Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Por Rafael Vasconcelos

Em trecho do filme Miranda desabafa sobre o seu divórcio e como isso seria usado pela mídia.

Em trecho do filme Miranda desabafa sobre o seu divórcio e como isso seria usado pela mídia.

Hojé é o Dia Internacional da Mulher e me pego assistindo, mais uma vez, “O Diabo Veste Prada” – que considero um dos filmes mais interessantes para entender um pouco como funciona os mecanismos do mundo da moda.

Tem uma cena que me toca… é quando Miranda Priestly, grande editora de moda e figura mítica no filme, fala sobre o seu divórcio e o quão duros serão os comentários dirigidos a uma mulher que dá prioridade à sua carreira ao invés da manutenção do casamento. Vivemos numa sociedade de dois pesos e duas medidas baseados em gênero e onde o peso de qualquer situação para a mulher é mais pesado.

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A indústria da moda é o setor que mais emprega mulheres na atualidade. Nesse mesmo setor, vemos que há um grande número de mulheres que exercem cargos de destaque. Temos estilistas, editoras de moda, stylists, maquiadoras, fotógrafas, dentre outras… além da influência de atrizes, cantoras, CEOS, personalidades de diversas outras posições com ou sem destaque, que lutam pelo seu lugar ao sol.

Beyoncé e as top models Jourdan Dunn, Chanel Iman e Joan Smalls mostrando o Girl Power da moda.

Beyoncé e as top models Jourdan Dunn, Chanel Iman e Joan Smalls mostrando o Girl Power da moda.

A roupa reflete muito sobre as mudanças que a sociedade sofre com o decorrer da história e as mulheres tem as mudanças mais perceptíveis. Pois quem não agradece o uso opcional do espartilho?! Uma peça de grande beleza, mas não muita prática e ergonômica para um dia de trabalho. E falando em trabalho, direito adquirido somente a partir da primeira metade do século XX ,  assim como o voto e estudo. Mas ainda convivemos com um problema muito antigo: os baixos salários pagos às mulheres comparado ao que é dado ao homem. Como se o sexo da pessoa definisse a sua capacidade física e mental.

Houve um periodo em que o espartilho era tão apertado que as mulheres tinham falta de ar e pequenos desmaios.

Houve um periodo em que o espartilho era tão apertado que as mulheres tinham falta de ar e pequenos desmaios.

E o que podemos falar do surgimento das ombreiras na década de 80 junto com a tribo dos YUPPIES, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional” ou em português “Jovem Profissional Urbano”? Um grupo de pessoas entre 20 e 40 anos de idade, com situação financeira entre a classe média e a classe alta.

Giorgio Armani e a campanha de sua marca na década de 80, as ombreiras eram um ponto importante para a auto afirmação das mulheres no mercado de trabalho.

Giorgio Armani e a campanha de sua marca na década de 80, as ombreiras eram um ponto importante para a auto afirmação das mulheres no mercado de trabalho.

As mulheres Yuppies usavam roupas que imitavam o guarda roupa masculino com lingerie por baixo. E começavam a ocupar grandes cargos em corporações, mas os salários ainda eram inferiores (houve uma melhora, mas mulheres ainda ganhavam e ganham menos que os homens). Os casacos power – com suas enormes ombreiras – eram a forma encontrada pelo sexo feminino da época ter como se impor demonstrando poder e se equiparando aos homens.

E Poderoso e atemporal Smoking de Yves Saint Laurent

E Poderoso e atemporal Smoking de Yves Saint Laurent

E assim percebemos que todas as peças e acessórios incorporados ao vestuário feminino possuem significados bem mais abrangente do que o simples vestir ou proteger o corpo.

Empoderar-se, tomar o controle ou poder para si.

Empoderar-se, tomar o controle ou poder para si.

É tempo de lutar pela igualdade, quebrar os velhos (pré) conceitos, se libertar e vislumbrar novos horizontes, empoderar-se – Esse é o tema para esse dia internacional da mulher: EMPODERAMENTO, palavra novata no vocabulário brasileiro e derivada do inglês empowerment (dar poder).

 

Beyoncé exala o empoderamento e o difundi pelo mundo.

Beyoncé exala o empoderamento e o difundi pelo mundo.

Trocando em miúdos é devolver o papel de destaque à mulher na própria vida, sem precisar ficar presa a estereótipos antigos; devolvê-las a liberdade que lhes pertence, reequilibrando assim os reais direitos e deveres. E nesse sentido tudo que te fizer poderosa serão os seus próprios elementos que não sofrerão nenhum tipo de influência dos fatores externos e que façam você mulher se sentir bem consigo mesma; tendo amor próprio e não se prendendo a uma ditadura estética ou de regras sociais que não te representam, não é?

Yes, you can do it.

Yes, you can do it.

Bons exemplos dos efeitos do empoderamento feminino e ícones de sucesso são Beyoncé e Miuccia Prada, que discorrerei um pouco sobre ambas.

Beyoncé é um dos maiores ícones da música pop da atualidade – figura engajada no movimento feminista e que busca a igualdade dos sexos, principalmente. Ano passado ela ajudou a fundar o projeto ‘Chimge for Change’ com a Gucci e a então diretora criativa, Frida Giannini e a atriz Salma Heyk. A campanha canalizou esforços para promover o bem estar social de meninas e mulheres ao redor do globo utilizando a educação, saúde e justiça.

FLAWLESS

FLAWLESS

Além disso, ela ressalta a necessidade de se criar empatia, colocar-se no lugar do outro e não se omitir da situação por não ter ligação com você. Essa semana foi aprovada no Brasil a lei contra o feminícidio, pois no Brasil a cada 12 segundos uma mulher sofre algum tipo de violência, além de serem vítimas de assassinatos pelos próprios companheiros.

POWER!

POWER!

Miuccia Prada, antes de ser estilista é PhD em ciência política, ex militante do partido comunista italiano. Suas coleções trazem sempre um protesto dos contornos que a sociedade toma com o tempo e a subversão dos preconceitos relacionados a ideia de diferenciação de gênero.

Miuccia Prada, grande criadora contemporânea e grande nome por trás da Prada.

Miuccia Prada, grande criadora contemporânea e grande nome por trás da Prada.

 

Na recente coleção de Inverno 2015, Miuccia trouxe para a passarela da Prada uma coleção em que ela dá um toque ácido aos doces tons pastéis e questiona a relação entre o real e falso para forjar um padrão de beleza, tendo uma música da Walt Disney como trilha para lembrar como a construção desses conceitos estão implantados. É nesse momento que Miuccia traz a ideia da  beleza modificada geneticamente ou por cirurgia é mais bela que a beleza natural. Será a maturidade um defeito e não a dádiva da longevidade. Será mesmo que as mulheres precisam continuar esse ciclo torturante e vicioso de beleza eterna!?

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

A coleção feminina de inverno 2016 apresentado recentemente em Milão.

Isso nos faz refletir que o tempo de lutar pela igualdade, etão minhas adoradas mulheres, a mensagem para esse dia 8 de março é: Empoderem-se, porque sim vocês podem!

No clipe do single Pretty Hurts do seu Visual Álbum Auto Intitulado BEYONCÉ. A cantora questiona os padrões e os concursos de beleza que criam uma especie de ditadura da beleza.

No clipe do single Pretty Hurts do seu Visual Álbum Auto Intitulado BEYONCÉ. A cantora questiona os padrões e os concursos de beleza que criam uma especie de ditadura da beleza.

 

http://moda.atarde.uol.com.br/?p=13611

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