Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Vanessa Barone/Valor / Vanessa Barone/ValorDesfile do estilista Victor Dzenk no Fashion Rio: "Os desfiles não apenas perderam prestígio: eles evidenciaram a fraqueza da nossa indústria", diz sociólogo

O ano de 2013 teve seus altos e baixos. Foi como se a moda tivesse descido dos saltos para encarar chinelos de borracha. Não que o glamouroso mundo da moda tenha perdido o seu encanto. Longe disso. Mas como numa novela regida pela audiência, o enredo fashion mudou. "Hoje, não são mais as marcas ou os criadores: o consumidor é o protagonista", diz o sociólogo Dario Caldas, do Observatório de Sinais.

E como ator principal nesse espetáculo, o consumidor é quem tem o poder. Via mundo virtual, ele propaga as suas ideias, abraça ou derruba tendências, criadores e marcas. Ele não espera mais pelos grandes shows para decidir o que vestir. Esse consumidor inventa, mescla tendências e constrói um discurso próprio. E pior: muda de ideia o tempo todo.

Essa inversão de papéis que vêm tirando do "high fashion" a decisão sobre o que vestir, tem impacto em diversas áreas. O varejo é apenas a ponta desse verdadeiro iceberg. Considerado por muitos como um fenômeno jovem e restrito, o "fast-fashion" conseguiu cativar quem antes só almejava as grifes famosas. A capacidade de enxergar, traduzir e disponibilizar justamente o que o consumidor deseja comprar torna esse modelo de varejo praticamente indestrutível. E não há coleção autoral de estilista famoso que faça frente a esse apelo. "As pessoas buscam a individualidade mas não querem parecer diferentes das outras", afirma Caldas.

O consumidor no papel de protagonista não afeta apenas o varejo, mas a forma como as marcas se vendem. Nesse caso, os desfiles - restritos a convidados e aos tais "formadores de opinião" - parecem anacrônicos. Hoje, qualquer internauta pode acompanhar ao vivo as últimas traquinagens dos estilistas. E, no fim das contas, vai influenciar-se muito mais pelo que mostram blogs, publicações de "streetstyle" e uma infinidade de "selfies" que pipocam na rede com uma velocidade espantosa.

"O desfile se tornou um formato esgotado", diz Kathia Castilho, socióloga, pesquisadora e professora do programa de mestrado em design da Universidade Anhembi Morumbi (SP), onde coordena o grupo de pesquisas em Corpo, Moda e Consumo. "E isso também pode ser visto no mercado interno."

Inserido na moda mundial, o Brasil assiste ao esgotamento das passarelas. Mas com um agravante: o próprio setor vive uma crise e ela ficou ainda mais clara por ocasião da São Paulo Fashion Week (SPFW), principal evento de moda da América Latina. Com a saída de grifes importantes do calendário, a falta de propostas originais e comercialmente viáveis ficou evidente. Em pleno século XXI, as marcas nacionais ainda copiam as estrangeiras, como faziam no século XIX.

"Os desfiles não apenas perderam prestígio: eles evidenciaram a fraqueza da nossa indústria", afirma Dario Caldas. Ainda que comentada e respeitada, no exterior, a moda brasileira não vive o seu melhor momento. "Não é possível ser forte sem um sistema eficiente."

Tudo isso ocorre num momento-chave em que as marcas globais invadem a nossa praia. Segundo a Abrael (Associação Brasileira de Empresas de Luxo), em cinco anos todas as marcas internacionais relevantes vão estar no país e com operações diretas. Essa movimentação também inclui gigantes do "fast-fashion", caso da Gap, já instalada em solo nacional. O que significa que se não se reciclar, a moda brasileira pode virar peça de brechó.

Por Vanessa Barone

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"Os desfiles não apenas perderam prestígio: eles evidenciaram a fraqueza da nossa indústria", afirma Dario Caldas. Ainda que comentada e respeitada, no exterior, a moda brasileira não vive o seu melhor momento. "

Tudo isso ocorre num momento-chave em que as marcas globais invadem a nossa praia.

ate que enfim alguem explica o porque da nossa moda? esta em baixa, as semanas de moda no brasil nao sao pára quem tem talento, sao para quem tem dinheiro, se apresentar nos sao paulo fashion week da vida so precisa ter 200 mil, ninguem promove concurso para novos estilistas, novos talentos, a coisa funciona apenas pelo dinheiro e a receita esta dando errada, dar certo apenas pros bolsos de quem promove as semanas de moda, que diga-se de passagem com muito dinheiro publico na frente, e so olhar os patrocinadores, banco do brasil, petrobras, caixa economica, bndes, nao sou contra a estes financiamentos desde que seja para quem realmente tem talento, para quem tem uma proposta inovadora e claro precisa que a midia tambem se empenhe em divulgar isto, porque se for para ficar mostrando apenas o que é pago (materias pagas disfarçadas de materias de moda), tembem nao funciona, pois nos temos casos e mais casos no brasil de moda inovadora, socialmente correta, como a cooparocca, apoena e tantos outros mas que nao chegam na midia e nao tem 200 mil para ir para a passarela, estes trabalhos tem historia, alguns ate citados em livros serios sobre moda sustentavel, escrito por ingleses e aqui no brasil ninguem escuta nem falar, enquanto isto nossa ministra solta 7 milhoes para os amigos e ai? quando vao acordar? quando a desgraça nao tiver mais concerto, o pais invadido pelas as zaras da vida, h&m, gap e sei la mais o que, a produçao destas marcas toda na asia e o resultado e o que acontece hoje na europa e estados unidos, tentam trazer os parques industriais e nao conseguem mais o extrago ja foi feito, enquanto aqui nossos governantes estao arrumando mais encargos sociais para nos arcarmos, ao inves de estar assumindo alguns para desonerar nossos custos e claro ninguem fala em reforma trabalhista, o trabalhador so tem direitos e nos empregadores so deveres, receita certa para explodir um setor.

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