Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Coleção Verão 2012 da marca Clara Rosa Teen
“Crescei e multiplicai-vos”. Em franca expansão no Brasil, os evangélicos entram definitivamente para mundo da moda e estão dispostos a investir em produtos relacionados à religião. Segundo o IBGE, o número de evangélicos no Brasil cresceu quase seis vezes em 60 anos. A estimativa é de que até o início de 2011 o número de brasileiros adeptos a essa doutrina tenha atingido a marca de 55 milhões. Este crescimento favorece a ascensão de um mercado econômico que interessa tanto às igrejas quanto ao empresariado, isto porque os evangélicos correspondem a uma população consumidora de um grande volume de produtos pertinentes a sua religião. Responsáveis pelo consumo de aproximadamente 35% dos instrumentos musicais no País, agora é o mundo da moda que abre espaço para um novo segmento: a moda gospel. Somente na região do Brás, em São Paulo, são mais de 30 estabelecimentos especializados no atendimento ao público evangélico.
 
“A roupa é uma mídia humana”, analisa João Batista, administrador da loja on-line Mais Alto nas Asas da Fé, que há quase dez anos trabalha com confecção e venda de camisetas com mensagens religiosas. Batista comenta que a maior parte da produção da loja é vendida em lotes para igrejas, festivais musicais e congressos religiosos. O empresário é otimista em relação à expansão desta área. “Com o aumento das igrejas evangélicas, a expansão desse mercado é um movimento natural”, diz. O administrador, que tem também formação religiosa, destaca a mudança no perfil de seus consumidores. “Nós pesquisamos nosso público alvo e estamos atentos às mudanças nos padrões de exigência, como as cores e a sobriedade”, conta.
 
Moda comportada
 
A adaptação das tendências da moda aos preceitos religiosos é a grande preocupação dos estilistas especializados no público gospel. “O design precisa ser bem elaborado,
Campanha 2012 da marca Joyaly
mas, ao mesmo tempo, discreto. Não podemos, por exemplo, usar brilho ou destacar decotes”, diz o diretor comercial da marca paulistana Joyaly, Alison Flores. Ainda que as regras a respeito do comprimento de saias e mangas sejam rigorosamente respeitadas, existe hoje uma maior flexibilização quanto à modelagem, uma vez que os consumidores têm mostrado interesse na estética e na exclusividade. “Nosso público, principalmente o mais jovem, tem muito acesso a informação e pedem por um produto mais moderno”, comenta o diretor.
 
A Joyaly, que investe também na produção plus size, envia seus estilistas a capitais internacionais da moda para inserir as principais tendências em seus produtos e atenta para a nova percepção de seu público sobre o assunto. “Nossos clientes têm procurado roupas que se adaptem à religião, mas que também possam ser combinadas a roupas comuns”, comenta Flores. Embora o mercado esteja em notável expansão, o diretor da Joyaly ressalta os efeitos da desaceleração econômica nas vendas da marca. “Nós atendemos principalmente às classes B e C, bastante sensíveis à situação do mercado”, comenta o diretor. Embora não tenha revelado os lucros, a marca - que também vende parte da produção para os Estados Unidos e Europa - espera mantê-los em 2012.
 
Em contrapartida, para a estilista Maria Martins, produtora da Clara Rosa, no Paraná, a procura por este mercado é satisfatória e a expectativa para as vendas nos próximos meses é positiva. A marca, que atende às mulheres evangélicas de igrejas tradicionais, segmentou sua produção e criou a linha Clara Rosa Teen, especializada na criação de vestuário para adolescentes cristãs. De acordo com a estilista, o grande desafio para a consolidação da moda gospel é surpreender as clie
Modelo da camiseteria Mais Alto nas Asas da Fé
ntes, que procuram por roupas que estejam dentro dos padrões da doutrina preservando a elegância.
 
“Procuro me vestir de uma maneira comportada sem ser ridícula. Como eu não uso bijuterias, visto uma echarpe, um cinto diferente, um sapato ou bolsa moderna”, comenta a consultora de moda Iolanda Wultz, que é adepta à religião e procura sair do estereotipo “crente”. “Busco roupas que valorizem meu corpo, não em sedução, mas em elegância. Acredito que a mulher deve transmitir certa santidade”, diz. Já a estudante de comércio exterior Laísa Garcia, que frequenta a Igreja Batista, não concorda com a restrição do vestuário que pode ser usado pelos evangélicos. “É uma questão de doutrina. Respeito isso, mas não acho necessário. Essa maneira de se vestir é um pouco ultrapassada”, comenta. “Não posso negar minha crença pela vaidade extrema, mas acredito que tudo em nossas vidas seja, de certa forma, vaidade”, acrescenta Wultz.

Exibições: 423

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço