Entre os dias 13 e 17 de janeiro, ocorreu a Semana de Moda Masculina de Milão. Os dias de evento marcaram de vez o retorno do evento ao formato presencial. A temporada outono/inverno 2023/24 teve estéticas focadas no minimalismo e no utilitarismo, que estiveram em boa parte das coleções. Gucci, Etro, Prada, JW Anderson e Fendi estão entre os principais nomes.
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Após sete anos de reinado de Alexandro Michele, ao que tudo indica, a Gucci quer esquecer o ex-diretor criativo. A primeira prova ocorreu na abertura da Semana de Moda de Milão. A grife italiana apresentou a coleção de outono/inverno 2023/24 com uma proposta que fugiu das principais características do designer.
Saem de cena as estampas extravagantes e entra o pragmatismo. A Gucci pós-Michele apresentou peças com caráter funcional e duradouro. Tudo leva a crer que seja uma tentativa de repaginação da grife, mas que também está atenta as demandas de consumo da sociedade.
A cartela de cores foi focada em tons clássicos e sóbrios. O lado vintage não foi deixado de lado, porém apresentado com um toque mais contemporâneo. As modelagens também foram um dos destaques, com peças mais amplas e plissadas.
Os acessórios foram uma prova que o homem da Gucci é clássico, mas que isso não significa ser básico. As maxibolsas, marcadas pela praticidade, foram adicionadas como um elemento que potencializava os looks.
Ainda não foi anunciado quem será o responsável por substituir Alexandro Michele. A coleção apresentada foi desenvolvida pela equipe de estilo da maison.
Daniele Venturelli/Getty ImagesAssim como a Gucci, a praticidade para o cotidiano marcou o desfile da Prada durante a Semana de Moda Masculina de Milão. A dupla responsável, Raf Simons e Miuccia Prada, buscou refletir as necessidades reais para a passarela.
A síntese da visão do duo de estilistas veio por meio de Miuccia. “Nos momentos sérios, é preciso trabalhar seriamente, fazer o trabalho, ser responsável. Não há espaço para criatividade inútil”, afirmou a designer em conversa com a imprensa ao fim do desfile.
Foi exatamente isso entregue: conforto, segurança e proteção. As peças tinham o minimalismo como foco; não teve espaço para estampas ou cores extravagantes. A clássica regata branca, que retornou aos holofotes com apoio da Prada, foi apresentada com espécie de um tecido acolchoado, mas que não a descaracterizou.
O resto da coleção é focada na alfaiataria sóbria e com caimentos clássicos. Os acessórios também entraram na onda de “menos é mais”, com pouco espaço na coleção de outono/inverno 2023/24.
Estrop/Getty ImagesA máxima da temporada foi investir no básico, mas, quando se trata de Jonathan Anderson, há um caminho divertido para se enxergar essa proposta. Em sua marca homônima, o designer apresentou uma coleção com um apanhado de peças que todo o homem deveria ter em seu guarda-roupa.
Forte concorrente da Balenciaga em produtos virais, JW Anderson entregou uma espécie de “irmã” próxima da bolsa de pombo com uma clutch idêntica a um sapo. O acessório fez companhia para a reinterpretação das galochas infantis da marca Wellipets. Os itens prometem ser um dos grandes hits irônicos da temporada.
O jeito provocativo do designer é visto também em uma camiseta costurada com um travesseiro na frente, além de calças com alças e rolos de tecido. A coleção continua com a aposta em babados e bermudas de couro; blazers e camisas menores, como camisetas alongadas, na pegada oversized, que podem ser usadas como vestidos.
Daniele Venturelli/Getty ImagesUm dos momentos mais aguardados da Semana de Moda Masculina de Milão era a estreia de Marco de Vincenzo na Etro.
O novo diretor artístico já havia mostrado a visão para grife italiana na coleção feminina em setembro do ano passado. Considerado um dos nomes expoentes dessa geração, o estilista buscou resgatar a herança têxtil da maison no novo trabalho.
A proposta começou a partir da escolha do lugar e elementos que cercaram o desfile: a coleção foi apresentada num enorme hangar cheio de rolos de tecido e amostras, que saíram diretamente dos armazéns da empresa. O jogo de contrastes foi uma das apostas do estilista, com variações entre tons e tamanhos.
Outro destaque fica para os feltros e tamancos de tecido com solas de madeira cravejadas, que prometem ser sensação entre as fashionistas. O bordado cheio de detalhes aparece em blazers, casacos e camisetas. A paleta de cores mescla tons terrosos com tonalidades mais sóbrias.
Estrop/Getty ImagesOs acessórios foram um dos destaques a parte da Semana de Moda Masculina de Milão. No caso da Fendi, levou ao pé da letra o significado da palavra “Baguette”. A grife reimaginou a clássica bolsa dos anos 1990 ao apresentá-la em formato de pão. Considerada a primeira it-bag da história da moda, a peça, carregada em baixo do braço, foi popularizada a partir da série Sex and The City.
A “bolsa pão” recebeu a fivela da Fendi, além de aparecer dentro de bolsas em formato bucket e atravessada em outros modelos, como um guarda-chuva. A marca também investiu em uma silhueta mais contemporânea e sóbria, com uma paleta focada no preto e no cinza.
Os sobretudos monogramáticos e geométricos, além de logotipos em casacos, e echarpes de caxemira grossa fizeram parte do show. A estética funcional também cercou a proposta da Fendi.
Daniele Venturelli/WireImage via Getty ImagesO sentimento que fica após a Semana de Moda Masculina de Milão, com a temporada de outono/inverno 2023/24, é de que a moda tem que servir as principais demandas da sociedade. A praticidade, o conforto e a durabilidade são necessidades emergentes dos últimos tempos.
A forma de consumo é alterada, mas isso não anula possibilidade de se divertir e provocar como fizeram a JW Anderson e a Fendi. O cronograma do evento também englobou marcas como Armani, Dolce & Gabbana, Dsquared2, Magliano e Zegna.
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