Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fashion Revolution: especialista do SENAI CETIQT aponta caminhos sustentáveis para os resíduos da moda

Segundo a especialista em gestão ESG Camila Costa, os setores automotivo e de agricultura são alguns dos possíveis caminhos.

Ao longo do mês de abril, a Faculdade SENAI CETIQT realizou, em suas instalações na Barra da Tijuca, mais uma programação com atividades de conscientização sobre o movimento global Fashion Revolution. Na edição deste ano, com o tema central “Pense global, aja local: quem é o Brasil na Revolução da Moda?”, a ação teve como objetivo mapear os principais problemas e soluções da moda no país, estimulando o debate sobre a importância de uma moda consciente, diversa, sustentável e segura.

O evento contou com rodas de conversas sobre economia circular, reaproveitamento de materiais carnavalescos e a influência da cultura das favelas na promoção de uma moda mais sustentável. Também foram realizadas oficinas de upcycling e customização de roupas, um bazar de troca de roupas e desfiles com peças criadas pelos próprios palestrantes, entre outras atividades.

Como um dos debates do encontro, o painel “Clima, Moda e Indústria”, apresentado pela coordenadora de clima e meio ambiente na Rede Brasileira Pela Integração dos Povos, Priscilla Papagiannis, e pela especialista em gestão ESG Camila Costa, que atua no Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular do SENAI CETIQT (NUSEC), abordou como empresas e consumidores podem atuar, ao mesmo tempo, para a promoção de um consumo de roupas e produtos de forma mais consciente.

Elas ainda levantaram a importância do desenvolvimento de soluções sustentáveis por parte da indústria, no intuito de mitigar os impactos negativos causados pela produção desses materiais. Para a especialista em gestão ESG do SENAI CETIQT, Camila Costa, o setor automotivo é um dos possíveis destinos para os resíduos derivados da indústria têxtil, contribuindo para a economia circular:

“O setor têxtil é uma cadeia complexa. Então, ali a gente tem vários resíduos ao longo da produção de um tecido e de uma peça. Assim, ele pode contribuir, por exemplo, para o setor automotivo. Cerca de  30% de um carro é feito de têxtil.  Então, por que não usar têxtil reciclado? O têxtil reciclado pode ser usado para preenchimento de acústica, de forros, de bancos, enfim. É um dos nichos que se pode trabalhar”, destaca Camila.

Para onde vão os resíduos têxteis?

De acordo com um levantamento da consultoria internacional S2F Partners, cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano no Brasil. Ainda segundo o estudo, somente em 2023, cada domicílio brasileiro descartou aproximadamente 44 quilos de roupas e calçados. Já uma outra pesquisa, apresentada pela Fundação Ellen MacArthur, em 2024, evidenciou que 80% das peças descartadas no país são destinadas para queima, aterros sanitários ou são abandonadas no meio ambiente, sem uma possível reutilização desses itens.

Com a proposta baseada no conceito de reutilização, restauração e renovação desses materiais descartados, a economia circular tem sido uma aposta para a promoção de um consumo mais sustentável, visando o desenvolvimento de produtos ecologicamente e economicamente viáveis. Seu foco está na diminuição da extração recursos, maior reaproveitamento de materiais já existentes, e fomento ao desenvolvimento social a partir dos novos modelos de negócios criados a partir da otimização do uso desses materiais.

Como a economia circular se aplica nos resíduos da moda

Camila Costa – Especialista
em gestão ESG do SENAI CETIQT.

No setor têxtil, a economia circular atua na implementação de um sistema de produção que seja capaz de reutilizar e reaproveitar os tecidos e seus resíduos, permitindo a utilização de matérias-primas mais sustentáveis. Atualmente, já existem diretrizes nacionais que têm como objetivo contribuir para a transformação do setor em uma escala mais sustentável, ligadas às mudanças no mundo. Entre elas, destacam-se: a Estratégia nacional de Economia Circular (ENEC); o Plano Clima; o Mercado e Carbono Brasileiro; e a Nova Indústria.

Outra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada em 2019, evidenciou que 75,9% dos empresários e representantes entrevistados considera que a economia circular contribui para o aumento do aproveitamento de matéria-prima e redução de desperdícios, já 60% acreditam que a prática contribui para a criação de novos empregos e 38,8% consideram que há potencial de troca de resíduos entre empresas da mesma região.  

Ainda de acordo com a especialista em ESG Camila Costa, a conexão com o setor da agricultura é outra maneira possível de oferecer um destino a esses resíduos:

O setor têxtil também tem sinergia com o setor de agricultura. Nesse caso, ele pode reaproveitar resíduos do setor de agricultura para poder produzir materiais mais sustentáveis. Ou seja, ter alternativas de matérias primas mais sustentáveis na sua produção.  Isso vai facilitar na hora de que tiver um resíduo para ser dispensado. Esse resíduo se torna um resíduo orgânico, pode ser compostável e de fácil degradação. Então, eu vejo muita sinergia com esses dois setores”, explica a especialista.


Destinos mais sustentáveis para esses materiais

Reciclagem

No campo da reciclagem, roupas que não serão mais utilizadas ou sobras de tecidos são transformados em novos produtos e matérias-primas, focando na redução do descarte inadequado desses materiais. Nesta etapa, existem duas principais formas de reciclagem: a mecânica e a química. Na primeira, os tecidos são triturados e desfibrados, podendo ser reutilizados para fazer fios ou enchimento de estofados ou isolamento. Já a segunda, separa as fibras que formam os tecidos, para a construção de novos materiais.

Upcycling

Aqui, os resíduos têxteis são reaproveitados sem a necessidade de desmontá-los completamente e de processos industriais. O upcycling pode ser aplicado em camisetas, peças em jeans e outros tipos de materiais, podendo ter mais valor agregado que o produto original. Também colabora para a diminuição do consumo e desperdício de novas matérias-primas.

Logística Reversa Têxtil

Já a logística reversa consiste no retorno de roupas usadas ou com defeitos para empresas ou fabricantes, com a finalidade de reutilização ou descarte correto. Assim, os próprios consumidores podem fornecer as peças às instituições, que posteriormente serão separadas para doação, reaproveitamento e reciclagem. Por outro lado, as próprias empresas já atuam em parceria, fornecendo insumos umas às outra, para evitar o descarte desses resíduos têxteis em aterros e contribuir com a economia circular.

 

https://senaicetiqt.com/fashion-revolution-especialista-do-senai-ce...

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 12

Responder esta

© 2025   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço