Antiguidade
A tecelagem e a ornamentação de tecidos é uma arte muito antiga, porém, devido aos materiais utilizados, muito difícil de ser conservada.
Os têxteis da Antiguidade podem ser identificados em fragmentos encontrados nas tumbas e, também, a partir de pinturas (como as de Pompéia) ou de marcas deixadas em argilas e em metais.
No Egito a veste mais comum parece ser a túnica e por isso ela é a referência maior em termos de têxteis. Normalmente tecida em linho, possuía adornos bordados à parte ou executados durante o tecimento, que podiam ser reaproveitados quando a veste não mais era utilizada. Também eram produzidos panos avulsos decorados que poderiam ter diversas utilidades.
É difícil determinar com exatidão a simbologia das decorações destes têxteis. Existem três períodos fundamentais e, cada um deles, pode assim ser identificado:
Período greco-romano: teria início entre o século I ou II d.C., com motivos pagãos e cores diversas, únicas ou não. Além de cenas mitológicas, representações de animais, árvores, frutas e caça.
Período de transição: durante os séculos V e VI d.C., quando fica evidente certa deterioração dos têxteis. Os motivos pagãos prevalecem, mas entram em cena os primeiros motivos cristãos, como a cruz egípcia, o monograma de Cristo e as letras Alfa e Omega.
Período copto: A partir do século VI d.C., quando os motivos pagãos são substituídos pelos cristãos. Cenas da Bíblia, imagens de santos, inscrições em copto. A partir deste mesmo século também teve início o trabalho na seda e a aplicação de estampas (que já era praticada desde o século I d.C.) com o uso de técnica similar ao batique.
Outra importante fibra utilizada na Antiguidade foi a seda, especialmente em Constantinopla, capital do Império Bizantino.
Muito embora a arte e a técnica fosse praticada antes do século IV d.C., teria sido a partir do momento em que os monges trouxeram da China o bicho-da-seda, em 552, que foi possível ampliar este trabalho.
Os desenhos desenvolvidos eram muito semelhantes aos persas, pois ambas as civilizações utilizaram-se do tear manual e de fios coloridos para a elaboração dos motivos. Os desenhos simétricos, por questão de técnica, eram os mais comuns e, normalmente, eram representados seres humanos, animais, plantas, inscrições e objetos inanimados.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993.
Idade Média I
Os tecidos adornados espalharam-se pela Europa pelo menos desde o século VI d.C. Por serem muito apreciados, acabaram por despertar interesse de desenvolvimento, ampliando os pontos de produção.
No século X, por exemplo, a cidade de Almeria (sul da Espanha) tornou-se o maior centro produtor de tecidos de seda da Europa, produzindo desenhos que mantinham relação com a tradição muçulmana e, também, cristã.
No território que atualmente denominamos Itália a indústria da seda também desenvolveu-se na Idade Média a partir de influência oriental e grega, por contar com a mão-de-obra de artesãos que chegaram de Tebas. Essa produção era predominantemente destinada à Corte, para a qual se produziam tecidos muito luxuosos e em quantidades menores. Os tecidos de seda italiano tiveram sua produção aumentada e ampliada para os tecidos decorativos apenas a partir do século XV, quando esse tipo de atividade também espalhou-se por outros reinos.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993.
Idade Média II
Durante o Renascimento, a produção de tecidos de seda italianos cresceu muito e, de certa maneira, sua expansão tem relação com a crise que a produção de lã e sua manufatura sofreu ao longo do século XV.
A produção de lã no período destinava-se à produção de tecidos mais simples, para a confecção de roupas do dia-a-dia. O desenho não era muito importante e, normalmente os tecidos eram tingidos com corantes naturais, seu único beneficiamento.
O desenvolvimento dos tecidos de seda foi promovido, principalmente, pelos bons negócios que se faziam em seu entorno, em especial com a exportação. Tentou-se, de algumas maneiras, limitar seu uso às camadas mais nobres, mas devido à alta produção, a maioria da população tinha acesso a ela.
Nota-se, no período, que cada localidade começa a diferencial pelo desenho os seus próprios tecidos. O uso de fios dourados e prateados, os damascos, o veludo e o tafetá eram muito abrangentes na Itália de maneira geral, formando desenhos como plantas e animais mais "naturais" que os anteriormente desenvolvidos. Foram utilizados, também, florais como a granada e o acanto para a decoração dos tecidos estampados ou tecidos e bordados com fios de diferentes texturas.
Na Inglaterra desenvolveram-se durante o mesmo período algumas espécies de bordado e outra, muito especial, denominada Opus Anglicanum. Já eram produzidos desde o século VII mas foi a partir do século XI que passaram a transitar pela Europa, quando foram produzidos para presentear nobres de diferentes localidades. Os borados em geral foram muito utilizados para as vestes religiosas.
Também as tapeçarias, que normalmente representavam cenas e episódios importantes, foram produzidas em grande quantidade e passaram a fazer parte da decoração do ambiente da nobreza do período. Ainda que mais tarde tenham se tornado muito valorizadas, durante a Idade Média não eram consideradas têxteis especiais.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993.
Idade Moderna
A produção de tecidos na Europa e também na América (sobretudo nos Estados Unidos), teve grande crescimento a partir de 1550. As causas não são únicas mas, as mais apontadas, referem-se ao desenvolvimento tecnológico de equipamentos de tecimento e beneficiamento; ao aumento da demanda por populações que foram urbanizando-se e socializando-se cada vez mais e, também, à influência que chegou do Oriente por meio de tecidos muito decorados.
É fato, também, que a informação sobre os têxteis nesse período também é maior, pois existem fontes documentais mais precisas, como obras de arte, documentos familiares (como espólios), livros etc. Isso, por si só, traz à luz mais tecidos e detalhes a serem apreciados.
A indústria têxtil foi muito importante na economia européia entre os séculos XIV e XVIII. Responsável por empregar uma grande parcela dos habitantes das grandes cidades, seu rumo, por vezes, esteve determinado por leis que gerenciavam que tipos de tecidos podiam ou não ser produzidos ou comercializados nos territórios.
A indústria têxtil também foi beneficiada pela sua associação ao design, isto é, a ação de um projetista sobre os produtos, agregava valor aos tecidos e promovia lucros incríveis. Essa característica fez com que estilos de desenho de superfícies fossem aperfeiçoados e demarcados, não só para o vestuário mas, também, para a decoração de interiores.
A seda, a lã e o linho europeus finamente decorados passaram a dividir mercado com as sedas e algodões finamente estampadas que chegaram do Oriente. Essa importação transformou a indústria européia em virtude da demanda que os tecidos indianos tinham, dando origens a leis protecionistas que procuravam diminuir o prejuízo das indústrias de lã inglesas e francesas.
É ao longo deste período, também, que grandes avanços técnicos de produção e de acabamento marcam a indústria têxtil. O aumento da produção acompanhado por uma qualidade que ia distinguindo-se dos produtos anteriormente produzidos pelos sistemas artesanais, fizeram da indústria têxtil um dos mais importantes segmentos da Revolução Industrial (1780-1880).
O algodão foi a fibra de mais destaque nesse período, já que sua produção estava incrementada pelas fibras que chegavam da América e, também, das informações de moda que se disseminavam e pregavam os estampados como o tecido em voga. O desenvolvimento da indústria química aliado às tecnologias de impressão mecânicas, permitiram à população em geral acesso aos têxteis finamente decorados pelo método da estamparia.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993.
A Revolução Industrial
Não só no campo da indústria têxtil, mas em grande parte das indústrias que substituíram a mão-de-obra artesanal na passagem do século XVIII para o século XIX, a mecanização interferiu diretamente no design dos produtos.
No caso dos têxteis, ficou evidente que o desenvolvimento técnico liderado pela Inglaterra, concentrou os esforços dos industriais no sentido de aprimorar a produção e a qualidade técnica dos variados tecidos, sem que os mesmos esforços fossem aplicados no campo do design. Assim, de forma breve, é possível afirmar que os excessos promovidos pela industrialização deram origem a uma "crise do design" e, quando percebidos, foram sanados com ações que incluíram a educação do governo sobre as indústrias e a população em geral, para que se produzisse e se valorizasse o bom design.
Iniciadas na Inglaterra por Henry Cole, mais tarde o primeiro diretor do Museu de Artes Decorativas de Kensington (atual Victoria & Albert Museum), as ações governamentais calcaram-se no estudo da relação entre técnica e estética, apoiadas em estudos de filosofia da estética. Esse momento propiciou o surgimento de pensadores sobre o design que, além de tratar destas questões também o debateram no campo social. Merecem destaque os nomes de William Morris, Mackmurdo e, mais tarde, Arthur Liberty, um dos responsáveis pela introdução e valorização da estética oriental nos tecidos de moda e decoração, quando encomendou de designer ingleses desenhos para seus têxteis.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993
O modernismo
As vanguardas artísticas do século XX também influenciaram a produção de desenhos para os tecidos. O pós-impressionismo, o expressionismo e o cubismo foram estéticas presentes nos tecidos produzidos no circuito europeu e também americano, cuja indústria têxtil merece destaque.
As Exposições de Artes Decorativas foram o lugar onde estas criações eram apresentadas e sua importância decorre não só dos desenhos, mas também das técnicas envolvidas na produção dos tecidos, como o batique e a serigrafia. Há uma relação direta entre o chamado "artista plástico" ou pintor, e o designer das artes decorativas, quando os papéis misturam-se e nomes como Sonia Delaunay, Henri Matisse e Picasso, por exemplo, têm seus nomes atrelados às artes plásticas e às decorativas.
A influência da arquitetura no desenho dos tecidos e das roupas também invadiram a estética dos têxteis e, talvez, o caso da Bauhaus possa ser citado como um dos mais relevantes. Na escola, a oficina de tecelagem comandada por Gunta Stolz, trouxe ao debate não só as questões estéticas mas, também, das propriedades materiais dos tecidos e a sua funcionalidade, assim como ocorria com a arquitetura.
A partir dos anos 1930 a indústria de tecidos norte-americana torna-se muito importante no cenário mundial, sendo responsável não só por discutir questões relativas aos "desenhos" mas, principalmente, às tecnologias da indústria têxtil. O desenvolvimento de novas fibras sintéticas e de novas tecnologias de acabamento de tecidos, propriciaram a criação de tecidos com finalidades e propriedades diveras das anteriores, ampliando ainda mais o mercado de têxteis.
Bibliografia:
GINZBURG, Madeleine. La historia de los textiles. Madrid: LIBSA, 1993.
Profa. Ms. Luz García NeiraTags:
Apenas para conhecimento , para quem evidentemente não conhece, segue link também da Toyota, que possui uma história interessante, e que até ha pouco tempo atrás eu não conhecia : http://www.toyota-industries.com/corporateinfo/history/
Abraços
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Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
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