Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Apesar das várias celebridades grávidas que enchem atualmente as revistas cor-de-rosa, a criação de vestuário para este “estado de graça” está ainda longe dos planos dos criadores de moda. A opção para as grávidas são os básicos ou a adaptação das linhas habituais para as que não dispensam o estilo. 

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Futuras mães fora de moda

 Não há dúvida que a moda de maternidade está a fazer os cabeçalhos nos dois lados do Oceano Atlântico. Com as admiradas Duquesa de Cambridge, Fergie, Kim Kardashian e Margherita Missoni grávidas mais ou menos ao mesmo tempo, como vestir a barriga tornou-se no tema mais popular do momento, com as futuras mamãs a mostrarem-se à altura do acontecimento.

Na sua primeira saída visivelmente grávida em fevereiro, a Duquesa, cujo bebé deverá nascer em julho, usou um vestido cinzento da Max Mara. Mais recentemente tem optado por casacos, como o da Mulberry, em tweed verde pálido, usado numa festa de noivado no Castelo de Windsor.

Já Kim Kardashian tem sido vista em Valentino, Salvatore Ferragamo, Lanvin e Saint Laurent, enquanto Fergie usou um smoking preto num evento no Brasil, seguido de um mini-vestido com cauda longa no início de abril. Missoni tem usado, claro está, Missoni.

Todas seguem o mote da ex-Primeira-Dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy, que usou um vestido em tweed de alta-costura da Chanel e um casaco preto enquanto estava grávida, adaptando vestuário não maternidade à sua nova situação.

Com efeito, essa tornou-se numa tendência tão grande que pode dar ideias ao mundo da moda. Segundo a linha de vestuário de maternidade Séraphine, no Reino Unido há cerca de 800 mil nascimentos por ano e, em média, as mulheres gastam 130 libras (154,19 euros) em vestuário de maternidade (num total de 108 milhões de libras), enquanto nos EUA, com cerca de 4 milhões de partos todos os anos, o consumo médio é de 200 dólares (cerca de 152,5 euros), o que equivale a um consumo total de cerca de 800 milhões de dólares.

No entanto, a roupa de maternidade é a última grande fronteira inexplorada no estilo. As marcas de moda investiram em vestuário de criança, vestidos de noiva, lingerie, sportswear, até têxteis-lar. Muitas mulheres grávidas claramente não querem mais abdicar do estilo mas, quando o tópico é levantado, os baluartes da passerelle respondem com um silêncio incomodado.

Diane von Furstenberg (cujos vestidos cruzados podem, para muitos, serem perfeitos para a maternidade), Jason Wu e Temperley London recusaram-se a responder para este artigo do Financial Times, por exemplo. «É uma história que não se adequa a nós. Não fazemos vestuário para maternidade e a nossa relação com a Duquesa de Cambridge é importante e nunca comentamos», afirmou Temperley London.

Valerie Steele, diretora do museu do Fashion Institute of Technology em Nova Iorque, acredita que a gravidez tem um problema de imagem. Falta-lhe «o glamour e elegância da figura feminina ideal. A gravidez envolve uma profunda mudança na silhueta feminina e uma mudança que superficialmente parece obesidade. Isso é algo que é muito difícil para os designers», revela.

Steele recorda como durante a sua própria gravidez, quando procurava algo com estilo, estava a ver a linha Plantation de Issey Miyake, em particular um vestido de algodão solto leve e clássico dos anos 80, quando «alguém na loja olhou para mim e perguntou “são gémeos?”», uma insinuação de que Steele parecia gorda. «Saí da loja a chorar», admite. Ainda assim, acrescenta, «parece uma oportunidade perdida» para os designers.

Susan Lazar, designer há 20 anos e sediada em Nova Iorque, que agora cria as populares linhas Egg Baby e ocasionalmente vestuário para grávida (vestidos simples em jersey e acessórios) acredita que os designers evitam vestuário de maternidade porque tem um tempo de vida muito curto. «Nenhuma mulher quer usar as suas roupas de maternidade depois do bebé nascer», afirma. «Quer queimá-las», sublinha.

Há também uma questão prática em relação a padrões. «Os padrões de maternidade são diferentes do vestuário normal porque a barriga fica erguida à frente e, claro, é preciso cinturas mais largas», explica Lazar. A criadora sublinha ainda que o lançamento de uma linha de maternidade exige um investimento real, que pode não valer a pena enquanto as t-shirts compridas, leggings e utilização de camadas continuarem a ser populares enquanto vestuário de maternidade. Com efeito, afirma, muitas mulheres podem quase passar sem fazer compras com básicos não-maternidade até ao último trimestre. «Não é realmente necessário comprar um guarda-roupa de maternidade, por isso os designers não se preocupam em criar um», acredita.

A stylist de Los Angeles Nicole Chavez trabalhou com a então grávida Kristen Bell para os Globos de Ouro deste ano e vestiu a atriz num vestido de corte fluido (não-maternidade) Jenny Packham para o evento. Como regra, prefere vestuário não-maternidade para as suas clientes, incluindo Jessica Simpson, que Chavez vestiu em ambas as gravidezes parcialmente em Dolce & Gabbana (tem muito elastano no tecido, sublinha).

«Ela é uma mulher com curvas e bastante pequena, por isso era importante mostrar a sua barriga», considera Chavez. Issa é também uma das linhas não-maternidade favoritas, porque o habitual decote em V favorece um busto grande e as pregas na cintura a barriga.

Ainda assim, tendo em conta o impulso em marketing que a atual “colheita” de grávidas trendsetters pode trazer, talvez as marcas comecem a dar uma resposta a esta procura e, com isso, se assinale o nascimento de todo um novo nicho criativo.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/42372/xmview/...

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