Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Haiti busca parcerias com empresas brasileiras. O país tem posição privilegiada para atrair investimentos brasileiros, com acesso privilegiado ao mercado americano, sobretudo no setor têxtil

Madsen Chérubin, embaixador do país no Brasil, afirma que há infraestrutura, mão de obra e localização atraente para exportações

 
Haiti busca parcerias com empresas brasileiras Diego Vara/Agencia RBS
Diplomata visitou o Rio Grande do Sul nesta semana, com foco em negóciosFoto: Diego Vara / Agencia RBS

De vítimas a parceiros comerciais. É assim que os haitianos querem passar a ser vistos na relação com o Brasil. Essa mudança é uma das missões do embaixador do Haiti em Brasília, Madsen Chérubin, que visitou o Rio Grande do Sul nesta semana em busca de parcerias.

Em conversa com Zero Hora, o diplomata listou setores onde empresas brasileiras podem investir em seu país, falou sobre a onda de refugiados que chegou ao Brasil e sobre a eventual redução das tropas da ONU, lideradas pelo Brasil. Veja os principais trechos da entrevista.

Como a embaixada acompanha a onda de refugiados haitianos no Brasil?

De diferentes maneiras. Estou fazendo várias visitas aos Estados onde há comunidades de haitianos, estive em Santa Catarina, no Paraná e, agora, Rio Grande do Sul. A ideia é ver como está a comunidade haitiana para facilitar a integração. Mesmo com poucos recursos, podemos fazer a diferença, trabalhando com os governos estaduais e com entidades da sociedade civil. Estamos trabalhando também para facilitar a comunicação entre a embaixada e essas comunidades.

A onda de refugiados pegou o Brasil de surpresa. E os senhores?

O governo haitiano também foi pego de surpresa. Os haitianos começaram a vir para o Brasil depois do terremoto (de 2010, no Haiti). Como as fronteiras da Guiana Francesa estavam abertas para receber os haitianos, houve um número importante que entrou no território brasileiro. O governo brasileiro tomou uma decisão humanitária de facilitar a entrada. A cota era de cem vistos humanitários por mês, 1,2 mil ao ano, mas, a partir de abril de 2013, registramos aumento substancial. Não estávamos preparados para isso. Fazemos o possível para ajudar.

Aqui, em Porto Alegre, um grupo de haitianos comprou uma área na Zona Norte. Era um golpe. Há muitos relatos de vítimas desse tipo de problema?

Há relatos, mas não é generalizado. Há casos isolados de pessoas que se aproveitam da precariedade dos haitianos para enganá-los.

Quantos haitianos estão no Brasil hoje?

O número oficial, de dezembro, era de 50 mil a 55 mil. Desses, 20 mil chegaram com visto. Os outros chegaram pela fronteira Norte.

O que o senhor veio buscar no Estado em termos de parceria?

O governo haitiano quer mudar o paradigma das relações bilaterais com o Brasil. Não vamos eliminar a parte humanitária, mas a emergência após o terremoto já não é a prioridade. Gostaríamos de ter uma relação de negócios com o Brasil. O Haiti tem posição privilegiada para atrair investimentos brasileiros, com acesso privilegiado ao mercado americano, sobretudo no setor têxtil, ramo brasileiro que poderia ser exportado para o mercado americano sem imposto aduaneiro. A produção que temos até agora representa 15% dessa cota. Temos ainda 85% não utilizados. É uma boa oportunidade para empresas brasileiras terem acesso direto ao mercado americano, utilizando o Haiti como plataforma de produção e de exportação. Temos também acesso ao mercado europeu, por meio de acordos entre os países de África, Caribe e Ásia com UE, e acordo com o Canadá. Temos edifícios, zonas francas e mão de obra.

A falta de infraestrutura é um entrave para investimentos.

A zona franca foi construída pensando no acordo com os EUA. O projeto é anterior ao terremoto, mas inaugurado depois. Há energia e água, tudo para receber hoje mesmo investimento no setor têxtil. Tem o aeroporto internacional recém-inaugurado, que está recebendo voos regulares dos EUA.

As forças da ONU podem sair hoje do Haiti?

A Minustah (missão da ONU na qual o Brasil tem papel-chave) foi ao Haiti para ajudar a estabilizar o país. O trabalho foi feito, mas a retirada deve ser progressiva para não perder benefícios recebidos.

Quando o Haiti poderá passar sem a presença da ONU?

Não posso prever um tempo, mas isso acontece de maneira progressiva. As tropas da Minustah estão sendo reduzidas em função da segurança do Haiti e da capacidade da Polícia Nacional Haitiana de assumir. Temos 12 mil policiais, o objetivo é chegar a 15 mil.

FONTE: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/05/haiti-busca-pa...

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Parece que no Haiti não há falta d'água!

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