Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A luta contra os químicos perigosos na cadeia de moda continua acesa, com várias iniciativas a procurar pôr fim à sua utilização. Contudo, apesar de alguns avanços e compromissos assumidos por marcas como a Adidas, Nike e Primark, a evolução não tem sido tão rápida como o desejado. 

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Fora com os químicos - Parte 1

Desde que a Greenpeace publicou o seu relatório Dirty Laundry em 2011, revelando químicos tóxicos nas descargas de águas residuais de duas unidades de produção têxteis na China, o grupo de pressão ambiental tem pedido às empresas de vestuário para removerem estes das suas cadeias de aprovisionamento. Embora várias empresas tenham subscrito a campanha Detox do grupo, ainda parece haver muito trabalho por fazer.

A iniciativa Detox ganhou dinamismo desde a sua criação há três anos e, até à data, 20 empresas assinaram, tendo concordado trabalhar em conjunto naquela que foi considerada uma «colaboração revolucionária».

Através da campanha, os signatários concordaram em adotar «um compromisso credível, individual e público» para deixar gradualmente de usar e libertar todos os químicos tóxicos dos seus produtos e cadeia de aprovisionamento até 1 de janeiro de 2020. Para que isso seja credível, o compromisso baseia-se em três princípios fundamentais: zero descargas de todos os químicos perigosos, tomar medidas preventivas para a sua eliminação e transparência na cadeia de aprovisionamento.

Dois químicos em particular foram destacados no mais recente relatório da Greenpeace publicado em janeiro, que encontrou a presença de químicos perigosos em vestuário de criança e calçado produzido para 12 marcas de moda internacionais, incluindo Adidas, Primark e Disney. Os químicos encontrados incluem nonilfenóis etoxilados (NPEs) e perfluorocarbonetos (PFCs).

Os PFCs são comummente usados na indústria para tornar as roupas repelentes a água e sujidade. Mas para além de serem prejudiciais para o ambiente, os resultados sugerem agora que têm também efeitos nocivos na saúde humana.

Para além de pressão da Greenpeace, as mudanças aprovadas este ano na Lei de Proteção do Ambiente da China significa potencialmente maiores poderes para as autoridades ambientais e penalizações mais severas para os poluidores. Um elemento de publicação obrigatória também significa que os fornecedores multinacionais de vestuário têm de escolher os seus parceiros da cadeia têxtil com maior cuidado e transparência.

As novas leis entram em vigor a 1 de janeiro de 2015 e servem apenas para enfatizar a necessidades das empresas limparem as suas cadeias de aprovisionamento e produtos.

Mas o caminho para a eliminação e substituição destes químicos parece ser tudo menos fácil.

A empresa alemã de artigos de desporto Adidas foi a segunda a assinar a campanha, atrás da rival Nike. No entanto, foi recentemente acusada pela Greenpeace de ficar para trás nos seus compromissos. Um novo roadmap, lançado pela empresa em junho promete, contudo, assegurar que 99% dos seus produtos não contêm PFCs até 2017, levando à total eliminação até 2020. Também estabeleceu objetivos ambiciosos para atingir uma total transparência da cadeia de aprovisionamento. Isso, espera, vai colocar os seus esforços de sustentabilidade de novo em curso.

Silvia Raccagni, diretora de comunicação de sustentabilidade da Adidas, afirma que a gestão de químicos em cadeias de aprovisionamento complexas é um «desafio complexo». «Durante anos, o grupo Adidas tem tido programas de liderança na área de gestão de químicos. Em 1998, foi pioneira na criação de uma Política de Substâncias Restritas, que proibia a utilização de químicos considerados perigosos ou tóxicos. Desde então, fizemos progressos contínuos», refere.

Para melhorar o seu sistema de gestão de químicos, a Adidas fez recentemente uma parceria com a Bluesign Technologies, uma empresa que fornece ferramentas de avaliação para uma química positiva na indústria têxtil.

Raccagni acrescenta que, «ao mesmo tempo, queremos continuar a impulsionar a inovação química, e identificamos os PFCs como uma área de ação. No quadro da iniciativa Zero Discharge Hazardous Chemicals, comprometemo-nos a eliminar PFOA e PFOS (chamado C8) até 2015».

Para a diretora de comunicação de sustentabilidade da Adidas, é necessário mais inovação para se comprometer com uma eliminação completa de tecnologias repelentes à base de fluoratos, sobretudo para produtos de alta performance. Mas acrescenta que a Adidas vai investir em investigação para avaliar a viabilidade de tecnologias alternativas.

Também a H&M foi uma das primeiras a assinar a campanha da Greenpeace e a revelar-se empenhada em pôr a sustentabilidade no centro das suas preocupações, como pode ficar a saber na segunda parte deste artigo.
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