Os diferentes tons que o outono confere às árvores podem, em breve, chegar à indústria têxtil. Uma equipa de investigadores do VTT Technical Research Centre está a trabalhar na utilização dos carotenoides laranjas e amarelos e das antocianinas vermelhas que “pintam” as folhas a partir de outubro para dar melhores fins que o lixo às folhas que enchem ruas e parques no início da estação fria. «Há uma necessidade, em rápido crescimento, de pigmentos naturais em várias indústrias em todo o mundo – por exemplo, estes pigmentos naturais podem mesmo ter efeitos que promovem a saúde e serem utilizados como nutracêuticos [produtos nutricionais alegadamente com valor terapêutico]», explicam os investigadores em comunicado.
O centro de I&D desenvolveu um processo no qual as folhas que caem das árvores são reunidas, secas e moídas para posterior extração dos componentes necessários. A composição química das folhas varia muito entre espécies de árvores.
A investigação entrou já numa fase de testes-piloto, usando folhas recolhidas na zona de Otaniemi pela empresa de resíduos Lassila & Tikanoja. A equipa refere que os métodos desenvolvidos são aplicáveis a indústrias, incluindo a têxtil.
Até agora, as folhas caídas das árvores no outono tinham pouca utilidade. Eram deixadas no chão, usadas em compostagem ou queimadas, resultando em aterros cheios e uma crescente carga de dióxido de carbono, afirmam os investigadores. «Nas experiências em laboratório, descobrimos várias e promissoras formas alternativas de utilizar as folhas», revela Liisa Nohynek, investigadora-sénior no VTT. «Estão em curso testes piloto, nos quais estamos a examinar como os nossos métodos funcionam na prática e que quantidades de compostos podem ser extraídas das folhas», acrescenta.
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