Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Franquias têm leque de oportunidades em diversos segmentosSetor de franquias amplia área de atuação, de energia renovável a produtos e serviços para o agronegócio.

Por Katia Simões

Boa parte da expectativa de crescimento de 12% em faturamento do franchising brasileiro este ano está diretamente ligada à chegada de novos segmentos ao sistema. Foi-se o tempo em que as ofertas giravam em torno de alimentação, educação, estética, saúde e beleza. O leque cresceu. Entre as 100 novas marcas que decidiram expandir via franquia, muitas são de áreas que, num passado recente, sequer pensávamos que pudessem ser escaladas em rede.

Encabeçam a lista os bancos digitais, consultoria de gestão e desenvolvimento humano, administração de condomínios, gestão de importação e exportação, energia renovável, produtos e serviços ligados ao agro, entre outras.

O movimento, de acordo com Beto Filho, presidente da Associação Brasileira de Franchising-Seccional Rio de Janeiro, deriva dos bons resultados amealhados pelas redes mesmo diante das oscilações econômicas, e do grau de amadurecimento do sistema. “Há um reconhecimento de que as franquias podem ser um caminho de expansão mais seguro e rápido para as novas marcas, um atalho para as indústrias operarem no varejo e um ótimo canal de distribuição”, afirma. “Sem contar a abertura que a nova Lei de Franquias deu para a criação de franquias sociais, que tendem a crescer bastante.”

Depois de dez anos operando como uma indústria de processamento de pescados e distribuidora de salmão e frutos do mar para o atacado, a Donafresca Pescados abriu, em novembro de 2019, em Cuiabá (MT), uma loja própria. A ideia era testar o varejo. Há tempos os próprios consumidores demandavam pela opção de comprar não só os peixes, mas também a linha de alimentos processados em pequenas quantidades.

“A receptividade foi muito positiva. Para nossa surpresa, começamos a receber propostas de pessoas interessadas em investir no negócio”, conta Eugenio de Souza, diretor de expansão. “Foi quando decidimos formatar a franquia. Passamos o ano de 2020 nesse processo e abrimos a unidade em 2021, nos tornamos a primeira rede de franquias de peixaria do Brasil.” O investimento inicial é de R$ 483 mil e a meta é somar 30 lojas até 2025, tendo como foco as regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Segundo o executivo, um dos maiores desafios está na logística de abastecimento da rede, uma vez que a Donafresca trabalha com produtos congelados e resfriados. “Para ganhar agilidade, firmamos parceria com duas companhias aéreas e estamos em busca de novos parceiros que trabalhem a última milha.”

De acordo com Ana Vecchi, da Vecchi Consulting, é preciso ser crítico e analítico para saber o que é ou não franqueável. “O mercado ainda confunde franquia com estratégia de expansão e não enxerga o sistema como modelo de negócio”, afirma. “Dentro de cada segmento a tendência é surgirem novos conceitos que poderão ou não virar franquia.”

A consultora adverte que um dos principais pontos que apontam para a não adoção do sistema de franquias é a falta de estrutura e conhecimento da futura da franqueadora e o tipo de cultura adotado pela empresa. “Franchising é compartilhamento, com ganhos para ambos os lados e papéis muito claros que devem ser desempenhados tanto pela equipe da franqueadora quanto pelo franqueado”, afirma Ana. “Não cabe a uma franqueadora achar que basta apenas copiar o seu conceito de negócio, gestão de rede vai muito além de vender produtos e serviços ao consumidor.”

Um bom exemplo de franquia que nasceu dentro de um setor clássico, o de moda, é a Peça Rara, rede de brechós, que integra o portfólio da holding SMZTO. A franquia, que faturou cerca de R$ 37 milhões em 2021 com a venda de roupas usadas, conta com 100 mil fornecedores cadastrados e 50 unidades. A meta é dobrar o número de lojas e chegar a um faturamento de R$ 120 milhões este ano.

Com larga experiência em franchising, no tempo em que os principais segmentos eram educação, alimentação e estética, Maurício Crivelin, CEO da Kinsol Energias Renováveis, também enxergou no sistema o caminho para virar a chave e sobreviver na pandemia.

A empresa, aberta em 2013, em Uberaba (MG), contava com 14 vendedores-técnicos em 2020, contratados no modelo CLT, que operavam com uma frota alugada. “A conta não fechava e a Kinsol patinava, era preciso mudar para sobreviver”, lembra Crivelin. “Busquei pessoas estratégicas que nos ajudaram a formatar a franquia. Em menos de um ano lançamos o modelo no mercado, tendo como primeiros franqueados os antigos colaboradores.”

A franquia, que funciona home-based com investimento inicial de R$ 26 mil, conta com 200 franqueados e espera faturar esse ano R$ 100 milhões, quatro vezes mais que em 2021. “Um dos pilares de sucesso do negócio é treinamento, por isso disponibilizamos para nossos franqueados cerca de 149 cursos no modelo de ensino híbrido, que somam mais de 100 horas/aula”, afirma. Segundo ele, um dos maiores desafios dos novos segmentos que aderem ao franchising está na estrutura da franqueadora. “Uma coisa é vender sistema solar, outra é dar suporte à rede, principalmente quando a barreira de entrada é muito pequena”, declara. “Diversificar o portfólio de produtos e serviços, a fim de aumentar a rentabilidade, também pesa”. Com esse objetivo, a Kinsol foi uma das primeiras a disponibilizar para seus franqueados a comercialização de estações de recarga de mobilidade elétrica. “Com a nova linha, deveremos até dezembro somar R$ 5 milhões ao faturamento da rede.”

Cenário propício

De acordo com André Friedhein, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) além da melhora do quadro econômico geral, a gradual retomada das atividades presenciais tem se refletido de forma positiva no setor, principalmente nas atividades mais associadas aos pontos físicos de venda e experiências. As vendas digitais, por sua vez, também continuam a apresentar bom desempenho, mostrando que as lições da pandemia com a digitalização de canais e processos se mantém. “Creio que estamos caminhando para um ambiente de negócios cada vez mais híbrido, com uma forte interligação entre on e off line, o que pode abrir novos caminhos para o setor”, afirma Friedhein.

Presente em 126 países, destes em sete com modelo de franquias, a IWG, líder global em espaços de trabalho flexíveis e escritórios compartilhados, dobrou o número de novos centros franqueados no mundo em 2021, em comparação ao ano anterior. Os resultados globais mostram um aumento de 93%, somando mais de dois milhões de novos clientes à rede.

O Brasil contribuiu para o bom desempenho, com a abertura da primeira franquia, em Osasco (SP), com mais de 40 escritórios e 100% de ocupação. “O cenário para a oferta de novos escritórios no pais, por meio de franquias se mostra promissor”, afirma Tiago Alves, CEO da IWG no Brasil. “É preciso atender à nova demanda por coworkings em municípios do interior, cidades satélites e regiões litorâneas.”

Com um ano de franchising, a rede conta com 61 unidades em operação, entre próprias e franqueadas, totalizando 140 mil metros quadrados. Entre os potenciais franqueados estão proprietários de prédios e de lajes comerciais, que investem até R$ 4.500 por metro quadrado para se integrar à rede, que aluga não uma sala, mas um espaço pronto, com serviço, tecnologia e internet.

“Somos a única franquia operando com áreas grandes, entre 1.000 e 2.500 metros quadrados, onde cabem de 300 a 1000 pessoas”, afirma Alves. “Hoje, 30% das operações são coworking e 70% escritórios compartilhados.” Segundoo executivo, as oportunidades de crescimento são enormes, uma vez que nem 1% do mercado é ocupado por escritórios flexíveis.

Para Hugo Cordeiro, CEO da BRCondos, rede especializada em administração condominial, um dos principais benefícios do sistema de franquia é permitir que o negócio escale tendo o olhar de muitos donos. “Isso faz muita diferença, garantindo uma operação mais alinhada com a cultura local”, afirma. “Na prática, nós precisamos dos franqueados para crescer e eles dependem da franqueadora para existir. É assim que a engrenagem funciona.” Com sede em Joinvile (SC), a BRCOndos, que este ano deve faturar R$ 65 milhões, entrou para o franchising em 2014, um ano depois da fundação. Soma 115 unidades e, em 2023, espera abrir pelo menos 30 operações com conversão de bandeira, em regiões como o litoral e interior paulista, Brasília e Belo Horizonte.

Responsável por 27,4% do PIB brasileiro em 2021, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq-USP, o agronegócio vem abrindo boas oportunidades para geração de novos negócios no modelo de franquia. É o caso da Agro Atlas Brasil, que lançou em maio deste ano a primeira franquia nacional de aplicação de drones no agro. A tecnologia, lançada em 2019, já atendeu mais de mil produtores e 14 tipos de cultura. Ou, ainda, da Campear, marketplace onde se compra e vende qualquer produto ligado ao agro, que aderiu ao franchising no ano passado.

De olho na expansão do modelo de negócios no segmento, Romário Alves não titubeou. Há dois anos transformou a Sonhagro, especializada em soluções de crédito rural, em franquia. São 45 unidades em operação, com meta de fechar 2022 com 60 franquias e presença em 100 cidades. “Nosso maior desafio é encontrar o franqueado com perfil ideal, como foco em crédito rural”, afirma Alves. A franquia oferece três modelos de negócio – home based, AgroRoom e Comercial – com investimentos entre R$ 15 mil e R$ 30 mil. “Além do gerenciamento da negociação de crédito e execução dos projetos técnicos que os bancos exigem, contamos com sete outros produtos, entre eles, consórcio, seguros, crédito empresarial, imobiliário e veicular”, relata Alves.

Outro segmento que vem crescendo consideravelmente no franchising é o financeiro. Segundo levantamento da ABF, o segmento movimentou cerca de R$ 29,5 bilhões no ano passado, um crescimento de 11% em relação a 2020. Criado em 2019, o Dot Bank – banco digital que opera por meio de uma plataforma multicarteiras, com foco em gestão, conciliação, monitoramento e liquidação de pagamentos – foi um dos primeiros a aderir ao franchising e já conta com 15 unidades em operação. A franquia, no modelo home-based, exige investimento baixo, a partir de R$ 2.212,00.

Quem também enxergou uma oportunidade de expansão foi Eduardo Silva, CEO do neobanco EDANBANK. A partir de novembro terá início o projeto Empreendedor Corporativo, nome dado ao programa de franquias. “A rede nasce com a conversão de 10 associados, profissionais com experiência em bancos, consultoria empresarial e advogados que ofertam produtos EDANBANK a seus clientes há mais de 13 meses, em franqueados”, afirma Silva. “A cada três meses, converteremos mais uma dezena de uma base de 40”. Com sede em São Paulo, o neobanco criou o conceito de Private Business, metodologia que leva às empresas uma equipe exclusiva para estudar e aplicar as melhores soluções disponíveis no mercado, considerando estratégias econômico-financeiras personalizadas em produtos de crédito, câmbio, gestão de recursos, conta digital, investimentos, serviços financeiros e seguros.

Segundo Silva, a franquia do EDANBANK funciona de maneira um pouco diferente dos modelos tradicionais. O futuro franqueado entra primeiro como associado, a fim de aprender o conceito, dominar a metodologia, o jeito de operar e a cultura do banco. Depois de um período de treinamento e geração de negócios, no qual ele basicamente opera com indicação, o EDANBANK analisa se ele absorveu a cultura, a metodologia e a alta performance exigida para se tornar elegível a ser um franqueado. “Nesse ponto ele vira sócio da carteira que possui, com o dobro da remuneração”, diz Silva, revelando que em 2023 a meta é ter cerca de 100 franqueados.

Fonte: Valor Econômico

https://sbvc.com.br/franquias-tem-leque-de-oportunidades-em-diverso...

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