Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Gucci: desfile Cruise em Londres mistura "força com delicadeza"
A última vez que a Gucci desfilou em Londres foi na Abadia de Westminster, em 2016, nos primeiros dias de lua de mel do mandato de Alessandro Michele na marca. Mas desta vez, sob a direção de Sabato de Sarno, o local não podia ser mais diferente. Da Abadia, que celebra tudo o que é tradicional na vida britânica, para a Tate Modern, que é tudo sobre novo, novo e mais novo.
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
Tratou-se de um cenário adequado para uma experiência que foi notícia. E a Gucci está mesmo a fazer manchetes. As vendas da marca podem ter vacilado nos últimos tempos, mas a marca continua a ser o grande atrativo que tem sido desde os tempos de Tom Ford.
Então, qual é a visão de De Sarno para o Cruise 2025? Falou de "dicotomias: o rigor e a extravagância fortalecem-se na delicadeza, o inglês com sotaque italiano... Os códigos de vestuário – de propriedade e de correção – são aqui subvertidos, utilizados como meio de provocação".
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
O que isto significou na prática foi uma coleção eminentemente usável, com o suficiente para se adequar a todas as gerações, desde a afluente Geração Z, que abraçou um toque de retro, transparência, embelezamento, mini vestidos e toque descontraído, até aos sedentários (ou não tão sedentários) Baby Boomers, que escolheram casacos quadrados, blusas transparentes, calças curtas ou saias finas.
A silhueta geral mostrou-se ampla e espaçosa (casacos e blusões soltos para o tempo quente, calças de ganga largas, blusões retro ou vestidos fluidos plissé não com muito vermelho); ou elegante e quadrada (impulsionado pelo casaco como peça-chave). A maior parte foi apresentada em tons frescos de sorvete combinados com os neutros da Gucci.
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
Quanto ao padrão – tudo girava em torno do motivo floral de camomila ou do xadrez. Os florais surgiram sob a forma de bordados, estampados, aplicações ou tecidos para casacos e blusões elegantes, vestidos, jeans e muito mais.
E os looks em xadrez ofereceram um surpreendente toque de movimento e brilho. O dia transformou-se em noite quando a gabardina técnica em xadrez mais nítido contrastou com as lantejoulas com franjas, também intrincadamente montadas para formar o mesmo xadrez.
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
Os acessórios, tão importantes, foram dominados por bolsas de ombro gigantes (que pareciam ter comido o bolo de crescimento da Alice no País das Maravilhas), ou pela bolsa Blondie dos anos 70 e por shoppers oversized. Entretanto, os sapatos eram universalmente planos, desde as bailarinas aos creepers.
Então, porque é que tudo isto foi mostrado em Londres, na Tate Modern em particular? Afinal, não se trata de um local inesperado (como foi a Abadia), uma vez que já acolheu desfiles da Topshop a Christopher Kane. Mas a Gucci tem uma parceria cultural com a Tate para incentivar os jovens criativos. Além disso, como é óbvio, os espaços mais modernistas e menos opulentos estão na moda neste momento.
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
Mas foi também um excelente pano de fundo para mostrar os contrastes com que Sabato de Sarno estava a trabalhar para a coleção, com o betão bruto do Turbine Hall decorado para a ocasião com vegetação viva.
E Londres? De Sarno disse nas notas do desfile: "Devo muito a esta cidade. Acolheu-me e ouviu-me. O mesmo se aplica à Gucci, cujo fundador se inspirou na sua experiência nesta cidade".
Gucci,Cruise 2025 - Photo: Sandra Halliday
Falou também da "sua força motriz criativa com a sua capacidade ilimitada de juntar contrastes, fazê-los conversar e encontrar formas de coexistir". E essa declaração também resumiu a coleção. Por isso, o que é que um londrino pode dizer mais do que "nice one, Sabato".
Helena OSORIO
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