Criada há dois anos, a Academia do Têxtil quer preparar jovens recém-licenciados para responder aos desafios e exigências da indústria, complementando a sua formação com a experiência nas diferentes áreas de atuação das empresas associadas.

Manuel Gonçalves

A Academia, revela Manuel Gonçalves, administrador do Grupo TMG, nasceu da necessidade de preparar jovens recém-licenciados para a realidade do trabalho na indústria. As cinco empresas envolvidas – ATB, Inovafil, Lameirinho, MGC Acabamentos e TMG Tecidos –, interligadas por relações de parceria e complementaridade, oferecem aos formandos uma experiência prática e abrangente, que cobre diferentes áreas, da fiação à confeção, passando pela tecelagem, tinturaria e acabamentos. O programa tem a duração de dois anos, durante os quais os formandos passam seis meses em quatro das empresas do consórcio. Este modelo permite-lhes adquirir conhecimentos práticos em várias etapas da cadeia de produção têxtil, complementados por projetos específicos dentro de cada organização.

«A ideia é que cada formando desenvolva um projeto executável em seis meses, que não só desbloqueie iniciativas adiadas dentro das empresas, mas também enriqueça o conhecimento do formando», explica Manuel Gonçalves. Cada estagiário é acompanhado por um mentor técnico e um administrador que supervisionam o progresso e ajudam no alinhamento dos objetivos. «Com isto, a empresa ganha, porque desbloqueia ali um projeto que estava na gaveta e que não alcançava por falta de tempo dos seus colaboradores e, por outro lado, o formando enriquece os seus conhecimentos numa determinada área», aponta.

Os formandos têm um contrato de trabalho desde o início do programa, sendo remunerados pela Academia do Têxtil, que é financiada pelas empresas parceiras. No final dos dois anos, os formandos têm a oportunidade de escolher entre as propostas de trabalho feitas pelas empresas onde estagiaram. «É quase um luxo para quem está a iniciar uma vida profissional», sublinha o administrador da TMG.

Apesar dos resultados promissores, o projeto enfrenta desafios. Algumas desistências durante o programa surpreenderam os responsáveis, que acreditam que muitos jovens não compreendem o valor estratégico desta formação. «É uma oportunidade de conhecer várias áreas e construir uma rede de contactos, algo que normalmente levaria 10 a 20 anos a alcançar», realça Manuel Gonçalves.


Gracinda Silva

Gracinda Silva tem essa expectativa. A jovem, com mestrado integrado em Engenharia Têxtil, integra o grupo dos cinco formandos que atualmente compõem a Academia do Têxtil, tendo já passado pela ATB e estando agora na TMG. «Queria muito obter experiência a nível industrial e aprender com o know-how das pessoas. Podemos ter muito a parte técnica e teórica, mas quando estamos com pessoas que trabalham na área todos os dias, elas ensinam-nos muito», afirma.

O programa foi ajustado nos últimos tempos, reduzindo a duração para quatro semestres, de modo a responder ao feedback de alguns formandos sobre a sua extensão. Nem todos, assume Manuel Gonçalves, estão preparados para, de seis em seis meses, recomeçar do zero numa nova área. «Fazer isso quatro vezes é duro», reconhece o administrador da TMG, «mas se conseguir passar todas estas etapas, fica numa condição muito melhor em termos de formação e de empregabilidade do que se tivesse ido trabalhar diretamente para um determinado departamento numa empresa».

Para Gracinda Silva, «acaba por nos dar uma maior capacidade de adaptação e isso, para mim, acaba por ser uma vantagem e não tanto um desafio».

Embora o consórcio não esteja fechado a novas empresas, nem à expansão do número de formandos, a possibilidade de crescimento terá de ser sempre ajustada à capacidade das empresas, porque é preciso «garantir que os formandos têm o acompanhamento necessário», e a uma forte relação de confiança entre os parceiros, uma vez que há a partilha de projetos e informações internas. «Esta relação de confiança é essencial para o sucesso da Academia», sustenta Manuel Gonçalves.

A escassez de engenheiros no sector têxtil é uma preocupação crescente, agravada pela elevada rotatividade de profissionais. «Hoje, as pessoas procuram experiências rápidas e mudam de emprego frequentemente, muitas vezes iludidas por promessas de melhores condições noutras empresas, que nem sempre se concretizam», refere o administrador da TMG.

A Academia do Têxtil surge, assim, como uma resposta estratégica, oferecendo uma formação abrangente que não só pretende preparar os jovens para enfrentar os desafios da indústria, mas também contribuir para a sua estabilidade e crescimento profissional. «Queremos que os nossos formandos vejam isto como uma mais-valia e fiquem connosco e prossigam as suas carreiras dentro deste grupo de empresas que investiu nelas. Se as levamos até ao final é porque lhes reconhecemos potencial para crescerem dentro das nossas organizações», conclui Manuel Gonçalves.

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