Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fast fashion no Brasil: modelo apresenta diferenças importantes em relação ao restante do mundo

Em datas importantes para o varejo de moda, como Black Friday e festas de final de ano, quando as compras se intensificam muitos questionamentos surgem em torno das “fast fashions”, modelo adotado mundialmente no qual produtos são fabricados, consumidos e descartados de maneira rápida. 

Uma das principais críticas é que estas lojas utilizam matéria prima de qualidade inferior, fazendo com que a vida útil dessas peças sejam menores. Com isso, seria necessário reduzir o tempo de compra, gerando um consumo desnecessário e longe da consciência que tanto pregamos e defendemos.

Esse cenário, no entanto, é um estigma nem sempre verdadeiro do modelo internacional. O Brasil tem muitas particularidades neste quesito, que devem ser levadas em conta para seguir a questão adiante.

A começar pela grande desigualdade social existente no pais. As grandes redes varejistas possibilitam a democratização da moda mundial à população em geral, trazendo as grandes tendências internacionais de forma rápida ao cliente.

Já em relação a produtos, o nosso país é o maior produtor de algodão sustentável do mundo. Para chegar a esta posição adota práticas que visam o desenvolvimento da produção nos pilares social, ambiental e econômico.

As iniciativas tomam como modelo as diretrizes da Better Cotton Initiative (BCI) que, somadas ao programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), certificam toda a produção de algodão mais sustentável do país, com os critérios de responsabilidade socioambiental e econômico, valorizados pelas grandes redes brasileiras e pelo mercado mundial.

No pilar ambiental, os requisitos preveem a preservação dos recursos naturais e procuram reduzir os impactos ambientais da cultura. Já no critério social, é garantido os direitos dos trabalhadores com uma remuneração justa e benefícios, que incluem moradia, educação, lazer, alimentação e saúde, além de tratamento sem discriminação no campo. E no cenário econômico responde pelo investimento financeiro e o produtor remunerado.

Esta é apenas uma parte da complexa cadeia produtiva da moda no Brasil e prova que por trás de cada peça exposta nas vitrines das redes varejistas de moda do país têm todo um processo cheio de etapas, que incluem plantação de algodão, beneficiamento da pluma, fiação, tingimento, tecelagem, estamparia e costura.  

Essa longa cadeia produtiva requer cuidados redobrados para garantir que as roupas, além de bonitas e bem-feitas, cheguem ao consumidor com a garantia de origem do produto e conduta socioambientalmente responsável. Esse fator está no topo das prioridades e é o que move as principais redes brasileiras de varejo têxtil associadas à ABVTEX.

Estamos atentos e envolvidos nestas questões, tanto que nos últimos anos, temos acompanhado o surgimento de diversas iniciativas e tecnologias que visam tornar a produção de vestuário mais sustentável e mais amigável no que se refere ao uso dos recursos naturais.

Vale ressaltar também o pioneirismo do Programa ABVTEX, que chega ao seu décimo ano de atuação tendo certificado quase 4mil empresas produtoras, em 16 Estados e que empregam cerca de 340mil colaboradores, por meio de auditorias físicas nas fábricas, que verificaram o cumprimento de legislações e regras de compliance.

Seguimos trabalhando intensamente para que todos os elos da cadeia produtiva da moda se conscientizem quanto à necessidade de crescer dentro dos novos parâmetros de responsabilidade socioambiental exigidos pelos consumidores no Brasil e no mundo.

É importante fazermos provocações e analisarmos o que ainda precisa ser melhorado, para assim entendermos as particularidades e adversidades do país e valorizarmos o que tem sido feito pelo setor.

Para conseguirmos trabalhar com mais foco e ênfase neste desafio de garantir um mercado de moda mais ético e sustentável é necessário compromisso e colaboração das marcas, dos fornecedores, do governo e dos clientes. Precisamos continuar estimulando o diálogo e avançando nesta jornada para uma moda mais sustentável e acessivel. 

Publicado por

Edmundo Lima
Status: disponível
Edmundo Lima
Diretor Executivo

Exibições: 234

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço