Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Feira de eletrônica de consumo CES 2017 mostrou como será o futuro da indústria da moda

Cada vez mais atenta às evoluções da tecnologia, a moda marcou presença, direta ou indiretamente, na CES 2017. A feira de eletrônica de consumo permitiu espreitar o futuro da indústria da moda, com soluções que passam pela inteligência artificial aplicada não só ao varejo mas também ao design, e crescente interesse nos automóveis autônomos. “Estou contente por ver mais pessoas da moda aqui“, afirmou Sandra E. Lopez, da Intel, no primeiro dia da edição de 2017 da Consumer Electronic Show (CES), que reúne cerca de 176 mil compradores, engenheiros e outros insiders da indústria para conhecerem as mais recentes inovações no hardware e software.

Enquanto vice-presidente de relações estratégicas e de desenvolvimento do negócio no New Devices Group da gigante de informática Intel, Lopez trabalha diretamente com as indústrias da moda e esportiva para desenvolver produtos com tecnologia que espera que os consumidores realmente queiram compra e usar. “Fundamentalmente, o que estou a começar a ver na indústria da moda é que a tecnologia faz parte da conversa e afeta todos os aspetos do ecossistema da moda”, acrescentou em declarações ao Business of Fashion.

A presença das indústrias da moda e da beleza no evento anual começa a aumentar, com executivos do Council of Fashion Designers of America, Gap, Refinery29, Hearst e Clique Media Group a marcarem presença em Las Vegas. E, este ano, algumas das tendências de tecnologia de consumo mais faladas na feira, incluindo o aumento de realidade aumentada e a chegada do automóvel autônomo, deverão ter impacto na cadeia de valor, do marketing ao varejo.

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Realidade aumentada para compras fáceis

A ideia de aplicar a realidade aumentada, a sobreposição de informação digital num ambiente real, misturando os mundos físico e virtual, ao comportamento do consumidor do quotidiano, como experimentar roupa, pode ainda ser algo novo. Contudo, à medida que mais dispositivos pessoais estão equipados com capacidades de realidade aumentada, o potencial cresce.

Na CES, a intervenção da Asus na conferência de imprensa foi o Zenfone AR, um smartphone desenhado especificamente para a realidade aumentada e virtual, que utiliza a tecnologia Tango e Daydream para alimentar experiências que vão além do Pokémon Go ou dos filtros para o Snapchat. Uma experiência do gênero é a Dressing Room by Gap, uma app desenvolvida pela retalhista de vestuário juntamente com a Tango e a empresa de software para a moda Avametric, que permite que os utilizadores “experimentem” virtualmente a roupa.

O varejo e as compras tornaram-se num grande foco para nós, principalmente por causa da importância da visualização“, explicou Sophie Miller, membro da equipe de desenvolvimento da Tango. “Pensamos que a realidade aumentada e a Tango terão um papel na loja e fora da loja“, acrescentou.

As marcas de moda estão também a usar a realidade aumentada para comercializar os seus produtos de novas formas, desde ativações do Snapchat a novas experiências em loja que combinam compras e entretenimento. Com os novos avanços tecnológicos, usaremos não somente óculos mas lentes de contato de realidade aumentada que criarão nossa “visão do futuro”.

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Materiais mais inteligentes

Embora os vestidos iluminados por Led’s continuem a fazer parte da experiência da CES, inventores, designers e acadêmicos estão pensando mais profundamente na forma como os materiais inteligentes podem ser usados para vestuário comercializado em massa. “Defino o tecido inteligente como um tecido que responde a estímulos”, explicou Jesse Jur, professor assistente de engenharia têxtil, química e ciência na Universidade da Carolina do Norte, ao Business of Fashion.

Camisetas com monitores de batimento cardíaco incorporados ou com um revestimento que brilha no escuro inserem-se nesta categoria, mas o mesmo acontece com fibras naturais como lã merino que afastam a umidade da pele e a tecnologia Heattech da Uniqlo, um material inteligente que retém o calor e que está a ser aplicado comercialmente no vestuário. A empresa americana de tecnologia vestível Polar, lançou na feira sua camiseta inteligente para equipes esportivas chamada Team Pro Shirt.

Mas os engenheiros não param de investigar. Algumas das empresas mais vanguardistas estão criando formas de inserir a tecnologia digital no próprio processo de tecelagem, sem sacrificar a estética, como é o caso do Projeto Jacquard, da Google, que embora não tenha estado na CES, deverá lançar uma colaboração com a Levi’s na primavera de 2017. Jesse Jur vê ainda potencial para o fio que se ilumina, que poderia facilmente substituir as lantejoulas, por exemplo.

Inteligência artificial melhora eficiência

Os visitantes da CES puderam conhecer o Pepper, um robot desenvolvido pela SoftBank Robotics que pode ser usado nas lojas de varejo para lidar com vários cenários como acolher os convidados e consumidores além de servir como assistente de vendas, procurando informação sobre produtos e dados de inventário. Em termos gerais, a inteligência artificial pode ajudar as empresas de moda a aumentar a eficiência da sua cadeia de valor, analisando dados para melhor alinhar a oferta com a procura, aumentar a proposta de serviços personalizados e até assistir os designers no desenvolvimento de produto.

“Há atualmente sistemas de inteligência artificial que compõem música, escrevem histórias e criam obras de arte que ninguém consegue perceber que foram gerados por uma máquina. Por isso, o design de moda não está, com certeza, além das capacidades de inteligência artificial“, garantiu o investigador português Pedro Domingos, autor do The Master Algorithm e professor da Universidade de Washington, numa entrevista anterior ao Business of Fashion. “O que provavelmente vai acontecer, contudo, não é que a inteligência artificial vai substituir completamente os designers, mas vai tornar-se numa ferramenta indispensável para eles”, acrescentou.

Wearables na economia da transformação

A falta de desenvolvimento com tecnologia no mercado de artigos de joalharia deixou os dispositivos wearable mais focados na moda. Alguns empresas estão fazendo avanços como por exemplo, o Safilo Group SpA, uma empresa de licenças que faz óculos de sol para a Dior, Fendi e outras marcas de luxo, está tentando aumentar a sua oferta de óculos com tecnologia de sensibilidade cerebral da empresa canadiana Interaxon.

O primeiro par de óculos do gênero da Safilo, desenhados em parceria com a marca de óculos esportivos Smith, mede as ondas cerebrais do utilizador para determinar pontos de concentração e ajudar a treinar o cérebro para a meditação. Com os consumidores do luxo direcionando seus gastos para experiências, sobretudo transformações na área da saúde e bem-estar que levem a uma melhoria do “eu”, a Safilo está convencida que é algo que um dia vai estar inserido nas suas armações de luxo.

“Passamos mais de um ano tentando compreender para onde está caminhando a sociedade e se há uma nova forma de abordar o produto”, revelou Gionata Berna, diretora de informação da Safilo. “Vamos responder à expectativa do consumidor, que é o bem-estar”, acrescentou. Na CES 2017 aconteceu o desfile FashionWare apresentado pelo ex-participante do Project Runway, o estilista Nick Verreos, que mostrou o “último grito” da moda inteligente .

Automóveis autônomos

A ideia de um veículo autônomo, que não necessita de condutor, é uma das que mais entusiasma os visitantes da CES, onde centenas de empresas como Mercedes, Toyota e Hyundai, a produtora de chips Qualcomm e à designer de produto Harman, competiram pela atenção dos visitantes para produtos nesta categoria.

A comercialização do conceito é inevitável, com empresas que inclui a Waymo, da Google, a Tesla e a Uber a trabalharem para lançar a sua própria tecnologia no futuro próximo. E Sandra Lopez, da Intel, acredita que o automóvel autônomo irá se tornar outro lugar, como um café, restaurante ou bar, para se passar tempo com os amigos. “No mundo da moda, se analisarmos para onde estes carros estão indo, é um estilo de vida. Vai ser uma extensão da nossa sala de estar”, afirmou. “A moda deve pensar qual será o seu lugar nesse ecossistema e criar essas parcerias”, acrescentou. A Hyundai apresentou seu  conceito futurista de “carro sala de estar” na CES 2017.

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Mas tal como a ascensão dos automóveis moldou o varejo, o mesmo vai acontecer com os veículos autônomos, desde a entrega de encomendas facilitada ao aumento do tempo a fazer compras em dispositivos móveis. Afinal, os consumidores com mais tempo em mãos podem ter também mais tempo para comprar quando estão viajando. E com cada vez menos consumidores dirigindo seus próprios veículos e com os automóveis oferecendo serviços conectados em nuvem, como acontece com a Uber mas sem os motoristas, a forma como os ambientes de varejo são projetados deverá mudar. Basta pensar que os centros comerciais com parques de estacionamento vão se tornar obsoletos.

“Com os automóveis autônomos, vai ser possível ter mais uma experiência à volta do carro, seja ir às compras ou ficar muito próximo com a experiência móvel”, acredita Jeremy Bergstein, presidente do Science Project, uma empresa criativa sediada em Nova Iorque que concebe experiências de varejo para marcas de diferentes segmentos, do luxo ao mercado de massas.

Produção digital além de protótipos

Embora grandes pensadores como Issey Miyake estejam desenvolvendo, há vários anos, técnicas de produção digitais, a grande mudança no design de vestuário e acessórios promete ser a ascensão da costura automática. Os robots industriais de costura ainda não têm lugar numa feira de tecnologia para o consumidor como a CES, mas a impressão 3D, que permite que os designers criem produtos únicos em massa, esteve bem representada em Las Vegas e pode ajudar a impulsionar o movimento da customização em massa.

Nesta edição da CES, a empresa de impressão 3D Formlabs, que já colaborou com Rebecca Minkoff e a Chromat, introduziu mais um produto destinado a aumentar o interesse da indústria da moda, sobretudo designers de joalharia: um material cerâmico. Este material é uma evolução para a indústria de impressão 3D, que está mais associada com a prototipagem e peças conceituais do que com produtos que podem ser vendidos no varejo. “Não são peças de plástico frágeis. São materiais de engenharia reais”, destacou Dávid Lakatos, diretor de produto da Formlabs, ao Business of Fashion. “Está na hora de considerar seriamente a impressão 3D, não apenas para fazer protótipos ou aperfeiçoar, mas para realmente usá-la para componentes finais”, concluiu.

Via: Portugal Têxtil

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