Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fibras sintéticas abalam o reinado do algodão na indústria do vestuário dos EUA

Para a indústria das confecções, o algodão vem perdendo elasticidade. Pressionados pela persistência dos preços altos do tecido natural, os fabricantes de vestuário estão incluindo fibras sintéticas em roupas que costumavam ser feitas 100% de algodão.

Este ano, as importações americanas de roupas feitas principalmente de materiais sintéticos devem ultrapassar as roupas de algodão, pela primeira vez em mais de 20 anos. Ainda recentemente, em 2008, 60% das importações de roupas ‒ que constituem a maior parte do atual mercado de vestuário nos Estados Unidos eram feitas de algodão.

[image] Uniqlo

Jeans Ultra Stretch expostos numa loja da Uniclo na Califórnia. A roupa é feita de uma mistura de algodão, poliéster e elastano.

A tendência é vista numa série de varejistas, desde marcas mais sofisticadas até o mercado de massa. Os jeans da AG, fabricante de Los Angeles especializada em brim de luxo, são feitos de algodão, liocel e poliuretano e custam US$ 168. A varejista americana American Apparel Inc. APP +0.58% oferece uma camiseta de US$ 22 que mistura poliéster, algodão e viscose. A rede sueca Hennes & Mauritz AB HM-B.SK -0.40% vende um vestido de viscose e elastano nos Estados Unidos por US$ 12,95.

Embora a economia de custos seja um fator na redução do uso do algodão pelos fabricantes, os consumidores já estavam seguindo na mesma direção. A americana Under Armour Inc. UA -0.71% se tornou um negócio de US$ 2,9 bilhões anuais vendendo artigos esportivos feitos com materiais sintéticos, inclusive poliéster, um tecido à base de petróleo antes associado a calças esportivas e roupas para golfe. As calças para ioga da Lululemon Athletica Inc. LULU -0.62% não são mais usadas apenas na academia.

"Costumo usar tecidos que caem bem, então provavelmente [prefiro] uma mistura" de algodão com fibras sintéticas, diz a enfermeira Melissa Lance, de 38 anos. "Na verdade, não me importo em saber do que é feito, contanto que seja confortável e macio."

A Under Armour começou como fornecedora de camisetas que absorvem a umidade para times esportivos. Agora vende toda uma série de artigos de vestuário, como calças femininas em tecidos que misturam nylon e elastano e suéteres de lã com capuz contendo poliéster.

Na Lululemon, algumas calças e blusas são fabricadas com uma tecnologia que "reduz o mau odor quando a pessoa faz exercícios", diz Matthew McClintock, analista sênior vestuário e de varejo no Barclays PLC. BARC.LN -0.01% "Com o tempo, a mistura [dos artigos oferecidos pelos varejistas] vai tender mais para este tipo de produto do que para o produto tradicional de algodão."

Essas qualidades vêm incentivando os varejistas a vender agressivamente ‒ e a preço elevados – roupas contendo fibras sintéticas, que começaram como tecidos baratos vendidos principalmente por redes de desconto. A Lululemon vende calças de ioga por US$ 82 a US$ 98 em seu site. No ano passado, a empresa teve problemas com o tecido de algumas dessas populares calças ‒ uma mistura de nylon e elastano ‒ com um lote delas muito transparente, causando um recall dos produtos.

Uma porta-voz da Lululemon não quis comentar para este artigo.

"Não acredito que isso seja cíclico ‒ creio que é questão de evolução", diz Bob Grayson, fundador da Grayson Co., grupo de consultoria de varejo e vendas ao consumidor. "Assim como a tecnologia exerce um impacto em outros setores, a tecnologia agora está impactando a moda."

O uso de fibras sintéticas se acelerou nos últimos cinco anos. Enquanto os consumidores se acostumaram a usar poliéster e elastano, fabricantes de roupas básicas como Hanesbrands Inc. HBI +0.27% introduziram linhas que misturam fibras sintéticas a produtos que tradicionalmente eram 100% algodão, tais como roupas de baixo.

As roupas feitas principalmente de fibras sintéticas constituíram 48,5% do total das importações de vestuário dos EUA no ano passado, enquanto as peças onde predomina o algodão responderam por 49,5% ‒ a menor diferença em mais de 20 anos, segundo o Departamento de Comércio dos EUA. Especialistas do setor dizem que este ano a forte demanda pelas fibras sintéticas deve mudar a composição do total em favor das roupas sintéticas. No acumulado do ano até fevereiro, a parcela total das importações americanas de vestuário feitas de fibras sintéticas subiu para 48,8%, enquanto as importações de roupas de algodão caíram para 49,1% do mercado.

Mas até agora essa mudança não causou uma baixa nos preços do algodão. Recentemente, uma libra de algodão (454 gramas) custava US$ 0,93 no mercado de futuros, valor próximo de uma alta de dois anos. Nos últimos dois anos, os preços ficaram, em média, em US$ 0,81 por libra, ante US$ 0,54 por libra entre 2000 e 2009.

Mas os operadores de algodão dizem que isso pode mudar.

O principal motivo para os preços permaneceram altos é que a China, a maior consumidora mundial, vem estocando a fibra. Além disso, muitos agricultores dos EUA, o principal exportador de algodão bruto, vêm optando por cultivar produtos mais rentáveis, como o milho ou a soja. Agora, porém, Pequim está tentando vender algumas das suas reservas estratégicas de algodão, e grupos americanos do setor estão prevendo uma safra maior nos EUA este ano. Por isso, algumas estimativas preveem queda nos preços do algodão.

Mesmo assim, especialistas na indústria de vestuário creem que seria necessário uma queda acentuada para atrair os fabricantes e os consumidores de volta para as roupas de algodão.

A Uniqlo Co. Ltd., rede varejista que pertence à japonesa Fast Retailing Co. 9983.TO -1.92% Ltd., viu uma "enorme mudança" nas vendas de seus jeans Ultra Stretch, que misturam algodão, poliéster e elastano, diz Steven Sare, diretor de merchandising da empresa. Dez anos atrás, a maior parte dos jeans era 100% algodão, acrescenta. A Uniqlo vende roupas esportivas em mais de dez países.

"Os tecidos que contêm uma mistura de fibras naturais e sintéticas são ideais, e temos visto isso nos nossos resultados de vendas", disse Sare.

http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304393704579530092599...

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