Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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"Gosto da liberdade da mulher brasileira ao se vestir", diz Suzy Menkes em bate-papo com Marie Claire

Por Ana Carolina Ralston

Reconhece este topete? Pois se você gosta de moda, atenção: ele pertence a Suzy Menkes, um dos grandes nomes do mundo fashion. A editora de moda do jornal Internacional Herald Tribune, do grupo americano "The New York Times", desembarcou no Brasil há poucos dias para realizar o Hot Luxury, conferência que reúne muitos nomes de peso da moda nacional e internacional entre hoje e amanha no Hotel Unique, em São Paulo.

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SUZY MENKES COM O FOTÓGRAFO MARIO TESTINO NA ABERTURA DO EVENTO HOT LUXURY

O line-up da 11ª edição do evento, que já passou pelas principais capitais do mudo, traz nomes como Mario Testino, Carolina Herrera, Sarah Burton – diretora de criação de Alexander McQueen, Diane Von Furstenberg entre muitos outros. Suzy, que comandará cada uma das palestras, bateu um papo exclusivo com a Marie Claire sobre o estilo das brasileiras e por que o Brasil é, também na moda, a grande bola da vez:

MC: O Hot Luxuxy já foi realizado em muitas capitais do mundo como Londres, Berlin, Moscou, além de outros países do BRIC, como China e Índia. Por que a escolha pelo Brasil na edição 2011?
SM:
Há dois anos insisto na ideia de que deveríamos realizar este evento em São Paulo. Acho que faz parte de um feeling, algo que muitas pessoas têm sentido em relação ao Brasil nos últimos tempos. Não é a toa que as próximas edições da Copa e dos Jogos Olímpicos serão realizadas aqui. Todos estão falando sobre o Brasil. Existe um momento em que um pais está coberto por uma certa áurea de sucesso, e este é o momento de vocês agora.

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SUZY E A ESTILISTA CAROLINA HERRERA

MC: O que é ser uma mulher sofisticada para você?
SM:
Para ser sofisticada, a mulher precisa ter um estilo próprio, uma identidade. Uma mulher que compra apenas nas melhores lojas, mas se veste, dos pés a cabeça com peças de um único estilista, não tem apelo. A mulher precisa ter seu próprio estilo e saber misturar, em uma mesma produção, diferentes marcas.

MC: Como você vê a moda brasileira?
SM:
O que pude observar durante estes poucos dias é que a moda brasileira sabe criar desejo em mulheres que, como eu, vêm ao país a turismo ou a trabalho e se deparam pela primeira vez com estas marcas. Isso, por exemplo, não aconteceu em Moscou, outra cidade que já foi sede do Hot Luxury há alguns anos, e que não me despertou nenhum desejo.

MC: Depois de passar alguns dias no Rio e em São Paulo você pode observar mais de perto como a mulher brasileira se veste. O que achou?
SM:
Gosto da liberdade da mulher brasileira na hora de se vestir. Gostos das cores alegres, da energia e do calor humano que fica impresso em seus looks. Também adoro as estampas. Como você sabe, elas estiveram “fora de moda” durante muito tempo. Mas no Brasil elas aparecem de forma muito natural, fazem parte da identidade do país.


MC: Em uma conferência recente você mencionou que “o fast fashion machuca mais o nosso planeta do que ajuda o nosso cartão de crédito”. Porém, muitas marcas de luxo também agridem o meio ambiente. Qual seria o primeiro passo a tomar para tornar o fast fashion mais ecologicamente corretos?
SM:
Acho que seria contratar pessoas que se importassem verdadeiramente com este assunto. Melhor ainda seria conseguir reuní-las em uma mesma equipe. Na semana de moda de Londres, por exemplo, existe uma seção chamada Estethica, que dá algumas vantagens econômicas a estilistas que estejam comprometidos com causas ecológicas. Acredito que esta ideia deveria ser implementada em todas as semanas de moda pelo mundo, como uma forma de incentivar este tipo de ação. Admiro pessoas que conseguem ter esta visão, como a estilista Stella McCartney.

MC: Atualmente muitos estilistas conceituados têm realizado parcerias com redes fast fashion (como Stella McCartney para C&A e Huis Clos para Riachuelo, por exemplo). Você acredita que esta pode ser uma boa forma de educar as consumidoras de moda com menos poder aquisitivo?
SM:
Não acredito que este tipo de parceria eduque os consumidores. Estes acordos são feitos para gerar uma enorme publicidade em torno do estilista e da marca em questão. A ideia em si é brilhante: quando Karl Lagerfeld, que foi o pioneiro neste tipo de parceria, se uniu a Macy’s para criar uma linha de roupas, também fiquei maravilhada. Acredito que as peças tenham influenciado e muito a forma com que as pessoas se vestiam e passaram a se vestir. Misturar peças de estilistas da alta costura com outras de marcas fast fashion é uma ótima forma de obter um estilo próprio. Hoje, este tipo de parceria se tornou tão comum, que me parece estar um pouco ultrapassada.

MC: Muitas marcas internacionais desembarcaram no mercado brasileiro nos últimos tempos. Você acredita que também exista espaço para nossas marcas no mercado estrangeiro?
SM:
Me parece que o mercado estrangeiro ainda não está preparado para receber as marcas brasileiras. Existe uma espécie de protecionismo na Europa. Seria difícil o Brasil ingressar no mercado europeu porque este ainda é mais amigável a produtos feitos dentro da própria União Europeia.

MC: Cite um ícone de estilo dos dias de hoje.
SM:
Giorgina Brandolini. Ela é um ótimo exemplo de alguém que possui um estilo singular. Ela não está sempre de salto alto ou com o corte de cabelo da moda, mas está sempre moderna e elegante. Talvez seja porque ela passou parte de sua vida no Brasil, isso deve ter influenciado seu bom gosto.

MC: A peça chave para o verão 2012 é:
SM:
Eu diria duas: um lindo biquíni brasileiro e uma saída, para colocar por cima dele.

MC: Um erro imperdoável na moda atual:
SM:
É não se vestir de forma fiel a si mesmo. Temos que descobrir quem somos e, então, nos vestirmos de acordo.

Fonte:|http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI278544-175...

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