olho em uma localização em Dallas e uma adicional em Miami.
As lojas costeiras são apoiadas por presença no varejo da Nordstrom, Saks, Bloomingdale's e Anthropologie, com mais de 100 boutiques menores em todo o país, que respondem pela grande parte da distribuição internacional da marca, juntamente com lojas de comércio eletrônico, como Shopbop e Net-a-Porter.
Segundo Barreto, esse alcance é o motivo pelo qual as lojas dos EUA estão a caminho de ultrapassar US$ 100 milhões em vendas no quarto trimestre de 2024. As vendas fora do Brasil e da América do Sul respondem por 40% do negócio, enquanto os EUA representa 80% desse valor.
Interior da loja da Farm Rio no Brooklyn - Courtesy
“Todos estavam apenas esperando para ver o comportamento do cliente em relação ao varejo físico após a pandemia. Foi então que começamos a procurar e decidimos expandir a presença da loja de varejo, mas com diligência para não nos expormos demais”, continuou o CEO.
Como toda loja, a do Brooklyn é adaptada à arquitetura e localização existentes. “Você não vai ver duas lojas iguais. Em cada loja você verá uma curadoria especial de arte e móveis. Se for uma instalação, trazemos artistas e artesãos brasileiros para fazer algo especial naquela loja. No Brooklyn, a obra que envolve pilares foi feita por um artista brasileiro e é exclusiva daquela loja”, explica Barreto.
Também há produtos exclusivos em cada loja. “Estamos desenvolvendo uma estampa especial para cada loja. Desenhamos uma estampa da natureza Brooklyn Farm Rio, que você só poderá comprar naquela unidade e que estará em camisetas, sacolas e outros itens para presentear e souvenirs. Fizemos isso pela primeira vez para a loja de Londres e foi um grande sucesso”, diz ele.
Na verdade, os modelos das lojas dos Estados Unidos também são exclusivos deste mercado. “Todos os produtos que você encontra nos EUA, mesmo na loja, no atacado ou no comércio eletrônico, são projetados especificamente para este mercado. Bem, eu diria que o mercado do hemisfério norte e a Europa também. Temos um time de estilo que trabalha nisso”, explica, acrescentando: “Essa é uma decisão que tomamos antes de iniciarmos nossa operação nos EUA, uma estratégia de como atuaríamos neste mercado, nossa posição, o tipo de produto, com quem conversaríamos, o que esse cliente esperaria de nós. Então mesclamos com o nosso propósito, os elementos brasileiros, as equipes de design de estampas baseadas no Brasil. Tudo parte do mesmo lugar, mas há um time que se dedica ao mercado internacional e desenvolve produtos para esses clientes.”
Em seus 27 anos, a Farm Rio cultivou uma rede de artesãos individuais que criam suas famosas estampas; eles prevêem tendências com bastante antecedência para atender a demanda e permitir que as comunidades lideradas por ONG que prosperam com estes artesão planejem a sua subsistência. É uma vertente de sustentabilidade da qual a marca participa, juntamente com uma iniciativa de plantação de árvores.
“Podemos ajudá-los a crescer e fazer com que saibam que estaremos aqui, e não apenas fazendo a curadoria de uma peça aqui e ali. Estamos sempre tentando estabelecer relacionamentos de longo prazo”, diz Barreto.
Esse tipo de relacionamento forte com uma cadeia de abastecimento será útil se as novas taxas de Trump para o segundo mandato forem cumpridas. Embora seja cedo para dizer, Barreto já está pensando em como a Farm Rio enfrentará as mudanças.
Farm Rio Brooklyn - Courtesy
“A pior parte é apenas tentar entender o que vai acontecer. Tentaremos ser flexíveis com a nossa cadeia de abastecimento no Brasil, Turquia, Índia, Portugal, China e Marrocos. Temos alguns parceiros pelo mundo para gerir produção aqui e ali. Idealmente, essas mudanças ajudariam se tivéssemos algum tempo para planejar com os fornecedores, pois nos preocupamos com eles também. Não queremos deixar ninguém na mão. Então, quanto mais tempo tivermos para planejar, melhor será a decisão de como absorver o custo em vez de deixar o cliente sentir o impacto, especialmente no curto prazo. Na nossa indústria, temos algum flexibilidade; outros produtos não têm”, continua Barreto.
Deixando de lado as taxas, a Farm Rio tem outros aspectos da cadeia de abastecimento para pensar. Parte do grupo de moda mais proeminente do Brasil, o Grupo Soma, a Farm Rio agora faz parte da Azzas, empresa formada quando a Arezzo & Co., o maior conglomerado de calçados do Brasil, adquiriu o Grupo Soma.
E a Farm Rio será beneficiada pela cadeia de fornecimento de calçados da Azzas. “Atualmente, oferecemos apenas uma pequena linha de artigos de couro. No próximo ano, iremos expandi-la para oferecer um redesenho e uma variedade de calçados mais ampla. Isso é bom porque quando olhamos para nossos pares, eles têm uma maior variedade de produtos; 25% a 30% de seus negócios são provenientes de calçados e bolsas, e temos menos de 5%. Um dos nossos maiores planos de crescimento para a categoria é ampliar essas ofertas”, diz ele.
Complementar a oferta só fortalecerá o seu posicionamento atual e Barreto acredita que, com isso, será capaz de atingir o consumidor aspirante a comprador de fast-fashion e o consumidor de luxo em busca de itens de qualidade mais acessíveis. “Queríamos um bom preço por um valor muito bem percebido em termos de design do produto. Acredito que acertamos em cheio. Acho que alcançamos esse posicionamento com sucesso; era isso que queríamos”, conclui.
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