Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

As fiações indianas querem baixar a produção de fio de algodão para tentar diminuir os stocks que se acumularam nos últimos meses na sequência das medidas do governo. Uma decisão que tem a oposição das associações da indústria de vestuário, que ameaçam exigir importações sem taxas para manter a competitividade.

dummy
Fiações reduzem produção

 As fiações indianas estão a reduzir a produção em cerca de um terço numa tentativa de reduzir os stocks que se acumularam em resultado da quebra dos preços do algodão e da procura interna reduzida.

A acção surge como parte dos protestos que se iniciaram em 23 de Maio quando cerca de 1.998 das 3.300 fiações têxteis por todo o país aderiram a um dia de portas fechadas para sublinhar os problemas do sector.

A acção foi organizada pela Confederação da Indústria Têxtil Indiana (CITI) juntamente com várias associações de fiações de algodão – com uma reunião programada para este mês para decidir os próximos passos.

O presidente da CITI, Shishir Jaipuria, culpa o governo indiano, após este ter levantado as restrições às exportações de algodão no início de Abril. Antes disso, um limite de 720 mil toneladas imposto às exportações de fio de algodão em Dezembro deixou as fiações do país com enormes stocks.

«Quando foram permitidas as exportações a partir de Abril de 2011, o stock acumulado causou uma quebra acentuada nos preços do fio de algodão nos mercados mundiais e interno», afirmou. «Ainda pior, os consumidores começaram a afastar-se dos mercados, porque tinham a percepção que os preços iriam cair ainda mais, uma vez que as fiações estavam cheias de stocks e tinham de se livrar deles a qualquer preço», referiu, acrescentando que «uma vez que a procura interna continua fraca, os produtores de fio de algodão estão com imensas dificuldades em vender os stocks acumulados».

A indústria de fiação de algodão da Índia, avaliada em 700 mil milhões de rupias (10,71 mil milhões de euros), emprega mais de 700 mil trabalhadores e exporta anualmente 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,07 mil milhões de euros), o que lhe dá uma quota de 25% nos mercados mundiais.

Jaipuria também acredita que a taxa de 10,3% aplicada à indústria de vestuário no orçamento deste ano e as acções legais levantadas contra a poluição da água que fechou centenas de tinturarias em Tirupur criaram problemas sérios para a indústria de vestuário indiana, o que prejudica o consumo de fio e tecidos.

O Governo indiano já rebateu as acusações relacionadas com a limitação das exportações, realçando que «mesmo as 720 mil toneladas de fios para exportação permitidas seriam a melhor performance de exportação de sempre conseguida pela indústria de fiação indiana, representando um aumento de 22% em comparação com as 589 mil toneladas em 2009/2010 e as 556 mil toneladas em 2008/2009».

Também algumas associações do sector – nomeadamente o Conselho de Promoção das Exportações de Vestuário, a Associação de Produtores de Vestuário da Índia e a Associação de Exportadores de Tirupur – consideram as alegações da CITI «infundadas».

«Toda a indústria de vestuário e valor acrescentado aprecia a determinação do Ministro dos Têxteis e do Governo para proteger os consumidores internos e os postos de trabalho no país ao assegurar a disponibilidade de matérias-primas, como algodão e fio de algodão em quantidades suficientes para consumo interno», revelaram em comunicado. Indicam ainda que a quebra na procura do algodão é resultado de um aumento «sem precedentes» de preços no ano anterior, devido à especulação no algodão. Alegam ainda que a quebra dos preços do fio reflecte a quebra nos preços do algodão em bruto e que as fiações estão em crise porque compraram algodão a um preço bem mais elevado.

«A indústria de vestuário foi muito afectada porque não foi possível passar o aumento de preços aos consumidores finais», afirmam estas associações, acrescentando que os compradores de vestuário têm sido afugentados pelos elevados preços das matérias-primas. «A indústria de vestuário não é a favor do controlo artificial do abastecimento de fio através da redução da produção. Caso isso aconteça, a indústria irá exigir ao governo a importação de fio de algodão sem impostos, de modo a ter condições de competitividade».

Fonte:|portugaltextil.com|

Exibições: 215

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço