Sustentabilidade virou a palavra de ordem para a marca de roupas sueca Hennes & Mauritz, a H&M. A rede de fast fashion anunciou que vai apostar em medidas mais sustentáveis e éticas, de olho, é claro, nos consumidores, que se mostram interessados em saber a forma como as roupas são produzidas e o impacto ambiental que o processo pode causar. A ideia é impulsionar as vendas a longo prazo – algo que a empresa tem conseguido, considerando o aumento de 18% nas vendas no ano passado em relação ao anterior em suas mais de 3.600 lojas no mundo inteiro.
Entre as medidas anunciadas, a companhia se comprometeu a garantir salários justos a trabalhadores que atuam em confecções terceirizadas até 2018. Também afirmou que pretende produzir todo o algodão de forma sustentável até 2020, um avanço em relação aos 20% atuais. Além disso, a grife pretende ter maior controle da cadeia produtiva, mapeando e auditando fornecedores – dois anos atrás, a H&M foi uma das primeiras grandes empresas de varejo a divulgar uma lista de seus fornecedores.
“Transparência total é a visão”, diz a diretora de sustentabilidade da H&M Anna Gedda. Ela aponta ainda para a possibilidade de no futuro traçar toda a trajetória da peça na etiqueta, algo considerado importante para mais da metade dos consumidores, de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pelo instituto Nielsen. Anna ressalta, porém, que os custos de melhorar o padrão da produção não vão ser repassados aos clientes.
Mas as opiniões sobre as mudanças divergem. O grupo Clean Clothes Campaign, que defende o direito de trabalhadores, acusou a H&M de usar a sustentabilidade como uma jogada de marketing. “Eles não terão credibilidade se não apoiarem o discurso com ações”, afirma Carin Leffler, uma representante do grupo, que critica também o fato da H&M não quantificar o que considera ser um salário justo e diz duvidar da capacidade da empresa de alcançar a meta até 2018.
Ainda assim, um ranking da revista Corporate Knights aponta a H&M como uma das marcas mais sustentáveis do mundo. Entre as 100 empresas que aparecem na lista, ela está na 75º posição e é uma das únicas do setor de vestuário, ao lado da britânica Marks & Spencer (16º lugar) e da alemã Adidas (3º lugar). Na opinião de Anna, a companhia fará o possível para a visão da revista prevalecer. “Essa é a condição para o crescimento futuro. Nós ganhamos de volta aquilo em que investimos agora e crescemos porque permanecemos relevantes”, afirma.
Investidores
Empresas que apostam em sustentabilidade ganham atenção dos investidores, que percebem a importância do fator para as vendas e para a diminuição de riscos na produção, visto que atualmente podem haver interrupções, como protestos nas fábricas