Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Gisele Bündchen: como a supermodelo dá um show nos negócios

Esqueça o peso e a altura da top model brasileira; os números que realmente importam são os que Gisele Bündchen traz para as empresas com que trabalha

Gisele: em vez de ego e glamour, top model se dedica a fundo ao trabalho e embeleza as vendas das empresas
Gisele: em vez de ego e glamour, top model se dedica a fundo ao trabalho e embeleza as vendas das empresas ( foto: Divulgação)

A top model brasileira Gisele Bündchen encerrará, nesta quarta-feira 15, uma carreira de 20 anos como modelo de passarela. Sua despedida acontecerá no desfile da Colcci, durante o São Paulo Fashion Week. Gisele já avisou que não está se aposentando de outros trabalhos, como fotos e campanhas publicitárias. E, se depender das empresas que a contratam, não parará tão cedo. Isto porque, mais importante do que seus 53 quilos elegantemente distribuídos por 1,80 metro, seus 66 centímetros de cintura, 92 de quadril e 87 de busto, são os números que apresenta para seus parceiros de negócios: aumento de vendas e valorização das ações das companhias.

De acordo com a revista americana Forbes, Gisele é a modelo mais bem paga do mundo desde 2004. Somente no ano passado, a gaúcha faturou US$ 47 milhões – o que significa US$ 128 mil por dia. Sua fortuna pessoal já somaria quase US$ 430 milhões. Conta a lenda que ela não sai de casa por menos de R$ 1 milhão de cachê. Trata-se de uma cifra salgada para muitos orçamentos de marketing, mas quem atrela sua imagem à da supermodelo não tem do que reclamar.

Um exemplo é a rede de varejo C&A. Entre 2001 e 2005, Gisele foi sua garota-propaganda. As vendas, no período, cresceram 30%. Ela também está por trás da virada da Pantene no Brasil. Marca global da P&G para produtos para cabelo, a Pantene contratou a top model em 2007. Na época, a marca representava apenas 1,5% do mercado brasileiro, enfrentando rivais poderosos, como a Dove, da Unilever, e a Elseve, da L’Oreal. Desde então, a Pantene alcançou a liderança de vendas, com 11,4%.

Efeito Bündchen

O caso mais recente é o da marca americana de artigos esportivos Under Armour. Em setembro, a companhia anunciou um contrato de dez anos com ela, estimado em US$ 250 milhões. Parece caro, mas a empresa lucrou muito mais em apenas um dia sob o selo “Bündchen”. No dia em que divulgou o acordo, a Under Armour viu seu valor de mercado aumentar 4%, o equivalente a US$ 590 milhões.

A valorização da Under Armour na bolsa americana não é um caso isolado da influência da top model. Em 2007, o americano Fred Fuld criou o Gisele Stock Index – composto pelas ações de empresas que têm contratos com ela. Desde então, o índice subiu 105%, um banho sobre os 37% do Dow Jones, um dos principais indicadores da Bolsa de Nova York. Pelos cálculos de Fuld, que também é dono do blog Stockerblog, especializado em ações, se fosse uma empresa, Gisele valeria cerca de US$ 600 milhões.

Por trás desse sucesso, está uma carreira muito bem planejada, segundo os especialistas. Gisele não se limita, como a grande maioria das modelos, a posar para as fotos fazendo caras e bocas. Ela estuda profundamente as marcas para as quais pode trabalhar, pede relatórios detalhados de como os consumidores as enxergam, descarta empresas que não tenham uma boa política de sustentabilidade, aprova pessoalmente as fotos que serão veiculadas e nunca atrela sua imagem a campanhas que citem preço dos produtos.

Também se destaca pelo profissionalismo. Para preservar a imagem, parou de fumar e freqüentar baladas. Não se expõe, é vista como caseira e simpática, e cultiva hábitos saudáveis. Mesmo tendo namorado celebridades como o ator Leonardo DiCaprio e sendo casada com uma lenda viva do futebol americano, Tom Brady, Gisele preserva ao máximo sua intimidade. Além disso, inovou ao determinar horários de trabalho – com pausa para o almoço – nas sessões de foto. Trata-se de um diferencial e tanto, para o mundo da moda, acostumado a atrasos e chiliques de supermodelos.

Modelo de vida

Todos esses cuidados fizeram com que a brasileira fosse, acima de tudo, um modelo de vida para o consumidor médio americano. E fazer sucesso no maior mercado do mundo, os Estados Unidos, é fundamental para qualquer um. O salto de Gisele para o mundo contou com uma ajuda e tanto. Em 1998, chamou a atenção da todo-poderosa editora da Vogue americana, Anna Wintour, quando participava de um desfile do estilista inglês Alexander McQueen. No ano seguinte, Anna a colocou na capa da Vogue, com uma chamada e tanto: “The Return of the Sexy Model” (O retorno da modelo sexy).

O motivo é que, há tempos, Anna procurava uma nova “cara” para as passarelas. Antes de Bündchen ser projetada pela Vogue, o tom dos ensaios de moda era dado pelo ambiente underground, com modelos pálidas e cheias de olheiras. A cenografia exalava noitadas, bebidas, cigarros e drogas. Sua mais destacada representante era Kate Moss – que teve problemas, justamente, com bebidas, cigarros e drogas. Anna buscava alguém que encarnasse um espírito “mais saudável” – e viu todos esses atributos na gaúcha.

Os hábitos saudáveis, aliados à sensualidade brasileira, foram uma combinação de sucesso para Gisele. Embora cultive uma aura de moça caseira, a top model sabe vender seu lado mulherão. Ela ostenta a honra, por exemplo, de ter trajado a lingerie mais cara já criada no mundo: a Red Hot Fantasy Bra e Panties, desenhada pela Victoria’s Secret em 2000, especialmente para a gaúcha. Com mais de 1.300 pedras preciosas, a peça inclui 300 quilates de rubis tailandeses. O Guiness Book, tradicional livro de recordes, a avaliou em US$ 15 milhões.

Leve, leve

Além disso, desde 2011, a brasileira mantém sua própria marca de lingeries, a “Gisele Bündchen Intimates”, em parceria com a Hope. Como empresária, a supermodelo participa de todas as etapas de produção – do desenvolvimento das peças, à escolha de estampas e tecidos, passando pelas provas.

Ao se despedir das passarelas, nesta quarta-feira, Gisele não terá apenas aberto as portas para outras top models brasileiras, como Adriana Lima e Alessandra Ambrosio. Terá, também, imposto um novo padrão de beleza para o mundo dos negócios – aquele que valoriza mais o resultado gerado para o produto, do que o ego das modelos. Em tempo: após 20 anos de profissão e dois filhos, Gisele está um quilo mais magra do que quando foi descoberta, aos 14 anos. Prova de que o sucesso não pesou para a top.

FONTE: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20150414/gisele-b...

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